História da América
A história da América se iniciou há mais de 15 mil anos, quando os primeiros seres humanos chegaram por aqui, espalhando-se por todo o continente. Ao longo de milhares de anos, diversos povos pré-colombianos surgiram na América. Esses povos praticavam a agricultura, o que permitiu a sedentarização de muitos deles e a ascensão de diversas civilizações americanas.
Em 12 de outubro de 1492, a expedição de Cristóvão Colombo chegou à América, iniciando o processo europeu de conquista dos povos indígenas e de colonização. Os impérios Inca e Asteca foram conquistados pelos espanhóis. Diversos outros países europeus passaram a fundar colônias na América, entre eles Portugal, Inglaterra e França. Foi ainda no século XVI, em homenagem ao navegante Américo Vespúcio, que o continente passou a ser chamado de América.
No século XVIII, com a chegada do iluminismo à América, diversos movimentos emancipacionistas eclodiram. Em 1776, os Estados Unidos declararam sua independência da Inglaterra, tornando-se o primeiro país americano independente. Negros e pardos haitianos lideraram o processo que levou à independência do país e à abolição da escravidão em seu território.
As Guerras Napoleônicas e as conquistas de Portugal e Espanha enfraqueceram o sistema colonial na América Latina, que iniciou seu processo de independência em 1810. Desse processo fez parte o Brasil, que se tornou independente em 1822. A história da América, marcada por conquistas, exploração e violência, deixou consequências nos seus diversos países, muitas delas perduram ainda hoje.
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Resumo sobre a história da América
- A história da América se iniciou por volta de 15 mil anos, quando os primeiros seres humanos chegaram ao continente, de acordo com a maioria dos pesquisadores.
- Na América, os povos pré-colombianos desenvolveram a agricultura, a escrita, a metalurgia, a matemática, entre diversos outros conhecimentos.
- Diversas civilizações existiram no período pré-colombiano, como maias, astecas, incas, toltecas.
- Na época da conquista europeia, os maiores impérios da América eram o Inca e o Asteca.
- A conquista da América foi marcada por grande violência e pelo extermínio de milhões de indígenas.
- Na América, as principais atividades econômicas desenvolvidas pelos europeus foram a mineração e agropecuária. A principal mão de obra utilizada na colonização foi a escravizada.
- Espanha, França, Inglaterra e Portugal foram os países que colonizaram os maiores territórios na América.
- Inspirados nas ideais iluministas, os colonos das Treze Colônias Inglesas iniciaram a Guerra de Independência contra a Inglaterra.
- As Guerras Napoleônicas criaram condições para que os países da América espanhola e portuguesa iniciassem seus processos de independência.
- Na América do Sul, Simón Bolívar e San Martin foram os principais líderes, e ficaram conhecidos como “os libertadores da América”.
- A conquista europeia, a colonização e as guerras de independência deixaram consequências na América que ainda perduram.
Como foi o descobrimento da América?
Em 12 de outubro de 1942, Cristóvão Colombo chegou à América, e, por muito tempo, esse fato foi chamado de “descobrimento da América”. Entretanto, na época da chegada de Colombo, existiam na América milhões de habitantes, dois grandes impérios, o Asteca e o Inca, e milhares de povos indígenas, que tinham variados modos de vida. Por esse motivo, não utilizamos mais o termo “descobrimento” da América e sim “conquista”, “invasão”, “chegada”, entre outros.
Os primeiros humanos chegaram ao continente americano por volta de 15 mil anos atrás, via Estreito de Bering, e passaram a povoar o continente de norte ao sul. Diversos achados arqueológicos corroboram essa teoria, como o esqueleto mais antigo descoberto em nosso continente, chamado pelos arqueólogos de Eva de Naharon, mulher que viveu no México há cerca de 13,6 mil anos.
Na América, os seres humanos desenvolveram diversas sociedades, com as mais diferentes formas de organização política e econômica, com diferentes línguas e culturas. Por volta do ano 1000, navegantes vikings chegaram à América do Norte e construíram algumas aldeias, como a de L’Anse Aux Meaddows, cujas ruínas foram descobertas por arqueólogos na década de 1960. Os vikings permaneceram na América por cerca de um século e, por motivos ainda não conhecidos, deixaram o nosso continente.
América na era pré-colombiana
Os povos que chegaram à América via Estreito de Bering eram caçadores-coletores e nômades. Há cerca de nove mil anos, a agricultura passou a ser praticada na América, sobretudo nos Andes e na América Central. Nesses locais, diversos alimentos passaram a ser cultivados, como milho, batata, quinoa, abacate, cacau, entre diversos outros.
A agricultura provocou a sedentarização de diversos povos, e muitos deles se tornaram civilizações, com diversas cidades, redes de estradas e comércio entre elas. No século XV, época da chegada dos europeus aqui, dois grandes impérios estavam em expansão na América, o Império Inca, na América do Sul, e o Império Asteca, na Mesoamérica.
Os incas formaram o maior império da América Pré-Colombiana, controlando terras que iam do Equador até o Chile e Argentina. Os incas criaram uma complexa rede de estradas no seu império por onde seus mensageiros, os chasquis, levavam informações registradas em seus quipus.
Os astecas, também chamados de mexicas, edificaram a maior cidade da América Pré-Colombiana, Tenochtitlán, que chegou a ter cerca de 200 mil habitantes. Os astecas aperfeiçoaram o sistema de escrita herdado de outros povos, como olmecas e maias, também desenvolveram complexos calendários e se destacavam no estudo da matemática e astronomia.
No Brasil pré-colombiano, existiram milhares de povos que tinham uma infinidade de modos de vida e que falavam milhares de línguas diferentes. Alguns povos do território brasileiro praticavam a agricultura, sobretudo do milho e da mandioca, e outros eram caçadores-coletores.
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Como foi a colonização da América
→ Colonização da América do Norte
Pelo Tratado de Tordesilhas, a América do Norte era propriedade da Espanha, mas esta concentrou sua colonização na América Central e na América do Sul. No início do século XVII, os franceses iniciaram a colonização do Quebec, no atual Canadá. No mesmo período, os ingleses passaram a povoar a região nordeste do que são hoje os Estados Unidos. Os ingleses também passaram a povoar a Baía de Hudson, que hoje faz parte do Canadá.
O povoamento inglês na América do Norte deu origem às Treze Colônias, mas estas não foram colonizadas de forma homogênea. Nas colônias do Norte, predominou a colonização de povoamento, onde famílias europeias, muitas delas puritanas fugindo das perseguições religiosas no continente de origem, praticavam uma agricultura de subsistência, baseada em minifúndios e na mão de obra livre. Já nas colônias do Sul, predominou o sistema de plantation, caracterizado pelos latifúndios, monocultura de exportação e mão de obra escravizada.
A conquista do México e sua colonização couberam aos espanhóis. Em 1519, Hernán Cortez partiu com sua expedição do litoral atlântico do atual México rumo à Tenochtitlán, capital do Império Asteca. Nessa cidade, Cortez enganou os astecas e capturou seu imperador, Montezuma II, fazendo-o prisioneiro em seu palácio. O local foi cercado pelos astecas, e os espanhóis, após diversas perdas, conseguiram fugir de Tenochtitlán. Cortez recebeu reforços, aliou-se a povos indígenas que eram inimigos dos astecas, e atacou novamente a capital asteca, dessa vez conquistando a vitória.
→ Colonização da América Central
Cristóvão Colombo e sua expedição chegaram à América Central, no Caribe, em 12 de outubro de 1492, iniciando a colonização espanhola na região. Santa Maria, uma das embarcações de Colombo, afundou no Caribe, impossibilitando que todos os homens voltassem para a Espanha.
Colombo realizou então uma aliança com o cacique dos taínos, Guacanagarí. Pela aliança, Colombo se comprometeu a defender os taínos, que habitavam o litoral da ilha Hispaniola (hoje Haiti e República Dominicana), dos seus inimigos, que habitavam o interior e eram liderados por Caonabo.
Por sua vez, os taínos se comprometeram a proteger os espanhóis, que ficariam em um forte de madeira até a chegada de uma nova expedição espanhola. Colombo nomeou o forte de La Navidad.
Colombo deixou 40 homens em Hispaniola, retornando para a Espanha, onde foi recebido com pompas pelos monarcas. Colombo retornou à La Navidad em 1493 e encontrou todos os espanhóis mortos, e atribuiu o fato aos taínos, iniciando a conquista e o extermínio desse povo. O método utilizado contra os taínos seria replicado, com pequenas variações, por todos os povos europeus que conquistaram a América.
Os espanhóis possuíam armas de fogo, como arcabuzes e canhões, bem como espadas de aço, armaduras e cavalaria, elementos que lhes davam vantagens nos campos de batalha. Eles também se aliaram com inimigos dos taínos, o que facilitou a conquista.
No entanto, foram as doenças trazidas pelos europeus, como a gripe e a varíola, que causaram grande mortandade entre os indígenas. Cerca de 30 décadas após a conquista de Hispaniola, os taínos foram dizimados nesse local.
Na América Central, os espanhóis utilizaram as mesmas estratégias de conquista contra os maias e outros povos da América Central Continental. Apesar da violência, muitos maias conseguiram sobreviver nas florestas, onde, ainda hoje, mantêm parte da sua cultura viva.
Por volta de 1630, os franceses passaram a colonizar a parte ocidental de Hispaniola, que atualmente é o Haiti, país de língua francesa. Os holandeses colonizaram as Ilhas Caraíbas, no Caribe. Já os ingleses colonizaram Jamaica, Bahamas, Barbados e outras ilhas do Caribe. A América Central teve uma economia colonial baseada nos plantations e na mão de obra escravizada, inicialmente indígena e posteriormente africana.
→ Colonização da América do Sul
Na América do Sul, os espanhóis encontraram o maior império pré-colombiano, o Inca. Quando o comandante espanhol Francisco Pizarro iniciou a conquista do Império Inca, este havia encerrado, havia pouco, uma guerra civil que enfraqueceu seu exército e desorganizou politicamente o império.
Pizarro utilizou a mesma estratégia de Cortez contra os astecas, dissimilando um encontro pacífico, capturando o imperador e fazendo-o refém. Um alto resgate em ouro e prata foi exigido para que o imperador inca, Atahualpa, fosse libertado. O resgate foi pago, mas o imperador acabou sendo executado. Em poucos anos, as principais cidades do Império Inca estavam sob controle espanhol.
Na região espanhola da América do Sul, a economia girou em torno da agricultura (via sistema de plantation, com mão de obra escravizada), da mineração e da pecuária. Na costa atlântica, os portugueses iniciaram a colonização, de fato, no início da década de 1530, quando viram seus domínios ameaçados por outros países, sobretudo a França.
Inicialmente os portugueses escolheram a produção de cana-de-açúcar como atividade principal. Os engenhos necessitavam de grandes áreas para o cultivo da cana, o que acirrou os conflitos entre indígenas e colonos. Muitos indígenas foram exterminados, outros, escravizados. Ainda no século XVI, a mão de obra africana se tornou a principal nos engenhos do Brasil.
No final do século XVII, foram descobertas minas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, o que deu início ao ciclo do ouro. A colonização se interiorizou e houve aumento demográfico na colônia. Ainda no Período Colonial, o café passou a ser um produto importante na economia da colônia.
Como aconteceu a descolonização da América?
→ Descolonização da América do Norte
Na América do Norte, ocorreram três processos diferentes de descolonização no final dos períodos coloniais no México, nos Estados Unidos e no Canadá. Nos Estados Unidos, primeiro país a se tornar independente na América, houve na verdade um processo de aprofundamento da colonização, o que levou os colonos a optarem pela independência.
Durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), os colonos norte-americanos lutaram ao lado dos ingleses contra os franceses. Contudo, após o conflito, tentando recuperar seu caixa, a Inglaterra aumentou os impostos e o controle sobre os Estados Unidos, o que levou à Guerra de Independência e a descolonização.
No Canadá, o processo de descolonização foi lento e durou até o século XX. Em 1º de julho de 1867, foi formada uma federação, composta por Canadá, Novo Brunswick e Nova Escócia, que tornou esses territórios relativamente independentes da Inglaterra, a qual, ainda assim, controlaria o Ministério das Relações Exteriores por mais de meio século.
No México, a colonização espanhola dividiu a sociedade em distintos estamentos sociais, nos quais os espanhóis de nascimento, conhecidos como chapetones, ocupavam os altos cargos administrativos. A colonização criou enormes desigualdades no México, e foram as classes mais baixas, como indígenas, escravos e mestiços, que iniciaram a luta pela descolonização. O processo de independência passou a ser liderado pelas elites mexicanas, que acabaram implementando seu projeto de Estado.
→ Descolonização da América Central
Na América Central, o primeiro país a iniciar sua luta pela descolonização foi o Haiti, colônia francesa no Caribe e que tinha a maior parte da sua população formada por escravizados. Inspirados pelos ideais iluministas, pela luta pela independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa, foram os escravizados que lideraram o processo de descolonização.
Na América Central Continental, em 1823, foi formada a República Federal das Províncias Unidas da América Central, composta por Honduras, El Salvador, Nicarágua, Guatemala e Costa Rica. A nova república se declarou independente da Espanha e perdurou até 1839, quando seus países-membros se separaram.
→ Descolonização da América do Sul
Na América do Sul, o processo de descolonização esteve intimamente ligado às Guerras Napoleônicas. Em 1807, o exército napoleônico invadiu a Espanha, e Napoleão coroou seu irmão, José Bonaparte, para governar o país no seu lugar. Na América Espanhola, a elite criolla formou juntas governativas, que passaram a governar seus territórios durante o domínio francês na Espanha, e as taxas e os impostos devidos à metrópole pararam de ser cobrados.
Após a expulsão dos franceses, Fernando VII voltou a governar a Espanha e tentou recolonizar a América Espanhola, o que não foi aceito pela elite criolla e pelas classes populares, iniciando as guerras de independência.
Na América Portuguesa, a família real e sua corte fugiram das tropas napoleônicas e vieram para o Brasil, chegando aqui em 1808. No Brasil, Dom João VI afrouxou o pacto colonial e tornou o Brasil Reino Unido de Portugal e Algarves. Em 1820, com a Revolução do Porto, as Cortes portuguesas tentaram recolonizar o Brasil, gerando revolta e o início do processo de independência.
Independência da América
→ Independência da América do Norte
Com o fim da Guerra dos Sete anos, a Inglaterra passou a aumentar o controle e os impostos nas suas Treze Colônias no Atlântico. Em meados da década de 1760, foram criadas a Lei do Selo, a Lei do Açúcar, a Lei da Moeda e a Lei de Aquartelamento, todas geraram protestos entre os colonos americanos.
Em 1773, o Parlamento inglês aprovou a Lei do Chá, garantindo o monopólio do comércio de chá com as Treze Colônias para a British East Indian Company. Em 16 de dezembro, os colonos fizeram a Festa do Chá de Boston, quando invadiram navios da companhia inglesa e jogaram no mar sua carga de chá.
Em represália à Festa do Chá, o Parlamento inglês aprovou um conjunto de leis que obrigavam, por exemplo, os colonos a indenizarem os britânicos e o fechamento do porto de Boston. Diversas outras leis desse conjunto revoltaram os habitantes das Treze Colônias, que as chamaram de Leis Intoleráveis.
Representantes das Treze Colônias se reuniram em 1774, no Primeiro Congresso da Filadélfia. Nele os colonos realizaram diversas reivindicações ao Rei George III e ao Parlamento inglês, a maioria delas não foi atendida. No ano seguinte, tropas britânicas foram enviadas aos EUA para desarmar seus colonos, que decidiram lutar contra os ingleses.
Em 1776, foi realizado o Segundo Congresso da Filadélfia, nele as Treze Colônias decidiram pela independência, assinando a declaração de independência no dia 4 de julho de 1776. A guerra contra os ingleses só se encerrou em 1783, com a vitória dos colonos.
O processo de independência do Canadá foi longo e relativamente pacífico. Em 1867, o Parlamento inglês aprovou os Atos da América do Norte Britânica, que entraram em vigor em 1º de julho, data na qual atualmente é comemorada pelos canadenses a sua independência.
Os atos criaram o domínio federal do Canadá, a sua Câmara dos Comuns, e o seu sistema de justiça e de cobrança de impostos. Na prática, a população do Canadá passou a ter seu próprio governo, mas sua política externa ainda era controlada pela Inglaterra.
A Liga das Nações foi fundada após o fim da Primeira Guerra Mundial, e o Canadá passou a ser um dos membros dela de forma independente do Reino Unido. Em 1931, o Parlamento inglês aprovou o Estatuto de Westminster, no qual reconheceu a soberania do Parlamento canadense sobre o inglês.
A luta pela independência do México começou com o Grito de Dolores, quando o padre Miguel Hidalgo y Costilla soou o sino da Paróquia de Dolores e conclamou a população local a lutar pela independência do México, até então Vice-Reino de Nova Espanha. No início, a luta foi liderada por sacerdotes da Igreja Católica e teve forte apelo popular. Aos poucos, tornou-se uma luta republicana, sob a liderança do exército mexicano.
Por fim, Agustín de Iturbide se tornou o líder do movimento, e, um ano após a vitória sobre os espanhóis, em 1822, tornou-se monarca mexicano. A monarquia mexicana durou menos de um ano e foi substituída por uma república.
→ Independência da América Central
A independência dos Estados Unidos, o iluminismo, os ideários da Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas influenciaram diretamente na independência dos países da América Central. Em 1821, com a independência do México, a maior parte da América Central passou fazer parte do Império do México. Em 1823, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Guatemala e Costa Rica fundaram a República Federal das Províncias Unidas da América Central, que se declarou independente da Espanha e do México.
Durante toda a sua existência, a República Federal das Províncias Unidas foi marcada por atrito entre liberais, que defendiam o federalismo, e conservadores, que defendiam o poder centralizado. Em 1838, a Nicarágua declarou sua independência das Repúblicas Unidas; no ano seguinte, os demais países fizeram o mesmo.
No Haiti, a população negra iniciou a luta pela independência e pela abolição em 1791. O processo de independência do Haiti, também chamado de Revolução Haitiana, foi marcado pela violência dos ex-escravizados contra seus senhores. Em 1804, o Haiti se tornou independente da França, tornando-se o único país onde a independência foi liderada por escravizados e forros.
Cuba se manteve como colônia espanhola até o fim da década de 1890, quando o movimento pela independência ganhou força sob a liderança de José Martí. As tropas cubanas receberam apoio de tropas dos Estados Unidos, que entraram no conflito no contexto da Doutrina Monroe. Em 1898, os espanhóis foram derrotados, e Cuba se tornou independente.
Em 1901, Cuba e Estados Unidos assinaram a Emenda Platt, por ela o país caribenho entregou parte de seu território aos norte-americanos, ficou impedido de se aliar a outro país e permitiu que os Estados Unidos intervissem no país quando achasse necessário. Na prática, Cuba se tornou um protetorado dos EUA com a Emenda Platt.
→ Independência da América do Sul
A independência da América do Sul se relacionou diretamente às Guerras Napoleônicas, sobretudo com a conquista da Península Ibérica pela França. Nas colônias espanholas da América do Sul, as elites criollas criaram as juntas governativas, nas quais os antigos cabildos passaram a governar os vice-reinos e capitanias durante o período no qual a Espanha era governada por José Bonaparte.
Com a guerra na Europa, o controle espanhol na América se afrouxou, e as juntas governativas contaram com grande autonomia política. Com a queda de Napoleão e o retorno de Fernando VII ao trono espanhol, houve a tentativa espanhola de ampliar o controle nas suas colônias americanas, o que levou à revolta dos colonos.
Na independência dos países de língua espanhola na América do Sul, dois líderes criollos foram importantes, Simón Bolívar e San Martín. O primeiro participou do processo de independência da Venezuela, da Colômbia, do Peru, do Equador e da Bolívia, e o segundo, da Argentina, do Chile e do Peru.
Em 1808, fugindo das tropas de Napoleão, a família real portuguesa desembarcou no Rio de Janeiro, e nosso país passou por diversas transformações, como a abertura dos portos às nações amigas, a criação do Banco do Brasil, a criação de manufaturas, entre diversas outras medidas que afrouxaram o pacto colonial.
Em Portugal, em 1820, ocorreu a Revolução do Porto, na qual foi estabelecida uma monarquia constitucional e as Cortes, o Parlamento português, passaram a governar. As Cortes exigiram que Dom João VI, que estava no Brasil, retornasse a Portugal e jurasse a nova Constituição, o que foi feito pelo rei.
As Cortes pretendiam que o Brasil fosse recolonizado por Portugal, o que causou grande revolta, sobretudo na elite brasileira. Essa elite passou a apoiar a independência brasileira de Portugal e a coroação de Dom Pedro I como monarca do Brasil. Em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I se recusou a retornar para Portugal, desafiando as Cortes no que ficou conhecido como o Dia do Fico. Em 7 de setembro do mesmo ano, em São Paulo, o príncipe português declarou a independência do Brasil.
Consequências da colonização da América
A primeira consequência da colonização da América foi o extermínio de milhões de indígenas pela violência praticada pelos europeus ou pelas doenças trazidas por estes à América. A varíola, por exemplo, é considerada uma das doenças mais mortais da história e foi responsável por grande mortandade entre os povos indígenas.
Após a conquista, os europeus passaram a explorar economicamente a América por meio do extrativismo e da produção agropecuária. A base da economia da América, sobretudo da América Latina, foi composta pelo latifúndio, a monocultura de exportação e o uso da mão de obra escravizada. Essas características e as leis restritivas atrasaram a industrialização da América e tornaram as economias dos novos países, com exceção dos Estados Unidos, agroexportadoras.
Saiba mais: Independência da América Espanhola — principais acontecimentos
Exercícios resolvidos sobre a história da América
1 - (Unesp) Todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar esses direitos, entre os homens se instituem governos, que derivam seus justos poderes do consentimento dos governados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a destruir essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la, e instituir um novo governo, assentando seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus poderes de tal forma que a ele pareça ter maior probabilidade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade.
(Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776). In: Harold Syrett (org.). Documentos históricos dos Estados Unidos, 1988.)
O documento expõe o vínculo da luta pela independência das Treze Colônias com os princípios:
a) liberais, que defendem a necessidade de impor regras rígidas de protecionismo fiscal. b) mercantilistas, que determinam os interesses de expansão do comércio externo.
c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e de rebelião contra governos tirânicos.
d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a lutarem pela própria salvação.
e) católicos, que justificam a ação humana apenas em função da vontade e do direito divinos.
Alternativa C
O processo de independência dos Estados Unidos e dos demais países da América foi inspirado pelas ideias iluministas.
2 - (Fuvest) “Neste território não poderá haver escravos. A servidão foi abolida para sempre. Todos os homens nascem, vivem e morrem livres...”; “Todo homem, qualquer que seja sua cor, pode ser admitido em qualquer emprego”. Artigos 3 e 4 da Constituição do Haiti, assinada por Toussaint L’Ouverture, 1801.
Lendo o texto acima e associando-o ao processo de independência das Américas Espanhola e Francesa, é possível concluir que:
a) como no Haiti, em todos os demais movimentos houve uma preocupação dominante com as aspirações populares.
b) a independência do Haiti foi um caso especial nas Américas, pois foi liderada por negros e mulatos.
c) na mesma década da independência do Haiti, as demais colônias do Caribe alcançaram a libertação.
d) o movimento de independência do Haiti foi inspirado pelo modelo dos Estados Unidos.
e) a independência do Haiti foi concedida por Napoleão Bonaparte, com base nos princípios liberais.
Alternativa B
O Haiti foi o único país do mundo onde escravizados e libertos, negros e mulatos, lideraram o processo revolucionário.
Fontes
KARNAL, L. História dos Estados Unidos: da origem aos dias atuais. Editora Contexto, São Paulo, 2007.
PEREGALLI, E. A América que os europeus encontraram. Editora Atual, São Paulo, 2019.
PRADO, M. L. História da América Latina. Editora Contexto, São Paulo, 2014.