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Fidel Castro

Fidel Castro, um dos grandes nomes do século XX e um dos líderes da Revolução Cubana, governou Cuba por quase 50 anos. Nascido em uma família rica e dona de muitas terras, seguiu o caminho da revolução armada na década de 1950, quando Fulgêncio Batista assumiu o poder em Cuba por meio de um golpe.

Fidel tomou o poder de Cuba por intermédio de um movimento formado por guerrilheiros. Em 1959 ele se estabeleceu como primeiro-ministro. Sofreu intensa oposição dos Estados Unidos e, para manter seu governo de pé, aliou-se com a União Soviética. Problemas de saúde levaram ao seu afastamento da política em 2008.

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Primeiros anos

Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu no dia 13 de agosto de 1926, em Birán, um pequeno povoado que surgiu aos arredores das plantações de cana-de-açúcar de Ángel Castro y Argiz, o seu pai. Ángel Castro era um espanhol que se estabeleceu em Cuba depois de ter sido enviado para lá em 1898, durante a Guerra Hispano-Americana.

Casa onde Fidel Castro nasceu em Birán, no ano de 1926. O local atualmente é um museu.
Casa onde Fidel Castro nasceu em Birán, no ano de 1926. O local atualmente é um museu.

O pai de Fidel Castro tinha começado a trabalhar na United Fruit Company e, com o tempo, conseguiu dinheiro suficiente para montar a própria empresa para trabalhar com o plantio de cana-de-açúcar. Essa atividade fez de Ángel um homem rico e detentor de mais de onze mil hectares de terra|1|.

Fidel foi fruto de uma relação extraconjugal que Ángel teve como Lina Ruz González, mulher que era empregada doméstica na residência em que Ángel morava com María Luísa Argota, sua primeira esposa. O status informal da relação de Ángel e Lina fez com que Fidel Castro só fosse devidamente registrado em 1935, nove anos depois do seu nascimento.

Fidel Castro teve seis irmãos da relação de Ángel e Lina: Angelita, Ramón, Raúl, Juanita, Emma e Augustina. Fidel foi o terceiro dos sete filhos do casal. A partir dos seis anos, ele foi enviado para Santiago de Cuba para poder iniciar sua vida estudantil. Nessa cidade ele estudou no Colégio La Salle e no Colégio Dolores.

Terminou sua formação básica estudando em um colégio jesuítico conhecido por possuir uma educação rígida e um público muito exclusivo: somente as famílias mais ricas de Cuba tinham condições de enviar seus filhos para estudar nesse colégio.

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Formação revolucionária

Em 1945 Fidel Castro iniciou sua trajetória universitária, matriculando-se no curso de Direito da Universidade de Havana. Na universidade, iniciou sua formação revolucionária, sendo introduzido a ideias que até então não conhecia e aproximando-se da política cubana. Seu envolvimento com a militância estudantil fez dele uma pessoa bastante conhecida na universidade.

Na universidade, ele abraçou ideais nacionalistas, organizou um periódico para publicação de artigos e tornou-se delegado da Federação de Estudantes Universitários. Ele também se filiou ao Partido do Povo Cubano, um partido levemente progressista com tendências nacionalistas|1|.

No período universitário, ele também se aproximou da Legião do Caribe, um grupo de revolucionários que lutava para a derrubada de regimes autoritários na América Central e no Caribe. Um dos primeiros alvos do grupo foi o ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo. O grupo, do qual Fidel fazia parte, tentou invadir a República Dominicana, mas fracassou.

Ele também se envolveu em protestos de rua em Bogotá durante uma viagem à Colômbia e teve de se abrigar na embaixada cubana para não ser preso. A partir de 1949 ele retomou seus estudos como prioridade e finalizou o curso de Direito em 1950. A partir daí ele montou um pequeno escritório de advocacia, trabalhando em causas de pessoas pobres, e aproximou-se mais da política.

Em 1952, decidiu lançar-se como candidato a deputado no Congresso cubano, mas um golpe militar liderado por Fulgêncio Batista (e apoiado pelos Estados Unidos) fez com que a eleição fosse cancelada. Fidel Castro entrou na Justiça contra Batista por conta do golpe (que era uma violação da Constituição cubana), mas o sistema judiciário do país não aceitou a denúncia. Ele então decidiu lutar contra o ditador a partir da revolta armada.

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Ataque ao Quartel Moncada

Fidel Castro tornou-se líder de um movimento rebelde contra a ditadura de Fulgência Batista. Esse grupo adquiriu armas e preparou-se para atacar Moncada, um quartel do exército que ficava em Santiago de Cuba. Fidel, que contava com a companhia do seu irmão Raúl Castro, liderava um grupo de 160 homens.

Quartel Moncada, localizado em Santiago de Cuba, foi alvo de um ataque liderado por Fidel Castro em 26 de julho de 1953.
Quartel Moncada, localizado em Santiago de Cuba, foi alvo de um ataque liderado por Fidel Castro em 26 de julho de 1953.

A missão era invadir o quartel para tomar posse das armas de lá e usá-lo como ponto de partida para iniciar uma resistência em grande escala contra o governo de Fulgêncio. A inexperiência do grupo liderado por Fidel fez com que o ataque, realizado em 26 de julho de 1953, fosse um fracasso. Durante a tentativa de fuga, Fidel foi capturado e preso.

Ele foi levado a julgamento em sessões que aconteceram em 21 de setembro e 16 de outubro de 1953. Nas duas sessões, realizou a sua própria defesa, afinal ele era formado em Direito e conhecedor das leis cubanas. No último julgamento, ele imortalizou a frase: “condenem-me, não importa, a história me absolverá”|2|.

Fidel Castro foi condenado a 15 anos de prisão, mas ficou apenas cerca de 2 anos na cadeia, porque, em 1955, o governo de Fulgêncio Batista decidiu dar anistia a todos os presos políticos do país. Fidel Castro e outros companheiros foram libertados em 15 de maio de 1955. Ele então inaugurou o Movimento Revolucionário 26 de Julho e partiu para o México.

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Revolução Cubana

No México, Fidel Castro reuniu-se com Raúl Castro e outros cubanos que se opunham ao governo de Fulgêncio Batista. Foi nesse período que conheceu Che Guevara, argentino que tinha fugido da Guatemala depois que um golpe militar derrubou o governo de Jacobo Arbenz. Che Guevara recebeu o convite de Fidel para participar da luta contra Batista e aderiu ao MR 26-7.

Em solo mexicano, a organização do movimento contou com o apoio de cubanos que estavam em Cuba e nos Estados Unidos. Dezenas de homens juntaram-se ao movimento liderado por Fidel, e a travessia em direção à Cuba foi realizada depois que foi adquirido o iate Granma. Essa travessia enfrentou diversos problemas e, chegando em Cuba, foi alvo de uma emboscada.

Fidel Castro liderou a Revolução Cubana e tornou-se primeiro-ministro de Cuba em fevereiro de 1959.[1]
Fidel Castro liderou a Revolução Cubana e tornou-se primeiro-ministro de Cuba em fevereiro de 1959.[1]

O iate Granma chegou em Cuba muito atrasado em relação ao que tinha sido planejado. Isso causou um desencontro entre os rebeldes que estavam à espera de Fidel. Ao chegaram à ilha caribenha, esconderam-se em uma região pantanosa, mas foram localizados por tropas do exército cubano. O confronto foi desastroso para o grupo de Fidel. A maioria dos 82 homens foram presos ou mortos.

Fidel, Raúl e Che Guevara estavam entre os homens que conseguiram sobreviver, e esses sobreviventes decidiram instalar-se em Sierra Maestra, uma região montanhosa e de difícil acesso. Para sobreviver, contaram com a ajuda de camponeses da região. Desse local, formou-se uma guerrilha de poucos homens e que enfrentou o governo de Fulgêncio Batista ao longo de dois anos.

No final de 1958, a situação estava irremediavelmente favorável a Fidel Castro e aos guerrilheiros. Os rebeldes eram apoiados pela população do campo e das cidades e, embora as tropas do governo fossem numericamente maiores, o moral estava alto do lado dos rebeldes. Em 1º de janeiro de 1959, Fulgêncio Batista decidiu fugir de Cuba, indo em direção à República Dominicana.

Fidel Castro só entrou em Havana, a capital de Cuba, no dia 8 de janeiro de 1959, sendo recebido por uma multidão empolgada. Discursou em sua chegada e logo foi dado início ao processo de remontagem do novo governo cubano. De imediato, ele se tornou comandante militar de Havana, mas logo assumiu o poder de Cuba.

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50 anos no poder

Fidel Castro foi o governante de Cuba por 49 anos e, de 1959 a 2008, esteve ou como primeiro-ministro, ou como presidente do país. Em fevereiro de 1959, assumiu como primeiro-ministro e foi esse o primeiro sinal de alerta para os interesses norte-americanos. O governo dos EUA não estava satisfeito com a derrubada da ditadura de Fulgêncio, sua aliada.

Fidel Castro permaneceu no poder por quase 50 anos e renunciou à presidência em 2008 por estar com a saúde debilitada.[2]
Fidel Castro permaneceu no poder por quase 50 anos e renunciou à presidência em 2008 por estar com a saúde debilitada.[2]

A posse de Fidel Castro e os julgamentos realizados em seguida contra os apoiadores de Fulgêncio Batista também irritaram os Estados Unidos. Depois que foi emitida a lei da reforma agrária, em que os grandes latifúndios do país seriam desfeitos e as terras seriam distribuídas aos camponeses, a relação entre os dois países ficou muito ruim. Essa lei prejudicava os interesses de empresas norte-americanas instaladas em Cuba.

Os Estados Unidos deram início a planos de sabotagem contra o governo cubano, inclusive no campo econômico. A resposta de Fidel foi a de promover a nacionalização da economia cubana, expulsando todas as empresas norte-americanas do país. À medida que os Estados Unidos afastavam Cuba, ela se aproximava da União Soviética.

Em janeiro de 1961, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba. Em abril, um ataque contrarrevolucionário, apoiado pela inteligência norte-americana, foi realizado na Baía dos Porcos, mas fracassou. Cuba foi isolada política e economicamente quando os americanos decidiram impor um embargo contra Cuba. Até 1991, o grande parceiro econômico de Cuba foi a União Soviética.

Fidel Castro ficou no poder até 2008, quando os problemas de saúde fizeram com que ele renunciasse em 19 de fevereiro. Foi primeiro-ministro até 1976 e presidente a partir desse ano até 2008. Acumulou críticas e elogios e viu seu país sofrer com o isolamento.

Durante os anos em que esteve no poder, ele foi acusado de implantar uma ditadura que perseguia opositores e silenciava a oposição. Por outro lado, recebeu elogios por conseguir implantar um dos melhores sistemas de saúde e de educação do mundo. Ao longo dos 49 anos no poder, seguiu sendo um inimigo público dos Estados Unidos e sobreviveu a mais de 600 tentativas de assassinato elaboradas pela CIA.

Últimos anos

Como mencionado, Fidel aposentou-se da política em 2008 por sua saúde debilitada e, daí em diante, as suas aparições públicas foram cada vez mais raras. O anúncio de sua morte aconteceu no dia 25 de novembro de 2016, e o corpo do ex-líder cubano foi cremado. De 2008 a 2018, o poder de Cuba esteve nas mãos de seu irmão, Raúl Castro.

Notas

|1| LORENZATO, Rodolfo. Dossiê Fidel Castro. São Paulo: Universo dos Livros, 2008.

|2| RODAS, Sérgio. Advogado especialista em autodefesa, cubano Fidel Castro morre aos 90 anos. Para acessar, clique aqui.

Créditos das imagens

[1] emkaplin e Shutterstock

[2] Rob Crandall e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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