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Mulheres na Comuna de Paris, 1871

Foi de extrema importância a participação das mulheres na Comuna de Paris, lutando nas barricadas contra o inimigo que pretendia invadir a cidade.
Gravura de Frédréric Lix (1830-1897) que retrata uma reunião do Clube das Mulheres durante a Comuna de Paris
Gravura de Frédréric Lix (1830-1897) que retrata uma reunião do Clube das Mulheres durante a Comuna de Paris

A Comuna de Paris foi a realização de um governo popular, também chamado de República Social, que vigorou na capital francesa por pouco mais de dois meses, entre 18 de março e 28 de maio de 1871. Além de sua importância para o movimento operário internacional, destacou-se a ampla participação das mulheres.

Antes mesmo da constituição da Comuna de Paris em 18 de março de 1871, as mulheres da capital francesa envolveram-se na defesa da cidade frente à ameaça de invasão por parte das tropas prussianas que a cercavam. Muitas delas participaram ativamente do Comitê Central Republicano de Defesa Nacional dos Vinte Distritos de Paris, auxiliando também na mobilização da própria Guarda Nacional.

Quando Adolphe Thiers ordenou que as tropas de seu governo, localizado em Versalhes, invadissem a capital francesa para a retirada dos canhões e das peças de artilharia que estavam em poder da Guarda Nacional, foram as mulheres que deram o alarme aos batalhões que defendiam a capital francesa e colocaram-se entre as tropas. Com isso, evitaram o confronto e auxiliaram na confraternização, fato que marcaria o início da Comuna de Paris, em 18 de março de 1871.

É possível perceber tal ação na descrição feita por Louise Michel, uma das mais destacadas participantes da Comuna:

“Eu desci do monte, com a minha espingarda sob o casaco, gritando: Traição! Nós pensávamos morrer pela liberdade. Nos sentíamos como se nossos pés não tocassem o chão. Se morrêssemos, Paris haveria se erguido. De repente, vi minha mãe perto de mim e eu senti uma terrível ansiedade, inquieta, tinha chegado, e todas as mulheres estavam lá. Interpondo-se entre nós e os militares, as mulheres lançaram-se sobre os canhões e metralhadoras, os soldados permaneceram imóveis. A revolução estava feita.” [1]

Louise Michel com o uniforme dos communards
Louise Michel com o uniforme dos communards

As mulheres atuaram em várias frentes de trabalho durante a Comuna de Paris ou mesmo nas barricadas e no socorro aos feridos. Muitas mulheres lutaram de armas em punho, como soldadas, e com uniforme da Guarda Nacional para enfrentar as tropas prussianas e francesas que tentavam recuperar a capital francesa.

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Foi criado ainda um Comitê Central da União das Mulheres que, entre diversas funções, auxiliou na Comissão de Trabalho e Trocas, organizando ainda o trabalho das mulheres de Paris na União das Câmaras Sindicais Federativas de Trabalhadoras. Da ação das mulheres resultaram ainda refeitórios públicos, escolas, um serviço permanente de ambulâncias, a criação de jornais dedicados às mulheres, além da fundação de clubes com o objetivo de realizar agitações políticas e debates sobre a situação que vivenciavam na capital da França.

Entre as realizações da Comuna de Paris, devem ser destacadas a proclamação da igualdade civil entre homens e mulheres e a proibição da prostituição. A igualdade entre homens e mulheres era um grande avanço social, já que anteriormente vigorava o Código Civil Napoleônico, através do qual a mulher era mantida submissa socialmente aos homens, antes e depois do casamento.

Durante a “Semana Sangrenta”, entre 22 e 28 de maio de 1871, muitas mulheres que estavam à frente dos Comitês, clubes e demais organizações reforçaram as barricadas que ainda resistiam às investidas dos soldados ligados a Versalhes e dos prussianos. Muitas delas morreram em combate ou mesmo executadas. Outras ainda foram presas, julgadas e muitas foram deportadas.

Entretanto, na prisão ainda mantinham o espírito revolucionário e de contestação da ordem que as oprimia. Evocando mais uma vez Louise Michel, é possível saber que muitas presas não aceitavam a caridade das mulheres burguesas, adeptas do governo de Versalhes, que se dirigiam às prisões, por elas “emporcalharem a Comuna”.

Notas

[1] Retirado de texto de Andrea D'atri para a Conferência: A participação das mulheres na Comuna de Paris, realizada no Evento Nacional "140 anos da Comuna de Paris" - organizado pela Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó (Santa Catarina, Brasil). Disponível aqui. Acessado em 28-01-2014.

Publicado por Tales dos Santos Pinto
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