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Maria Firmina dos Reis é a primeira escritora negra homenageada na Flip

A 20ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) retorna ao formato presencial, após dois anos on-line, e acontece entre os dias 23 e 27 de novembro.
15/09/2022 11h55 , atualizado em 15/09/2022 12h22
Publicado por Érica Caetano
Banner de divulgação da 20ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)
20ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) homenageará a escritora negra Maria Firmina dos Reis.

A 20ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) acontece entre os dias 23 e 27 de novembro e terá como homenageada a escritora Maria Firmina dos Reis. Além dela, a Flip também traz como novidade a artista homenageada, a fotógrafa Claudia Andujar.

De volta a forma presencial, a festa literária faz seu retorno após dois anos sendo realizada on-line, devido a pandemia de Covid-19. A programação foi anunciada na última terça-feira, 13 de setembro.

Além do Bicentenário da Independência, a 20ª da Flip também marca o bicentenário de Maria Firmina dos Reis, nascida no Maranhão pouco depois da proclamação da Independência do Brasil e considerada a primeira escritora negra brasileira.

De pai negro e mãe branca, Maria Firmino foi criada na casa de uma tia materna, onde teve contato com a literatura desde a infância. Ela morreu pobre e invisibilizada pelos mecanismos patriarcais que tanto combateu. Contudo, vem cada vez mais ganhando o destaque merecido.

Veja também: Carolina Maria de Jesus – autora negra que retratou a favela na literatura

Em vida, como professora, sua carreira teve um gande marco, já que em 1880 ela fundou uma sala mista, na qual havia meninos e meninas, algo inadmissível para a época, o que escandalizou a sociedade local.

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Já em 1859, Maria Firmina publicou Úrsula, romance que ficou invisibilizado por muitos anos, expressando a face machista e racista da história da literatura brasileira.

A obra considerado pelos estudiosos como um dos primeiros romances brasileiros de autoria feminina, foi escrita com o pseudônimo "uma maranhense" em 1859, sendo o pioneiro da temática abolicionista no país, anterior, inclusive, à poesia de Castro Alves, autor do poema Navio Negreiro, publicado em 1880.

Veja - Três grandes abolicionistas negros brasileiros

A crítica à escravidão esteve presente em outras obras da autora, como no conto “A escrava”, de 1887. Além dessas, escreveu poesia, ensaios, histórias e quebra-cabeças em jornais e revistas locais. Também compôs canções em defesa do abolicionismo.

Em seus 20 anos de história, a Flip tem se posicionado como um laboratório de reflexão, em que encontros e atividades buscam pensar saídas para as crises contemporâneas.

Relembre os homenageados pela Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em anos anteriores:

  • 2021 - Não houve
  • 2020 - Elizabeth Bishop
  • 2019 - Euclides da Cunha
  • 2018 - Hilda Hilst
  • 2017 - Lima Barreto
  • 2016 - Ana Cristina Cesar
  • 2015 - Mário de Andrade
  • 2014 - Millôr Fernandes
  • 2013 - Graciliano Ramos
  • 2012 - Carlos Drummond de Andrade
  • 2011 - Oswald de Andrade
  • 2010 - Gilberto Freyre
  • 2009 - Manuel Bandeira
  • 2008 - Machado de Assis
  • 2007 - Nelson Rodrigues
  • 2006 - Jorge Amado
  • 2005 - Clarice Lispector
  • 2004 - Guimarães Rosa
  • 2003 - Vinicius de Moraes