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União Soviética

A União Soviética, formada em 1922 após a Guerra Civil Russa, foi uma nação que existiu até 1991, quando foi dissolvida. Chamada de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), era uma nação socialista que surgiu como resultado direto da Revolução Russa de 1917. A formação da URSS foi resultado da consolidação do poder dos bolcheviques sobre o território do antigo império russo.

Foi formada por 15 nações, que conquistaram sua independência depois que a união foi dissolvida e reuniram-se no que ficou conhecido como Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Por ser a primeira nação socialista da história, a URSS foi o símbolo dessa ideologia em todo o mundo e ocupou a posição de potência durante a Guerra Fria.

O fim da União Soviética foi resultado da má administração do país por seus governos autoritários e corruptos. Ao final da década de 1970, a crise econômica que se instalou nela levou o país à crise política até a sua dissolução, com a renúncia de Gorbachev, em dezembro de 1991.

Países que formaram a União Soviética

A União Soviética foi formada em 1922, logo após a vitória dos bolcheviques na Guerra Civil Russa (1918-1921).
A União Soviética foi formada em 1922, logo após a vitória dos bolcheviques na Guerra Civil Russa (1918-1921).

Como dissemos, a URSS era uma nação que agrupou 15 diferentes nações em apenas um território. Com a sua dissolução, essas nações conquistaram a sua independência. A lista delas é a seguinte:

  • Rússia

  • Ucrânia

  • Belarus

  • Estônia

  • Letônia

  • Lituânia

  • Armênia

  • Geórgia

  • Moldávia

  • Azerbaijão

  • Cazaquistão

  • Tadjiquistão

  • Quirguistão

  • Turcomenistão

  • Uzbequistão

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Algumas dessas nações foram anexadas ao território posteriormente, como o caso das nações bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia), cuja anexação ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. A maior nação soviética é a Rússia, país que herdou o legado soviético e ainda hoje lida com a existência de inúmeros movimentos de autodeterminação em seu território.

Como se formou a União Soviética?

A formação da URSS é um acontecimento que pode ser entendido como resultado direto dos grandes acontecimentos que o país viveu no começo do século XX. Destacam-se aqui a Revolução de Outubro (1917) e a Guerra Civil Russa (1918-1921).

A Revolução Russa de 1917 é marcada pela ascensão dos bolcheviques ao poder da Rússia em outubro do ano citado. Nesse acontecimento, os bolcheviques tomaram a capital do país e assumiram o poder nacional. O Governo Provisório (que havia destituído o czarismo) foi destituído, e Vladimir Lenin tornou-se governante.

Algumas mudanças começaram a ser implementadas na Rússia, mas a ascensão dos bolcheviques gerou uma reação contrarrevolucionária que resultou na Guerra Civil Russa, ocorrida entre 1918 e 1921. Esse conflito ampliou a destruição do país, deixando a economia em ruínas e milhares de mortos, seja de fome, seja pelos combates.

Após essa guerra, os bolcheviques conseguiram consolidar seu poder sobre o interior do território russo e o socialismo foi implantado. A imposição desse poder sobre todo o território permitiu que os soviéticos unificassem-no e fundassem a União Soviética, já no final de 1922.

Estátua do Czar Nicolau II como símbolo da queda do czarismo na Rússia em 1917.
Estátua do Czar Nicolau II como símbolo da queda do czarismo na Rússia em 1917.

 

Morte de Lênin

Lênin assumiu o poder da Rússia já em 1917 e esteve oficialmente no poder da União Soviética até 1924. Nesse período, esse líder impôs o comunismo de guerra (conjunto de práticas governamentais do país no correr da guerra civil) e, depois da guerra, impôs a Nova Política Econômica (NEP). Esse plano econômico visava a abertura temporária do país para o capital privado como forma de recuperar a economia soviética.

No entanto, a posição de Lenin começou a enfraquecer a partir de 1922, por conta de seus problemas de saúde. De 1922 até 1924, ele sofreu vários AVCs, e isso o forçou a afastar-se do poder. Foi iniciada então uma intensa disputa que mobilizou diversos nomes do Partido Comunista.

Josef Stalin, Leon Trotsky, Grigori Zinoviev e Lev Kamenev disputaram o poder da União Soviética, com o georgiano Stalin prevalecendo e, em 1924, assumindo o comando. Alguns historiadores, porém, defendam a ideia de que Stalin só se tornou governante, de fato, a partir de 1927, quando os outros três nomes foram expulsos do partido.

Stalinismo

A ascensão de Stalin ao poder marcou o início de um regime extremamente autoritário, enxergado pela maioria dos historiadores como totalitário. Stalin implantou um governo baseado no culto a sua personalidade e na censura e instalou no país uma paranoia a respeito dos “inimigos da nação”.

O país foi industrializado à força, a partir dos chamados Planos Quinquenais, mas essa industrialização custou caro em certos locais. Opositores e pessoas que tivessem divergências mínimas com o governo de Stalin eram presos e enviados para campos de trabalho forçados e conhecidos como gulags. Nesses locais eram fuzilados ou trabalhavam até a morte.

A paranoia de Stalin fez com que seus adversários no partido fossem perseguidos e mortos. Leon Trotsky, por exemplo, foi expulso da União Soviética em 1929, e, exilado no México, foi morto por um espião soviético em 1940. Nikolai Bukharin, que apoiou Stalin na disputa pelo poder na década de 1920, foi executado a mando do ditador.

O governo stalinista também provocou uma crise de fome na região da Ucrânia durante o período de coletivização das fazendas. Isso aconteceu na década de 1930, com o governo anunciando que os camponeses deveriam trabalhar nas terras tomadas pelo Estado e entregar-lhe toda a produção, gerando uma crise tão grave que milhares de pessoas na Ucrânia morreram de fome.

Acesse também: Kremlin — a história de um dos grandes símbolos russos

  • Segunda Guerra Mundial

Tropas alemães bombardeando a cidade de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.[1]
Tropas alemães bombardeando a cidade de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.[1]

A participação soviética na Segunda Guerra Mundial foi um capítulo importante do governo stalinista. Pouco antes da guerra, o governo soviético assinou um acordo de não agressão com os alemães, mas, em 1941, o território soviético foi invadido por tropas nazistas. Stalin sabia que essa possibilidade era real, mas preferiu ignorar os avisos dos espiões do país.

A guerra contra os nazistas foi cruel, e os historiadores reforçam que a desumanidade nos combates entre alemães e soviéticos não foi vista em outras partes da Europa. Antes de lutar contra os alemães, os soviéticos lutaram contra os japoneses, em Khalkhin Gol, e contra os finlandeses, na Guerra de Inverno.

A luta contra os nazistas resultou na morte de aproximadamente 20 milhões de pessoas no território soviético. Grandes cenários de batalha formaram-se em locais como Leningrado, onde os nazistas cercaram a cidade e deixaram-na morrer de fome. A capital, Moscou, quase foi invadida, e os alemães quase conquistaram Stalingrado, local da maior batalha de toda a guerra.

Depois de Stalingrado, os soviéticos iniciaram a retomada e começaram a empurrar as tropas nazistas de volta pra Alemanha. Na marcha soviética até Berlim, eles ocuparam todos os lugares que conquistavam e implantaram neles o regime socialista. Na última batalha, em Berlim, os soviéticos derrotaram definitivamente os nazistas.

Acesse também: Massacre de Babi Yar — a história desse grande massacre nazista realizado na Ucrânia soviética

Guerra Fria

O protagonismo do país na Segunda Guerra alçou a URSS à posição de potência mundial, e o país tornou-se, junto dos EUA, a nação mais poderosa do planeta. O poder econômico e militar dos soviéticos era gigantesco, e o país assumiu a liderança do bloco comunista que surgiu no leste europeu.

A partir de 1947, a rivalidade ideológica entre norte-americanos e soviéticos deu início à Guerra Fria, conflito político-ideológico que se estendeu até 1991. A disputa entre ambos ocorreu em diferentes áreas: economia, política, diplomacia, tecnologia, esportes etc.

O bloco socialista no leste europeu, por sua vez, careceu de liberdade e dinamismo econômico. Os soviéticos sufocaram manifestações populares na Alemanha Oriental, em 1953, na Hungria, em 1956, e na Checoslováquia, em 1968, por exemplo. Em 1961, Nikita Kruschev autorizou a construção do Muro de Berlim, fazendo deste o grande símbolo dessa guerra.

Nikita Kruschev conduziu a desestalinização da União Soviética na década de 1950.[2]
Nikita Kruschev conduziu a desestalinização da União Soviética na década de 1950.[2]

A Guerra Fria, por sua vez, marcou o fim da exaltação da imagem de Stalin. O ditador soviético faleceu em 1953, e, em 1956, o novo governante Nikita Kruschev denunciou para o partido os crimes cometidos por Stalin ao longo de três décadas tanto na guerra quanto antes e depois dela. Isso ficou conhecido como desestalinização.

Crise da União Soviética

A crise da União Soviética nasceu na década de 1970 durante o governo de Leonid Brejnev. A administração desse presidente foi considerada um período de grande estagnação, uma vez que as ações tomadas nela contribuíram para deixar a economia soviética obsoleta e tornaram os quadros do governo corruptos.

O enfraquecimento da economia soviética resultou diretamente na redução do PIB e da qualidade de vida. A agricultura entrou em crise, e o país precisou importar alimento de nações ocidentais. A aparência de modernidade era mantida porque os principais produtos do país — petróleo e ouro — estavam com preços altos no mercado internacional e mantinham a entrada de divisas no país alta.

Dois acontecimentos na década de 1980 contribuíram para enfraquecer a economia soviética, a Guerra do Afeganistão de 1979 e o acidente de Chernobyl, em 1986.

O primeiro, uma tentativa soviética de proteger o regime comunista do Afeganistão dos rebeldes islâmicos. O resultado foram bilhões de dólares gastos em uma guerra irrelevante para o país. O segundo, por sua vez, foi fruto da incompetência e do descaso dos quadros soviéticos que permitiram que um acidente de proporções gigantescas acontecesse. Milhões de dólares foram gastos para evitar que as consequências fossem piores.

  • Gorbachev: Glasnost e Perestroika

Mikhail Gorbachev foi o último governante soviético e renunciou em 1991.[3]
Mikhail Gorbachev foi o último governante soviético e renunciou em 1991.[3]

Mikhail Gorbachev assumiu a União Soviética em 1985 e foi o último governante do país. Assumiu o comando em uma situação caótica e tentou reformar o país drasticamente, com a glasnot (transparência política) e a perestroika (reconstrução econômica). As reformas ajudaram a implodir de vez o regime.

A glasnot defendia a realização de uma abertura política do país para reduzir o autoritarismo que marcava a União Soviética. A perestroika permitia a abertura da economia soviética e, depois de décadas, que essa economia recebesse investimentos privados para reverter o quadro de crise estabelecido naquele momento.

A situação não melhorou, e a instabilidade econômica trouxe a crise política que, por fim, corroeu as bases do poder soviético. Os militares tentaram tomar o poder em agosto de 1991, mas fracassaram, e Gorbachev permaneceu. Movimentos de autodeterminação surgiram, e a crise levou, por fim, à renúncia de Gorbachev, em 25 de dezembro de 1991. No dia seguinte, a URSS foi dissolvida.

Governantes soviéticos

Ao longo do século XX, a União Soviética teve sete governantes, que são:

  • Vladimir Lenin (1917-1924)

  • Josef Stalin (1924-1953)

  • Nikita Kruschev (1953-1964)

  • Leonid Brejnev (1964-1982)

  • Yuri Andropov (1982-1984)

  • Konstantin Chernenko (1984-1985)

  • Mikhail Gorbachev (1985-1991)

Créditos das imagens

[1] Everett Historical e Shutterstock

[2] Olga Popova e Shutterstock

[3] Heide Pinkall e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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