Revolução Russa

A Revolução Russa foi um processo revolucionário que aconteceu na Rússia, sendo o responsável por transformar esse país no primeiro país socialista da história da humanidade. Esse evento se deu quando os bolcheviques realizaram um levante armado, chegando ao poder no que ficou conhecida como Revolução de Outubro.
A ascensão dos bolcheviques ao poder tem relação direta com a situação da Rússia no começo do século XX. O país possuía uma sociedade profundamente desigual, com um governo aristocrático e autoritário, e ainda sofria as consequências da Primeira Guerra Mundial. O grande líder dos bolcheviques nesse processo foi Vladimir Lenin.
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Resumo sobre a Revolução Russa
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A Revolução Russa foi o processo revolucionário responsável por transformar a Rússia em uma nação socialista, em 1917.
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A Rússia era governada por Nicolau II, representante da dinastia do Romanov e czar da monarquia absolutista conhecida como czarismo.
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A Rússia era um país economicamente atrasado, com uma sociedade desigual e um governo autoritário.
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O Partido Operário Social-Democrata Russo se estabeleceu como opção, possuindo dois grupos internos: bolcheviques e mencheviques.
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A Revolução Russa é dividida em duas fases: Revolução de Fevereiro e Revolução de Outubro.
Videoaula sobre a Revolução Russa
Antecedentes da Revolução Russa
No começo do século XX, a Rússia possuía vários entraves, além de ser um país que estava bastante atrasado no processo de industrialização em relação a outras nações europeias. O país ainda dependia excessivamente da agricultura, possuindo apenas dois grandes polos industriais: Moscou e São Petersburgo.
Além disso, a desigualdade social existente na Rússia era gigantesca e o país possuía uma sociedade profundamente estratificada. A sociedade russa possuía como principais grupos a nobreza, em geral proprietários de terra; o clero, os membros da Igreja Ortodoxa; camponeses; e operários. Essa desigualdade social era percebida na condição dessas classes, pois as duas primeiras eram privilegiadas, mantendo uma vida luxuosa, enquanto camponeses e operários vivam em uma condição de pobreza significativa.
No aspecto político, a Rússia era governada por uma monarquia absolutista que recebeu o nome de czarismo. A autoridade máxima na Rússia era o czar, título correspondente ao de imperador, e o país possuía a mesma dinastia no poder desde 1613: a dinastia dos Romanov. Essa dinastia era conhecida por seu autoritarismo, perseguindo opositores e mantendo o status quo do país, marcado pela desigualdade social, atraso tecnológico e pobreza.
Mencheviques e bolcheviques
Na virada do século XIX para o XX, o czar da Rússia era Nicolau II. A monarquia absolutista dos czares era questionada por muitos grupos da sociedade russa, e uma parcela significativa desses opositores era formada por socialistas, social-democratas, comunistas, anarquistas, entre outros. Todos eles sofriam com a repressão czarista que atuava, principalmente, pelo envio de opositores para as gulags.
Nesse contexto, um dos principais focos de oposição ao czarismo na Rússia era o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Esse partido foi fundado em 1898, reunindo vários grupos revolucionários que atuavam na Rússia, e os principais objetivos eram derrubar o czarismo e estabelecer o socialismo na Rússia.
Em 1903, o POSDR organizou um congresso em Londres, e esse evento ficou marcado por ter gerado um racha enorme no partido. Surgiram dois grupos que possuíam propostas distintas para o cenário político da Rússia. Esses grupos receberam o nome de mencheviques (minoria) e bolcheviques (maioria).
Os bolcheviques defendiam o caminho revolucionário para o socialismo chegar ao poder. Isso permitiria a implantação da ditadura do proletariado para que o socialismo se consolidasse no país e o comunismo fosse estabelecido no momento certo. O líder desse grupo era Vladimir Lenin.
Já os mencheviques afirmavam que a Rússia não estava pronta para a implantação do socialismo e não acreditavam na via revolucionária. Defendiam que o capitalismo russo deveria se desenvolver e, a partir disso, realizar algumas reformas que combatessem a desigualdade e os grandes entraves da sociedade russa. Eram liderados por Julius Martov.
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Quais as causas da Revolução Russa?
A grande causa para que a Revolução Russa acontecesse foi a insatisfação com a situação do país e a forma que ele era governado pelos czaristas. O atraso do país na economia, a desigualdade social e a pobreza que grande parte do país vivia e o autoritarismo do czar Nicolau II acabaram sendo fatores que alimentaram a oposição ao regime.
Outros eventos, como o Domingo Sangrento, contribuíram para tornar o czar e o seu regime impopulares, dando forças para que o POSDR conquistasse apoio e espaço no cenário político russo.

Quais as fases da Revolução Russa?
A Revolução Russa foi dividida em duas fases, com dois importantes momentos acontecendo em fevereiro e outubro de 1917.
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Revolução de Fevereiro
A situação da Rússia se agravou consideravelmente ao longo do começo do século XX. O envolvimento do país em conflitos, como a Guerra Russo-Japonesa e a Primeira Guerra Mundial, afetaram profundamente o país, aumentando o sofrimento da população mais pobre, sobretudo pela falta de alimentos que atingiu o país.
Na Primeira Guerra Mundial, a Rússia aliou-se com França e Reino Unido, sendo parte da Tríplice Aliança. O envolvimento russo no conflito foi desastroso. O país acumulou derrotas, perdeu territórios para a Alemanha e aumentou o sofrimento de sua população, pois passou a enfrentar uma severa crise econômica.
A guerra era impopular, e isso fez com que a população se tornasse extremamente insatisfeita com o czarismo. Em fevereiro de 1917, trabalhadores invadiram a Duma, o que resultou na formação de um novo governo na Rússia. Os soldados de Nicolau II haviam abandonado os seus postos e se juntado ao povo, fazendo o czar abdicar do trono.
Com a abdicação do czar foi formado o Governo Provisório, liderado primeiro por Georgy Lvov e depois Aleksandr Kerensky na posição de primeiro-ministro. O Governo Provisório, no entanto, não retirou a Rússia da guerra, o que manteve a população russa insatisfeita. Com o novo governo, Lenin retornou à Rússia para dar força ao processo revolucionário.
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Revolução de Outubro
Durante o Governo Provisório, Lenin liderou o esforço bolchevique para chegar ao poder russo. Lenin exigia a saída da Rússia da guerra e defendia o lema “pão, paz e terra”, alegando serem essas as grandes necessidades do povo russo. A agitação social era grande, e os bolcheviques fortaleceram-se, permitindo que eles pudessem tomar o poder.
Em outubro de 1917, os bolcheviques invadiram o Palácio de Inverno e assumiram os principais prédios governamentais da Rússia. O líder do Governo Provisório, Aleksandr Kerensky, fugiu, e os bolcheviques tiveram caminho livre para assumir o poder. Com isso, os bolcheviques chegaram ao poder e Lenin tornou-se governante do país.
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Consequências da Revolução Russa
A Revolução Russa é um dos acontecimentos mais importantes do século XX, pois alterou radicalmente o curso desse século. Uma das primeiras consequências desse acontecimento foi o fortalecimento do socialismo enquanto alternativa ideológica no planeta. O resultado disso foi a consolidação de grupos socialistas em diversas partes do planeta e o surgimento de outros governos socialistas ao longo do século XX.
Esse fortalecimento do socialismo acabou contribuindo para o início da Guerra Fria, por exemplo, e a polarização do mundo em capitalismo e socialismo. No contexto russo, algumas das consequências da revolução foram:
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saída da guerra por meio do Tratado Brest-Litovsk;
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nacionalização das terras e das indústrias;
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reforma agrária;
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guerra civil.
FONTES
FREEZE, Gregory L. (org.). História da Rússia. Lisboa: Edições 70, 2017.
GILBERT, Martin. A História do Século XX. São Paulo: Planeta, 2016.
HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. 1941-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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