Raúl Castro
Raúl Castro foi um revolucionário que teve atuação na Revolução Cubana. Irmão de Fidel Castro, acumulou cargos no governo cubano, sendo considerado o segundo homem mais poderoso do país. Tornou-se presidente de Cuba em 2008 e manteve-se na função até o ano de 2018. Em 2021, abandonou o comando do Partido Comunista de Cuba.
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Juventude
Raúl Modesto Castro Ruíz nasceu no dia 3 de junho de 1931, sendo nativo de Birán, cidade do interior de Cuba. Filho de um espanhol chamado Ángel Bautista Castro y Argiz, cresceu na fazenda de cana-de-açúcar que seu pai possuía. Ángel Castro era um fazendeiro bastante próspero e deu uma boa vida para os filhos.
A mãe de Raúl era Lina Ruz González, cubana que, inicialmente, foi empregada doméstica na fazenda de Ángel Castro, mas que, depois, tornou-se esposa de Ángel. Do relacionamento de Ángel e Lina nasceram sete filhos. Outro filho do casal foi Fidel Castro, um dos líderes da Revolução Cubana.
Raúl Castro teve acesso a uma educação de qualidade, já que seu pai era um homem de recursos. Ele estudou no Colégio Belen, um dos melhores e mais caros colégios de Cuba. Também fez o curso de Ciências Sociais, em Havana, e foi politicamente engajado desde a sua juventude.
Raúl Castro era um comunista fervoroso e, ainda jovem, filiou-se ao Partido Socialista Popular, um pequeno partido cubano que possuía influência marxista-leninista. Esse viés ideológico foi um incentivo para que Raúl se juntasse à luta revolucionária.
Trajetória revolucionária
Em 1953, Cuba estava sob uma ditadura imposta por Fulgêncio Batista e apoiada pelo governo norte-americano. Inconformado com isso, Fidel Castro deu início a um movimento revolucionário contra esse governo. Raúl Castro decidiu seguir os passos do irmão e juntou-se a ele nesse desafio.
A primeira ação desse grupo revolucionário foi realizar um ataque contra o Quartel de Moncada, que ficava na cidade de Santiago de Cuba. O grupo que realizou o ataque era formado por aproximadamente 160 homens. Raúl não tomou parte do grupo principal, que atacou o quartel, sendo colocado no segundo grupo, que tinha como função tomar o controle do Palácio de Justiça.
O ataque ao quartel fracassou e o grupo que estava no Palácio de Justiça fugiu. Raúl Castro acabou sendo preso poucos dias depois e foi condenado a 13 anos de prisão. Entretanto, 22 meses depois, o governo de Fulgêncio começou a promover uma anistia entre os presos políticos.
Isso beneficiou Raúl Castro e seu irmão, Fidel, que foram libertados. Eles deixaram Cuba pelo risco que suas vidas corriam e decidiram se exilar no México. Lá Fidel Castro liderou a formação do Movimento 26 de Julho e começou a planejar o retorno a Cuba para derrubar Fulgêncio Batista.
No México, Raúl Castro conheceu um médico argentino que havia fugido da Guatemala em razão de um golpe militar. Esse era Ernesto Che Guevara, um dos maiores revolucionários do século XX. Raúl apresentou Che Guevara para Fidel, e o argentino aderiu ao Movimento 26 de Julho. Em novembro de 1956, os revolucionários decidiram retornar a Cuba.
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Papel na Revolução Cubana
O retorno a Cuba se deu por meio do iate Granma, que contou com 82 pessoas embarcadas. Ao chegarem em Cuba, os revolucionários foram emboscados, e uma luta com o exército cubano resultou na morte de quase todos os que haviam embarcado no iate. Entre os sobreviventes estavam Fidel e Raúl Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos.
Os sobreviventes foram para Sierra Maestra, região montanhosa de Cuba, e iniciaram a reconstrução do núcleo revolucionário para alcançar o objetivo principal: derrubar Fulgêncio Batista. Entre os anos de 1957 e 1958, os membros do Movimento 26 de Julho contaram com o apoio da população campesina e foram conquistando adeptos.
Raúl Castro tornou-se comandante e participou de muitos conflitos armados, embora não tenha tido nenhuma vitória expressiva. Nas batalhas mais expressivas em que Raúl lutou, ele estava junto de seu irmão. Esse fato levou muitos biógrafos a comentarem que a capacidade de Raúl de comandar tropas no campo de batalha era limitada.
Em 1º de janeiro de 1959, Fulgêncio Batista decidiu fugir de Cuba porque a situação do país estava saindo de seu controle. No dia 8 de janeiro, Raúl Castro entrou em Havana junto de seu irmão, consolidando a vitória dos guerrilheiros. Depois disso, um novo governo foi formado para comandar o país caribenho.
Atuação no governo cubano
Depois que os revolucionários tomaram o controle de Cuba, Raúl Castro tomou parte nos julgamentos que resultaram na execução de indivíduos considerados inimigos da revolução. Esses inimigos eram, sobretudo, oficiais do exército cubano que lutaram na defesa do governo de Fulgêncio Batista.
De 1959 até o ano de 2008, Raúl Castro foi identificado como o segundo homem mais importante de Cuba, ficando atrás apenas de Fidel Castro. Nesse período ele acumulou diversos cargos no governo, como o cargo de ministro das Forças Armadas Revolucionárias, além de ser segundo-secretário do Partido Comunista de Cuba e vice-presidente do país.
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Presidência
A partir de 2006, Raúl Castro começou a ser cogitado para a presidência de Cuba, uma vez que seu irmão sofria com problemas de saúde. Em 2008, ele de fato assumiu a presidência de Cuba, depois que Fidel Castro abandonou o posto para cuidar de sua saúde. Raúl, então, promoveu algumas reformas em seu país.
Ele incentivou o fortalecimento do partido e de outras instituições de governo com o objetivo de enfraquecer o personalismo, que foi marca do governo de seu irmão. Ele também permitiu que os cidadãos cubanos pudessem se hospedar nos hotéis do país e garantiu à população cubana um maior acesso à tecnologia.
Esperava-se que Raúl Castro promovesse uma abertura de mercado, mas as reformas foram limitadas. Ele também promoveu diálogos para estreitar os laços com os Estados Unidos e houve avanços durante o governo de Barack Obama. Entretanto, com Donald Trump, a postura norte-americana tornou-se mais hostil.
Em 2018, Raúl Castro abandonou a presidência de Cuba, transmitindo-a para Miguel Díaz-Canel. Em 2021, ele também deixou a liderança do Partido Comunista de Cuba. Acredita-se que o presidente cubano deva assumir esse cargo também.
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[1] Harold Escalona e Shutterstock