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Apropriação cultural

Apropriação cultural ocorre quando uma cultura dominante adota elementos de uma cultura minoritária, muitas vezes descontextualizando e trivializando seu significado original.
Família branca americana vestida como indígenas: exemplo de apropriação cultural.
Família branca americana vestida como indígenas: exemplo de apropriação cultural.

Apropriação cultural é uma prática que ocorre quando uma cultura dominante adota elementos de uma cultura minoritária, muitas vezes descontextualizando e trivializando seu significado original, o que pode perpetuar estereótipos e ignorar a história dessas comunidades.

Exemplos incluem o uso de trajes tradicionais indígenas como moda ou penteados afrodescendentes por pessoas fora dessas culturas. Esse fenômeno pode se manifestar na adoção de símbolos religiosos, elementos estéticos ou expressões linguísticas, frequentemente vinculada à história da colonização e à globalização.

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Resumo sobre apropriação cultural

  • Apropriação cultural ocorre quando elementos de uma cultura minoritária são adotados por uma cultura dominante, geralmente descontextualizando e trivializando seu significado original.
  • Exemplos de apropriação cultural incluem o uso de trajes tradicionais indígenas como acessórios de moda ou penteados afrodescendentes por pessoas de culturas dominantes.
  • Apropriação cultural tem raízes históricas na colonização, quando culturas dominantes se apropriaram e modificaram elementos de culturas colonizadas, processo perpetuado e ampliado pela globalização.
  • Embora a apropriação cultural possa, em alguns casos, promover a difusão cultural e a apreciação da diversidade, ela frequentemente resulta na desvalorização e banalização de elementos culturais minoritários.
  • Apropriação cultural, em si, não é crime, mas pode estar associada a práticas ilegais, como violação de direitos autorais e uso indevido de patrimônios culturais, especialmente quando envolve exploração comercial sem autorização.
  • As consequências da apropriação cultural incluem a marginalização das culturas de origem, a perpetuação de estereótipos, e a exploração econômica injusta, além de gerar tensões sociais que podem dificultar a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.

O que é apropriação cultural?

Apropriação cultural é o uso de elementos de uma cultura por membros de outra cultura, especialmente quando um grupo dominante adota aspectos de uma cultura minoritária.

Esse fenômeno é frequentemente debatido por causa das implicações de poder e desigualdade que ele pode representar. Enquanto a interação cultural e a troca de ideias são processos naturais em sociedades diversas, a apropriação cultural pode ocorrer em um contexto em que há um desequilíbrio de poder, levando à distorção ou banalização dos elementos culturais.

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Um dos principais aspectos da apropriação cultural é a falta de compreensão e respeito pela significância dos elementos culturais que estão sendo apropriados. Quando elementos de uma cultura são descontextualizados e utilizados fora de seu significado original, eles podem ser trivializados.

Além disso, a apropriação cultural, muitas vezes, ignora ou apaga as vozes e histórias dos grupos dos quais esses elementos são retirados, perpetuando estereótipos e, em alguns casos, contribuindo para a opressão contínua dessas comunidades.

Quadro de Monet em que uma mulher branca traja vestimentas típicas japonesas.
Quadro de Monet em que uma mulher branca traja vestimentas típicas japonesas.

Exemplos de apropriação cultural

Um exemplo clássico de apropriação cultural é o uso de trajes e acessórios tradicionais de culturas indígenas por pessoas fora dessas culturas, especialmente em festivais de música ou eventos de moda.

O cocar indígena, por exemplo, é um símbolo sagrado em muitas culturas indígenas da América do Norte, representando honra e respeito. Quando usado como um acessório de moda por pessoas que não pertencem a essas culturas, o significado profundo e espiritual do objeto é, muitas vezes, ignorado, transformando-o em um simples enfeite.

Outro exemplo é o uso de penteados como tranças ou dreadlocks por pessoas que não são da comunidade negra. Esses estilos de cabelo têm raízes históricas e culturais profundas em muitas comunidades africanas e afrodescendentes, e seu uso fora desse contexto pode ser visto como uma forma de apropriação, especialmente quando a sociedade continua a discriminar as próprias pessoas negras que usam esses penteados.

Na música, a apropriação cultural também é evidente. Artistas de culturas dominantes que adotam estilos musicais e danças originárias de culturas marginalizadas, sem reconhecer suas origens ou sem retribuir àquelas comunidades, são frequentemente criticados por se beneficiarem de algo que não lhes pertence culturalmente.

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Tipos de apropriação cultural

A apropriação cultural pode ocorrer de várias formas, cada uma com suas próprias implicações. Um tipo comum é a apropriação de símbolos religiosos ou espirituais. Quando elementos sagrados de uma cultura, como amuletos, rituais ou símbolos, são usados fora de seu contexto original, muitas vezes por razões estéticas ou comerciais, isso pode desrespeitar a espiritualidade da cultura de origem.

Outro tipo de apropriação cultural é a apropriação estética, em que elementos de vestuário, música, arte ou design são usados por indivíduos de uma cultura dominante sem consideração pelo significado original desses elementos. Isso pode incluir o uso de padrões tribais em roupas de moda ou a incorporação de danças tradicionais em performances populares sem a devida referência à cultura de origem.

A apropriação linguística é mais um exemplo, em que palavras, expressões ou dialetos de uma cultura minoritária são adotados por outra, muitas vezes perdendo seu significado ou sendo usados de forma pejorativa. A transformação de expressões culturais em memes ou gírias que se tornam populares, mas são descontextualizadas, também se enquadra nesse tipo de apropriação.

Origem da apropriação cultural

A apropriação cultural tem raízes históricas profundas, frequentemente vinculadas à colonização e à dominação cultural. Durante o período colonial, colonizadores frequentemente adotavam, modificavam ou até proibiam práticas culturais dos povos colonizados, impondo suas próprias culturas enquanto se apropriavam dos elementos que consideravam “exóticos” ou “interessantes”. Esse processo de dominação e apropriação foi uma ferramenta de controle, usada para subordinar culturas colonizadas e reforçar a supremacia da cultura dominante.

Nos tempos modernos, a globalização e a facilidade de acesso à informação e a produtos de diversas culturas exacerbam a apropriação cultural. Elementos de culturas minoritárias são frequentemente apropriados pela cultura dominante e comercializados em massa, muitas vezes sem qualquer benefício ou reconhecimento para as comunidades de origem. Esse fenômeno é alimentado por uma indústria cultural que explora a diversidade sem necessariamente promover o respeito ou a preservação das culturas minoritárias.

Pontos positivos e negativos da apropriação cultural

A apropriação cultural é um fenômeno complexo, com possíveis efeitos positivos e negativos. Por um lado, pode ser argumentado que a apropriação cultural, quando feita com respeito e consciência, pode promover a difusão cultural e o intercâmbio de ideias. Isso pode levar a um maior entendimento e apreciação entre diferentes culturas, ajudando a quebrar barreiras e a promover a diversidade.

Por outro lado, a apropriação cultural frequentemente perpetua desigualdades e estereótipos, especialmente quando elementos culturais são apropriados por uma cultura dominante sem o devido crédito ou respeito à cultura de origem. Isso pode resultar na desvalorização e comercialização superficial de aspectos importantes de culturas minoritárias, e muitas vezes contribui para a marginalização contínua dessas comunidades.

Além disso, quando elementos culturais são descontextualizados, eles podem perder seu significado e importância, sendo transformados em mercadorias ou tendências passageiras. Isso não só desrespeita a cultura de origem como também impede que as pessoas de fora realmente entendam e apreciem o valor profundo desses elementos culturais.

Apropriação cultural é crime?

Apropriação cultural, em si, não é tipificada como crime na maioria dos sistemas jurídicos. No entanto, dependendo do contexto, ela pode estar associada a práticas ilegais, como a violação de direitos autorais, o uso indevido de marcas registradas, ou a exploração comercial de elementos culturais sem autorização.

Em alguns casos, a apropriação cultural pode violar direitos coletivos de comunidades indígenas ou tradicionais, especialmente quando envolve o uso de conhecimentos tradicionais, símbolos sagrados ou patrimônios imateriais. A legislação internacional, como a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, reconhece a importância de proteger esses elementos culturais, mas a aplicação da lei ainda é limitada e varia de país para país.

Em países onde as questões de direitos culturais são mais avançadas, há uma crescente pressão para reconhecer e respeitar os direitos das comunidades sobre seus patrimônios culturais. No entanto, a falta de um consenso jurídico global sobre o que constitui apropriação cultural e como ela deve ser tratada juridicamente ainda é um desafio.

Leia também: O que é identidade cultural?

Consequências da apropriação cultural

As consequências da apropriação cultural podem ser profundas e duradouras, afetando tanto as culturas de origem quanto as sociedades mais amplas. Para as comunidades cujos elementos culturais são apropriados, as consequências podem incluir a perda de identidade cultural, a desvalorização de suas práticas culturais e a marginalização social e econômica. A apropriação cultural também pode reforçar estereótipos negativos, perpetuando preconceitos e discriminação.

No âmbito social mais amplo, a apropriação cultural pode gerar tensões e conflitos entre grupos culturais, especialmente quando percebida como uma forma de exploração ou desrespeito. Esses conflitos podem minar os esforços de construção de uma sociedade mais inclusiva e equitativa, em que todas as culturas são respeitadas e valorizadas.

Além disso, a apropriação cultural pode ter implicações econômicas, especialmente quando a cultura dominante lucra com a comercialização de elementos culturais de uma comunidade minoritária sem que essa comunidade se beneficie financeiramente. Isso não só é injusto como também perpetua as desigualdades econômicas e sociais entre as culturas dominantes e marginalizadas.

Fontes

PINHEIRO, Lisandra Barbosa Macedo. Negritude, apropriação cultural e a "crise conceitual" das identidades na modernidade. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 28., 2015, Florianópolis. Disponível em http://snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1427821377_ARQUIVO_LISANDRA-TEXTOCOMPLETOANPUH2015.pdf acesso em 30/08/2024

ASEGA, Salome; BHABHA, Homi K.; BORDOWITZ, Gregg; KEE, Joan; KUO, Michele; KURIAN, Ajay; SATTERWHITE, Jacolby. Apropriação cultural: uma mesa redonda. Porto Arte: Revista de Artes Visuais, Porto Alegre: PPGAV-UFRGS, v. 22, n. 37, p. 1-24, jul./dez. 2017. e-ISSN 2179-8001. DOI: http://dx.doi.org/10.22456/2179-8001.80138. Disponível em: https://www.artforum.com/inprint/issue=201706&id=68677.

Publicado por Tiago Soares Campos

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