Intentona Integralista
Ao chegar em 1937, Getúlio Vargas acumulava oito anos na presidência sem que para isso fosse necessário ter suas propostas avaliadas pelas urnas. Da primeira vez, o golpe da Revolução de 1930 o garantiu quatro anos no posto presidencial. Logo em seguida, graças ao dispositivo implantado na Constituição de 1934, foi eleito indiretamente pelos deputados federais que figuravam o Poder Legislativo. Já nesse outro instante, vários grupos se organizavam para as eleições diretas previstas para aquele ano.
Aparentemente, Getúlio Vargas concordava com a sucessão presidencial e se comportava como alguém disposto a deixar o poder. Contudo, nos bastidores daquela época, Vargas arquitetava o apoio político de várias lideranças para a deflagração de um novo golpe que o preservaria no Poder Executivo. Entre os simpatizantes estavam os integralistas, um grupo de inspiração totalitária favorável à extinção das liberdades democráticas e o fortalecimento do poder sob o comando de um grande líder.
Plínio Salgado, figura principal do integralismo e candidato a presidente, tinha conhecimento das intenções golpistas de Vargas. Inicialmente, Plínio Salgado acreditava que o golpe varguista seria a oportunidade ideal para que os integralistas tivessem maior prestígio político, ou que até mesmo Getúlio Vargas assumisse o integralismo como partido oficial de seu novo governo. Sendo assim, tais partidários alimentavam grandes expectativas com o golpe.
Em novembro de 1937, quando o Estado Novo foi decretado, Plínio Salgado retirou a sua candidatura a presidente, dizendo que a Ação Integralista Brasileira desta vez rompia com sua atuação política para então atuar em âmbito cívico e cultural. Apesar de tantas manifestações de apoio ao Estado Novo, Vargas simplesmente estabeleceu um decreto que colocou todos os partidos políticos existentes da ilegalidade. De tal maneira, o possível elo entre Vargas e os integralistas evaporou de forma inesperada.
Inconformados, algumas figuras do integralismo acreditavam na armação de um golpe contra o novo governo de Getúlio Vargas. Apesar de não ter as aspirações iniciais atendidas, Plínio Salgado ainda tentava uma reaproximação de Vargas renomeando a Ação Integralista Brasileira como “Sociedade Brasileira de Cultura”. Nesse mesmo tempo, militares e outros integralistas continuavam articulando um futuro ato insurrecional.
Em março de 1938, pequenos atos integralistas tentaram invadir a rádio Mayrink Veiga. Prontamente, forças leais ao governo desbarataram o protesto e, logo em seguida, vários atos de repressão contra os integralistas ganhavam corpo. Dois meses mais tarde, uma revolta comandada pelo tenente Severo Fournier atacou o Palácio da Guanabara. Dessa vez, os integralistas tentaram acabar com o Estado Novo promovendo a retirada de Vargas da residência presidencial.
Em pouco tempo, a falta de organização dos participantes daquela ação desesperada, facilitou a dominação pelos guardas e familiares do presidente. Nos anos seguintes, a falta de apoio e a perseguição oficial foram responsáveis diretos para que o integralismo perdesse a sua força. No ano de 1939, a prisão e o exílio de Plínio Salgado foram decisivos para que os integralistas não mais ameaçassem o Estado Novo.
Por Rainer Sousa
Mestre em História