Transplante de fezes
Nos últimos séculos, os avanços na área da medicina foram impressionantes. O que há muitos anos parecia impossível, hoje, já é realidade, como os transplantes de variados órgãos e tecidos. Os avanços nessa área foram tão surpreendentes que hoje é possível, até mesmo, realizar um transplante de fezes.
Apesar de pouco comum, o transplante de fezes é realizado por algumas pessoas e é uma alternativa para o tratamento de alguns tipos de diarreias persistentes. Conheça a seguir um pouco mais sobre esse processo nada convencional.
→ O transplante de fezes ou transplante de microbiota fecal
O transplante de fezes, também conhecido como transplante de microbiota fecal, é um processo que visa ao restabelecimento do equilíbrio da flora bacteriana. Realizado há mais de um século em cavalos, a técnica foi feita em humanos apenas em 1958, mas o procedimento não foi aceito de maneira satisfatória por toda a comunidade médica.
Em 2013, o transplante de fezes passou a receber um novo olhar após uma publicação no "The New England Journal of Medicine". O estudo avaliou o tratamento com transplante de fezes e chegou à conclusão de que o procedimento realmente é benéfico, o que sugere que tabus devem ser evitados em nome da saúde do paciente.
O transplante de fezes realizado no estudo tinha por objetivo controlar uma diarreia provocada pela bactéria Clostridium difficile, que causa uma doença denominada de colite pseudomembranosa. Normalmente essa bactéria é tratada com medicamentos como metronidazol e/ou vancomicina, entretanto, o tratamento é pouco eficaz e frequentemente pacientes relatam a volta da diarreia. Por essa razão, os acometidos ficam constantemente tratando o problema, que retorna de tempos em tempos. Após o transplante de fezes, os cientistas perceberam que ocorreu o reequilíbrio da flora intestinal de alguns pacientes e o resultado foi mais eficiente do que o tratamento convencional.
→ Como é realizado o transplante de fezes?
Para realizar o transplante de fezes, é necessário encontrar primeiramente um doador saudável, que pode ou não ser membro da família. O doador deve ter seu sistema imunológico em perfeito estado, não fazer uso de drogas, não possuir doenças contagiosas e não ter feito uso de antibióticos nos últimos meses.
Após a escolha do doador, as fezes devem ser preparadas em laboratório para que possam ser inseridas no paciente. Antes de serem colocadas, elas são homogenizadas com uma solução salina e só então são colocadas por meio de uma sonda pelo nariz até o intestino ou então por processos de colonoscopia ou enema.