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Senhor do Bonfim

A devoção ao Senhor do Bonfim foi introduzida no Brasil no século XVIII. Hoje, é conhecida pelas tradições da lavagem da escadaria da igreja e pelas fitas do Senhor do Bonfim.
A Igreja do Bonfim foi construída no século XVIII quando uma réplica da imagem do Senhor do Bonfim foi trazida de Setúbal, em Portugal, para Salvador.
A Igreja do Bonfim foi construída no século XVIII quando uma réplica da imagem do Senhor do Bonfim foi trazida de Setúbal, em Portugal, para Salvador.

Senhor do Bonfim é uma representação de Jesus Cristo que é alvo de intensa devoção no catolicismo. O culto ao Senhor do Bonfim é semelhante ao que acontece com a Virgem Maria, que recebe devoção sob diferentes nomes. O Senhor do Bonfim é devotado por meio da imagem de Jesus crucificado.

Como o culto ao Senhor do Bonfim foi trazido ao Brasil?

O culto ao Senhor do Bonfim foi trazido ao Brasil no século XVIII. O responsável por introduzi-lo no país foi o capitão de mar e guerra da Marinha portuguesa Theodósio Rodrigues de Faria. O capitão português, que era dono de navios negreiros, havia feito uma promessa: caso sobrevivesse a uma tempestade marítima, traria para o Brasil imagens do Senhor do Bonfim e da Nossa Senhora da Guia.

Quando a imagem do Senhor do Bonfim foi trazida a Salvador, Theodósio e outros devotos esforçaram-se para criar uma irmandade oficial que teria como objetivo promover a devoção cultural ao Senhor do Bonfim. Além disso, teria como função cuidar do templo e da festa religiosa. No entanto, nunca tiveram aprovação para criar tal irmandade.

Uma vez introduzido no Brasil, o culto ao Senhor do Bonfim tornou-se muito popular na cidade de Salvador. Com o tempo, novas tradições foram sendo acrescentadas à devoção – como as fitas e a lavagem das escadas. O Senhor do Bonfim é considerado o padroeiro não oficial da capital baiana, cujo padroeiro oficial é São Francisco Xavier.

Acesse também: Saiba mais sobre a origem da comemoração de Corpus Christi.

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Quando foi fundada a Igreja do Bonfim?

Com a promessa feita, Theodósio trouxe uma réplica, que media mais de um metro, da imagem do Senhor do Bonfim, que estava em Setúbal, Portugal. A partir da chegada da réplica ao Brasil em 18 de abril de 1745, iniciou-se a construção de um templo para recebê-la. Enquanto a obra não ficava pronta, a imagem do Senhor do Bonfim foi depositada na Capela da Penha, local no qual Theodósio e outros portugueses criaram uma devoção para o Senhor do Bonfim.

A Igreja do Senhor do Bonfim só ficou pronta em junho de 1754. Muitos historiadores falam que Theodósio teve parte fundamental na construção da igreja, já outros afirmam que seu papel foi apenas secundário. De toda forma, uma vez finalizada a construção da igreja, foi realizada, em 24 de junho de 1754, uma série de festejos com a transferência da imagem da Capela da Penha para a Colina do Bonfim.

Quando a fita passou a fazer parte da devoção do Senhor do Bonfim?

As fitas do Senhor do Bonfim surgiram no século XIX e são um amuleto da devoção.
As fitas do Senhor do Bonfim surgiram no século XIX e são um amuleto da devoção.

A fita do Senhor do Bonfim é um amuleto bastante conhecido da festa do Senhor do Bonfim. Segundo a tradição religiosa, a fita é colocada no pulso de uma pessoa e deve conter um nó para cada pedido feito silenciosamente (em geral, as pessoas fazem três pedidos). A crença popular diz que esses desejos serão atendidos quando a fitinha se romper.

A fita começou a ser utilizada na festa do Senhor do Bonfim em 1809 por conta de uma ideia do tesoureiro da devoção, chamado Manoel Antônio da Silva Servo. A intenção de Manoel era realizar a venda dessa fita para auxiliar na arrecadação de dinheiro para a devoção.

Inicialmente, as fitas recebiam o nome de “medidas”, eram feitas de algodão, tinham até 50 centímetros de comprimento e eram utilizadas de diversas formas. Com o tempo, a fita tornou-se um amuleto, e sua industrialização fez com que o produto utilizado na produção mudasse, bem como o tamanho das fitas. Atualmente, as fitas também têm uma forte relação com o sincretismo religioso, uma vez que suas cores podem ter associações com orixás oriundos de religiões de matriz africana.

Qual é a origem da Lavagem do Bonfim?

A respeito da lavagem, não existe uma precisão de quando essa tradição foi iniciada. Sabe-se que a lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim começou em algum momento do século XIX. Alguns falam que essa tradição foi iniciada por um português que havia sobrevivido à Guerra do Paraguai. Outros falam que esse costume foi criado por um devoto de Oxalá, um orixá do candomblé.

Outra hipótese afirma ainda que a lavagem das escadarias surgiu quando a dança de São Gonçalo, outro santo do catolicismo, passou a ser realizada na Igreja do Bonfim. Pouco antes da dança, as organizadoras lavavam a igreja e espalhavam areia e folhas de laranjeira pelo chão, uma prática semelhante à que era realizada aos orixás.

As autoridades da igreja católica em Salvador tentaram coibir a prática da lavagem, mas a tradição resistiu e, hoje, é uma das partes mais conhecidas da devoção ao Senhor do Bonfim. Essa prática é também uma demonstração clara do sincretismo religioso do catolicismo com o candomblé em Salvador.

Acesse também: Conheça algumas simpatias amorosas que são realizadas para São João

Quando é realizada a Festa do Bonfim?

A lavagem da escadaria do Bonfim acontece na quinta-feira que antecede o segundo domingo após o Dia de Reis (6 de janeiro). A partir daí, as festividades relacionadas ao Senhor do Bonfim estendem-se até o domingo. A festa é tão tradicional e importante para a cultura popular brasileira que, em 2013, foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), ganhando o título de Patrimônio Imaterial do Brasil. A Igreja do Bonfim, por sua vez, foi tombada pelo Iphan em 1938.

Publicado por Daniel Neves Silva

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