Euclides da Cunha
Euclides da Cunha foi um escritor brasileiro nascido na cidade de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866. Mais tarde, estudou em escola militar, atuou como engenheiro e também foi jornalista. Sua vida teve um desfecho trágico, pois foi morto pelo amante de sua esposa.
O autor, que faleceu em 15 de agosto de 1909, no Rio de Janeiro, escreveu obras pertencentes ao pré-modernismo. Seus textos são realistas, com linguagem objetiva e traços naturalistas. Sua obra-prima é o romance jornalístico Os sertões, que relata fatos ocorridos na Guerra de Canudos.
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Resumo sobre Euclides da Cunha
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O autor brasileiro Euclides da Cunha nasceu em 1866 e faleceu em 1909.
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Além de escritor, foi jornalista, militar e engenheiro.
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Suas obras fizeram parte do período literário conhecido como pré-modernismo.
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Seus textos apresentam linguagem jornalística e traços naturalistas.
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Sua principal obra é o romance jornalístico Os sertões.
Videoaula sobre Euclides da Cunha
Biografia de Euclides da Cunha
Euclides da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1866, em Cantagalo, no Rio de Janeiro. Ficou órfão de mãe, morta por tuberculose, quando ele tinha três anos de idade. Passou a viver com os tios. Em seguida, durante um ano, residiu na casa de sua avó paterna, que vivia na Bahia.
Com 13 anos de idade, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar. Mais tarde, em 1885, passou a estudar engenharia na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. No ano seguinte, ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, de onde, em 1888, foi expulso após protestar contra a monarquia na ocasião em que o ministro da Guerra visitava essa instituição de ensino.
Nesse ano, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo. Com a Proclamação da República, foi readmitido na escola militar. Em 1890, casou-se com Ana Emília Ribeiro (1872-1951). Em 1891, formou-se na Escola Superior de Guerra.
Assim, conseguiu os títulos de bacharel em Ciências Físicas e Naturais, além de Matemática. Ao escrever um artigo contra o governo do ditador Floriano Peixoto (1839-1895), como retaliação, Euclides da Cunha foi transferido para a cidade de Campanha, em Minas Gerais.
Em 1896, decidiu deixar o Exército e passou a trabalhar como engenheiro na Superintendência de Obras Públicas do Estado de São Paulo. Ainda escrevia para O Estado de S. Paulo, quando, em 1897, viajou até o local onde estava ocorrendo a Guerra de Canudos para atuar como jornalista.
No ano seguinte, mudou-se para a cidade de São José do Rio Pardo. No ano de 1903, ingressou na Academia Brasileira de Letras. Seu casamento entrou em crise, devido às ausências de Euclides da Cunha. A esposa do escritor e o cadete Dilermando de Assis (1888-1951), muito mais jovem do que ela, acabaram se apaixonando.
O romance extraconjugal acabou em tragédia, pois, para se vingar da traição, Euclides da Cunha foi até a casa do rapaz e atirou nele. Em defesa própria, Dilermando reagiu e atirou no escritor, que faleceu em 15 de agosto de 1909, no Rio de Janeiro. Mais tarde, o rapaz foi absolvido, já que atuou em legítima defesa, e se casou com a viúva, agora Ana de Assis.
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Características da obra de Euclides da Cunha
Os textos de Euclides da Cunha estão inseridos no pré-modernismo. As obras desse período de transição entre o simbolismo e o modernismo brasileiros apresentam traços dos seguintes estilos de época:
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realismo;
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naturalismo;
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parnasianismo;
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simbolismo.
A prosa pré-modernista tem realismo social, além de um olhar científico sobre a realidade baseado em teorias naturalistas. Desse modo, em grande parte, o determinismo está presente na construção dos personagens, que seriam resultado da influência da raça a que pertencem, do meio em que vivem e do período histórico em que estão inseridos.
Além disso, Euclides da Cunha usa uma linguagem jornalística, isto é, mais objetiva. Suas obras valorizam a cultura brasileira, mas de forma crítica, sem qualquer idealização de nossa realidade sociopolítica. Por fim, a poesia do período apresenta traços parnasianos e simbolistas.
Obras de Euclides da Cunha
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Os sertões (1902)
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Contrastes e confrontos (1907)
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Peru versus Bolívia (1907)
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Canudos: diário de uma expedição (1939)
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Ondas (1966)
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Caderneta de campo (1975)
Os sertões, de Euclides da Cunha
Os sertões é um romance de caráter jornalístico que relata fatos referentes à Guerra de Canudos, ocorrida no final do século XIX. O conflito aconteceu no interior da Bahia, entre 1896 e 1897. Assim, o romance é dividido em três partes:
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A terra
Descrição quase técnica do sertão nordestino com base num olhar científico. Nesse percurso, com destino à cidade de Monte Santo, o narrador mostra as peculiaridades do sertão, como sua geografia e sua flora. Ao mencionar a seca, o narrador sugere prováveis causas para o fenômeno. Ao estilo naturalista, faz uma análise determinista sobre a influência do meio sobre a população.
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O homem
O foco do narrador, nessa parte, é o sertanejo. Esse personagem é analisado por um viés naturalista. Desse modo, o narrador reflete sobre a miscigenação do povo nordestino e analisa a influência das raças e do meio no comportamento do sertanejo. Acaba por concluir que a mistura de raças é prejudicial.
Ele vê os frutos da miscigenação como seres inferiores, em consonância com as ideias naturalistas de final do século XIX. Nessa parte, o narrador traz também elementos da cultura sertaneja. Apresenta Antônio Conselheiro (1830-1897), o líder da revolta de Canudos, e nos conta a história do povoado de Canudos.
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A luta
Nessa parte do romance, ocorre o relato da Guerra de Canudos. O narrador abandona sua imparcialidade jornalística ao denunciar a miséria em que os revoltosos viviam. Segundo o narrador, tudo começou quando a madeira comprada por Conselheiro, para fazer uma igreja, não foi entregue.
Por isso, Antônio Conselheiro teria ameaçado invadir Juazeiro para pegar a madeira que lhe era de direito. Com o tempo, o conflito se agravou, e tropas do governo foram mandadas para o local. O narrador mostra toda a violência de uma luta desigual entre os revoltosos esfarrapados e os soldados armados.
→ Videoaula sobre Os sertões, de Euclides da Cunha
Curiosidades sobre Euclides da Cunha
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Em 1904, Euclides partiu para uma expedição na Amazônia que durou pouco mais de um ano. Tinha a intenção de escrever um livro chamado Um paraíso perdido, mas não teve tempo para tanto. Décadas depois, alguns ensaios do autor sobre a Amazônia foram reunidos em livro com o título pretendido por ele.
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Apesar de ter sido eleito para a ABL, em 21 de setembro de 1903, o escritor só tomou posse mais de três anos depois, no dia 18 de dezembro de 1906.
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O engenheiro Benjamin Constant (1836-1891) foi professor de Euclides da Cunha, sendo uma influência para o autor no que se refere ao antimonarquismo.
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Antes da fama, o escritor assinava suas crônicas com as iniciais E. C., e também usou os pseudônimos Proudhon e José Dávila.
Crédito da imagem
[1] Grupo Editorial Record (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Euclides da Cunha: biografia. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/euclides-da-cunha/biografia.
BIBLIOTECA NACIONAL. Linha do tempo de Euclides da Cunha. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/exposicoes/euclides-da-cunha-os-sertoes-testemunho-e-apocalipse/linha-do-tempo-de-euclides-da-cunha/.
CASA DE CULTURA EUCLIDES DA CUNHA. Biografia de Euclides da Cunha. Disponível em: https://casaeuclidiana.org.br/portal/ec_biografia.
OLIVEIRA, Ângela Pereira da Silva. Os sertões de Euclides da Cunha: uma (re)leitura estético-política da Guerra de Canudos. 2017. Tese (Doutorado em História) – Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2017.