Luis Fernando Verissimo
Luis Fernando Verissimo é um escritor brasileiro. Ele nasceu em 1936, em Porto Alegre, e é filho do famoso escritor Erico Verissimo (1905-1975). Teve parte de sua educação nos Estados Unidos, onde se tornou ótimo saxofonista. No Brasil, trabalhou como redator, tradutor e jornalista até depois de sua carreira como escritor decolar. Ele escreveu dezenas de contos, crônicas, romances e novelas, além de ser cartunista. O autor é conhecido por seu humor e sua ironia ao fazer críticas sociais e é muito estudado e homenageado na atualidade.
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Resumo sobre Luis Fernando Verissimo
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Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro de 1936.
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É filho do famoso escritor Erico Verissimo (1905-1975).
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Foi alfabetizado e cursou o Ensino Médio nos EUA.
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Toca saxofone e já participou de bandas.
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Trabalhou como jornalista, tradutor e redator.
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Produziu dezenas de obras de vários tipos.
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É amplamente conhecido como cronista e cartunista.
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Uma das principais características de suas obras é a ironia presente nas críticas sociais que faz.
Biografia de Luis Fernando Verissimo
Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro de 1936 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Sua mãe foi Mafalda Verissimo, e seu pai, Erico Verissimo (1905-1975), foi um dos maiores escritores do século XX no Brasil. Luis Fernando foi alfabetizado nos Estados Unidos, enquanto o pai lecionava em uma universidade na Califórnia.
Quando voltou ao Brasil, estudou no Instituto Porto Alegre até 1921, aos 16 anos. Ele terminou o Ensino Médio nos Estados Unidos, na Roosevelt High School, e viveu ali até 1956, por 35 anos. Lá, estudou música e tornou-se ótimo saxofonista. Seu talento musical apareceu no grupo Renato e seu Sexteto, para o qual entrou em 1960.
Verissimo começou a trabalhar na editora Globo, no departamento de artes, e, em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro e trabalhou por cinco anos como jornalista e tradutor no jornal da Câmara de Comércio Americana. No ano seguinte, em 1963, casou-se com Lúcia Helena Massa, com quem teve três filhos.
Em 1967, foi revisor do jornal Zero Hora, e passou a assinar sua própria coluna no periódico dois anos depois. Entre 1969 e 1975, trabalhou como redator da agência MPM Propaganda e no jornal Folha da Manhã. Ficou conhecido por tratar de assuntos variados, como esportes, literatura, cinema, política, gastronomia e música, além de seus contos e crônicas cheios de humor.
Seu primeiro livro veio em 1973, O popular, uma obra de crônicas. Em 1975, publicou A grande mulher nua e escreveu semanalmente para o Jornal do Brasil, além de voltar ao Zero Hora. Seis anos depois, publicou Ed Mort e outras histórias, que criou um de seus personagens mais famosos. Seus próximos sucessos seriam O analista de Bagé (1981), A velhinha de Taubaté (1983) e Comédias da vida pública (1955).
Ele seguiu publicando crônicas e contos em jornais e livros, novelas, romances, cartuns e quadrinhos, com adaptações para televisão. As obras de Luis Fernando Verissimo têm alcançado milhões de exemplares vendidos e traduções para mais de 15 países. O cronista foi homenageado em uma mostra em Porto Alegre que contou com 92 artistas, entre cartunistas, chargistas, quadrinistas e ilustradores.
→ Luis Fernando Verissimo e a Academia Brasileira de letras
Curiosamente, o autor nunca se candidatou para ser um imortal da Academia Brasileira de Letras. Isso também aconteceu com seu pai e diversos outros escritores de sucesso, como Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinicius de Moraes e Lima Barreto.
Principais características da obra de Luis Fernando Verissimo
Os principais elementos presentes nas obras de Luis Fernando Verissimo são os seguintes:
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humor;
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ironia;
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crítica social;
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linguagem clara e coloquial;
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temática histórica, cultural e política.
Sua ampla e variada produção é admirada até hoje. Carlos Nejar, do jornal A Tribuna, o descreveu como “O cronista maior do humor desta República” e comentou sobre como sua obra é revolucionária:
Foge da retórica, deslimita a imaginação, criando o real na ficção, com o espiar de um detetive, onde o escritor, parafraseando Reginaldo Pujol Filho, manda na gramática. Ou melhor, Luís Fernando Verissimo é de outra gramática, a das criaturas do mundo e submundo da sombra, com tipos e circunstâncias, sem jamais esquecer a magia de escutar e ver, o que também não escapa dos sonhos. E ao inventar, nos inventa.|1|
Principais obras de Luis Fernando Verissimo
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O popular (1973)
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A grande mulher nua (1975)
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Amor brasileiro (1977)
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O rei do rock (1978)
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Ed Mort e outras histórias (1979)
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Sexo na cabeça (1980)
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O analista de Bagé (1981)
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Outras do analista de Bagé (1982)
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O gigolô das palavras (1982)
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A velhinha de Taubaté (1983)
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A mãe de Freud (1985)
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O marido do doutor Pompeu (1987)
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Peças íntimas (1990)
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Humor nos tempos do Collor (1992)
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Comédias da vida privada (1994)
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Comédias da vida pública (1995)
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Novas comédias da vida privada (1996)
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Ed Mort, todas as histórias (1997)
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Comédias para se ler na escola (2000)
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As mentiras que os homens contam (2000)
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Diálogos impossíveis (2012)
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As mentiras que as mulheres contam (2015)
Comentários sobre a obra O analista de Bagé, de Luis Fernando Verissimo
As histórias do analista de Bagé foram, inicialmente, publicadas como crônicas em jornais e revistas e mostram o que seria a personalidade dos moradores daquela cidade. São definidos pelo autor como “algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço”, uma ironia que se apresenta de forma contrária no psicólogo.
O analista de Bagé usa conhecimentos pseudocientíficos e ditos populares para atender uma variedade de pacientes e dá recomendações inesperadas. O analista, que sempre recebe os pacientes com seu característico chimarrão, é um contraponto regional à sociedade que se vê como evoluída, controlada e científica. Este é o exemplo de um de seus atendimentos:
Contam que outra vez um casal pediu para consultar, juntos, o analista de Bagé. Ele, a princípio, não achou muito ortodoxo.
— Quem gosta de aglomeramento é mosca em bicheira… Mas acabou concordando.
— Se abanquem, se abanquem no más. Mas que parelha buenacha, tchê!. Qual é o causo?
— Bem — disse o home — é que nós tivemos um desentendimento…
— Mas tu também é um bagual. Tu não sabe que em mulher e cavalo novo não se mete a espora?
— Eu não meti a espora. Não é, meu bem?
— Não fala comigo!
— Mas essa aí tá mais nervosa que gato em dia de faxina.
— Ela tem um problema de carência afetiva…
— Eu não sou de muita frescura. Lá de onde eu venho, carência afetiva é falta de homem.
— Nós estamos justamente atravessando uma crise de relacionamento porque ela tem procurado experiências extraconjugais e…
— Epa. Opa. Quer dizer que a negra velha é que nem luva de maquinista? Tão folgada que qualquer um bota a mão?
— Nós somos pessoas modernas. Ela está tentando encontrar o verdadeiro eu, entende?
— Ela tá procurando o verdadeiro tu nos outros?
— O verdadeiro eu, não. O verdadeiro eu dela.
— Mas isto tá ficando mais enrolado que lingüiça de venda. Te deita no pelego.
— Eu?
— Ela. Tu espera na salinha.|2|
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Frases de Luis Fernando Verissimo
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“O mundo não é ruim, só está mal frequentado.”
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“Não sei para onde caminha a humanidade. Mas, quando souber, vou para o outro lado.”
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“A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final.”
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“Tem muita gente honesta neste país. Só não se identificam para não ficar de fora se aparecer um bom negócio.”
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“Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.”
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“Você só sabe até onde pode ir quando já foi.”
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“Resignemo-nos à ignorância, que é a forma mais cômoda de sabedoria.”
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“Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta.”
Notas
|1| ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Luís Fernando, o Veríssimo. Disponível aqui.
|2| LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO. O analista de Bagé. Disponível aqui.
Crédito de imagem
[1] Alice Vergueiro / Abraji / Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Alice Vergueiro / Abraji / Wikimedia Commons (reprodução)