Força Aérea Brasileira
A Força Aérea Brasileira (FAB) é o corpo das Forças Armadas do Brasil especializado no combate aéreo. A FAB foi fundada em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo ela o primeiro conflito do qual a FAB participou, integrada às forças norte-americanas na Itália.
Hoje a FAB é responsável pelo patrulhamento e defesa do espaço aéreo brasileiro, atuando principalmente nas regiões de fronteira. Também cabe à FAB realizar missões de buscas e salvamentos, tanto em terra quanto no ar, parte do monitoramento da Amazônia, o controle do tráfego aéreo do Brasil e de parte do Oceano Atlântico, entre outras funções.
Atualmente diversos institutos de educação e pesquisa, entre eles o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, são mantidos pela FAB, colocando o Brasil entre os principais países no desenvolvimento aeroespacial na América Latina.
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Resumo sobre a Força Aérea Brasileira
- A Força Aérea Brasileira é uma das armas das Forças Armadas.
- O Comando da Aeronáutica é o órgão que administra a FAB, ligado ao Ministério da Defesa.
- A FAB foi fundada em 1941, na Era Vargas, durante a Segunda Guerra Mundial.
- Os primeiros aviadores da FAB passaram a lutar na Itália em 1944.
- “Senta a pua” foi o lema escolhido pela FAB na Segunda Guerra. Seu símbolo era um avestruz com escudo decorado com o Cruzeiro do Sul.
- A FAB enviou 350 militares para a Segunda Guerra Mundial, cerca de 40 deles eram aviadores.
- A maior patente da Força Aérea Brasileira é a de marechal do ar. Essa patente só é utilizada em guerras.
- A Força Aérea Brasileira é uma das principais da América do Sul.
O que é a Força Aérea Brasileira?
A Força Aérea Brasileira é o ramo aeronáutico das Forças Armadas do Brasil, tendo como principal função, mas não a única, a defesa do espaço aéreo brasileiro.
O presidente da República é considerado o comandante em chefe da Força Aérea Brasileira. O tenente-brigadeiro do ar, Marcelo Kanitz Damasceno, é o atual comandante da FAB.
Para que serve a Força Aérea Brasileira?
A Constituição de 1988 e diversas leis complementares estabelecem diversas funções para a Força Aérea Brasileira. A seguir, veremos as principais delas:
- Defesa do espaço aéreo brasileiro: a FAB é responsável pela defesa do espaço aéreo brasileiro, realizando missões de patrulha principalmente nas regiões de fronteira. Atualmente a maior parte das missões de proteção das fronteiras ocorrem na região amazônica, no combate a criminosos, a maioria deles traficantes, que entram em nosso território utilizando aeronaves.
- Missões de busca e salvamentos: todos os anos a FAB realiza diversas missões de salvamentos em terra, muitas vezes auxiliando tropas terrestres do Exército Brasileiro e de forças policiais, assim como em mar, na maioria das vezes em conjunto com a Marinha do Brasil. A FAB também realiza missões de transporte de órgãos, de alimentos e remédios, e combate a incêndios florestais.
- Controle do tráfego aéreo civil: o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, o Decea, é o órgão da Força Aérea Brasileira, subordinado ao Comando da Aeronáutica, que é responsável pelo tráfego aéreo em nosso país. O Decea possui quatro bases operacionais no território brasileiro, os Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, conhecidos como Cindactas, sediados em Brasília, Curitiba, Recife e Manaus.
- Desenvolvimento aeroespacial: a Força Aérea Brasileira mantém diversas instituições de ensino, formando especialistas em diversas áreas. O Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o ITA, é a principal instituição de ensino mantida pela FAB, ofertando cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia, e tendo o que é considerado o vestibular mais difícil do país.
Atuação da Força Aérea Brasileira
A FAB atua em todo o território brasileiro, inclusive na nossa Zona Econômica Exclusiva, que se estende por 200 milhas náuticas, cerca de 370 quilômetros, no litoral brasileiro.
Mas a FAB também tem a missão de atuar no controle de tráfego aéreo de boa parte do Atlântico Sul, região que concentra o tráfego de voos entre Europa, América do Sul e África. O Cindacta III, com sede no Nordeste, é responsável pelo tráfego aéreo no Atlântico, sendo a FAB também responsável por buscas e resgates nessa região de águas internacionais.
Veja também: Exército Brasileiro — outra parte importante das Forças Armadas do Brasil
Patentes da Força Aérea Brasileira
A hierarquia da Força Aérea Brasileira é subdivida em dois grupos: postos e graduações. Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido pelo presidente da República ou pelo Comando da Aeronáutica. O posto de marechal do ar só é promovido em tempo de guerra. Já a graduação é um grau hierárquico de praça, conferido pela autoridade da Marinha competente.
A seguir, os postos e graduações da Marinha do Brasil.
- Postos – Oficiais:
- Oficiais generais:
- Marechal do ar
- Tenente-brigadeiro do ar
- Major-brigadeiro
- Brigadeiro
- Oficiais superiores:
- Coronel
- Tenente-coronel
- Major
- Oficial intermediário:
- Capitão
- Oficiais subalternos
- Primeiro-tenente
- Segundo-tenente
- Aspirante
- Oficiais generais:
- Graduados – Praças:
- Suboficial
- Primeiro-sargento
- Segundo-sargento
- Terceiro-sargento
- Cabo
- Taifeiro-mor
- Soldado primeira classe
- Taifeiro primeira classe
- Soldado segunda classe
- Taifeiro segunda classe
Aeronaves da Força Aérea Brasileira
Um estudo feito em 2024 pela Global Fire Power apontou a FAB como a 17ª mais poderosa força aérea do mundo, possuindo 628 aeronaves, estando 408 disponíveis para ação imediata; entre as principais aeronaves estão 46 caças, 72 aviões de ataque, 111 aeronaves de transporte de asa fixa, 206 aviões de treinamento e 195 helicópteros. A FAB possuía ainda aviões de abastecimento e aeronaves adaptadas para o transporte de água e combate a incêndios.
Principais aeronaves do Brasil
→ F-39 Gripen
Em 2014 o Brasil, após uma longa negociação, comprou 36 caças F-39 Gripen da Suécia, um dos aviões de combate mais modernos do mundo. A compra foi feita através de um contrato que estabeleceu transferência de parte da tecnologia da construção do avião para o Brasil. Até 2024 o Brasil havia recebido oito F-39 Gripen.
→ Northrop F-5 Tiger II
Em 1973, durante a Ditadura Civil-Militar, a FAB comprou 79 caças Northrop F-5 Tiger II, os primeiros chegaram ao Brasil dois anos depois. Os atuais Gripen estão gradativamente substituindo os Northrop F-5 Tiger II que ainda permanecem em operação, 47 em 2024.
→ AMX A-1
Produzidos na década de 1970 e 1980 em parceria entre Itália e Brasil, os AMX são aviões de ataques em solo. Foram comprados pela FAB 56 unidades do AMX A-1, e atualmente 24 deles estão em operação na FAB.
→ KC-30
Adaptado dos Airbus A330-220, o KC-30 é o maior avião já operado pela FAB, com 56 metros de comprimento e com capacidade para transportar 238 passageiros ou 45 toneladas de carga. A FAB possui atualmente dois KC-30. Nos últimos anos eles foram utilizados em missões de retirada de brasileiros de regiões de conflito, como na Palestina e Líbano.
→ Embraer C-390 Millennium
Avião de transporte de tropas e cargas, também cumpre missões de reabastecimento no ar e combate a incêndios florestais. Atualmente 19 unidades estão em operação na FAB.
Diferenças entre Força Aérea Brasileira e Aeronáutica
- Força Aérea Brasileira (FAB): é a força aeroespacial das Forças Armadas do Brasil, em conjunto com o Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil.
- Aeronáutica: o Comando da Aeronáutica (Comaer) é o órgão que comanda a Força Aérea Brasileira, subordinado ao Ministério da Defesa.
Origem da Força Aérea Brasileira
O Ministério da Aeronáutica e as Forças Aéreas Nacionais foram criadas por Getúlio Vargas em 20 de janeiro de 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, através do Decreto-Lei 2.961/41. Em 22 de maio do mesmo ano, Vargas alterou o nome de Forças Aéreas Nacionais para Força Aérea Brasileira, com a sigla FAB, mantidos ainda hoje.
A criação da FAB contou com apoio financeiro estadunidense, que também forneceu equipamentos, inclusive aviões, e treinamento para pilotos e equipes de manutenção.
Na época o Atlântico era uma importante região na Batalha do Atlântico, na Segunda Guerra Mundial, por isso o interesse dos EUA em fortalecer as Forças Armadas do Brasil.
Força Aérea Brasileira na história
A Força Aérea Brasileira foi criada durante a Segunda Guerra Mundial. O Brasil declarou guerra às forças do Eixo em 22 de agosto de 1942 e, em 18 de dezembro de 1943, foi criado o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º Gavca). O major aviador Nero Moura e o capitão aviador João Affonso Fabrício Belloc foram nomeados os comandantes da FAB e responsáveis pela preparação dela para a guerra. Em três anos o Brasil construiu aeródromos, importou aviões e treinou pilotos, equipes de manutenção e suporte.
A FAB, durante a Segunda Guerra Mundial, adotou o lema “Senta a pua”, na época uma expressão muito usada, com sentido semelhante aos atuais “senta a bala” ou “manda ver”. O símbolo usado durante a guerra tinha um avestruz armado e com um escudo decorado com o Cruzeiro do Sul.
O Primeiro Grupo de Aviação de Caça da FAB chegou à Itália em 1944, com uma equipe de 350 membros, sendo 43 deles aviadores. O 1º Gavca se integrou ao 350th Figther Group da Força Aérea dos Estados Unidos. A FAB teve ao todo 22 baixas de pilotos durante a Segunda Guerra Mundial, entre mortos, feridos e capturados pelo inimigo.
Nas décadas de 1950 e 1960, a FAB investiu na construção de institutos tecnológicos e centros de pesquisa, com a fundação do ITA, a Escola de Especialistas de Aeronáutica, Escola Preparatória de Cadetes do Ar e Academia da Força Aérea.
Nas décadas de 1970 e 1980, período da Ditadura Civil-Militar, a FAB se equipou, comprando os primeiros aviões supersônicos do Brasil. O controle do tráfego aéreo do Brasil também foi desenvolvido nesse período.
Nos anos 1990 e 2000, a FAB criou o Sistema de Vigilância da Amazônia, o Sivam, sistema que coleta e analisa informações com o objetivo de proteger a Amazônia Legal e estimular o seu desenvolvimento sustentável.
Atualmente a FAB passa por um momento de modernização de sua frota, principalmente com a compra dos caças F-39 Gripen, caças de última geração que incorporam tecnologias de sensores de guerra cibernética que são únicos nos caças da América Latina. Quando todas as 36 unidades do F-39 Gripen estiverem sob operação da FAB, ela se tornará a mais forte força aérea da América Latina.
Acesse também: Marinha do Brasil — outra parte das Forças Armadas do Brasil
Curiosidades sobre a Força Aérea Brasileira
- A FAB possui dois patronos, Santos Dummont, considerado o “Pai da aviação e patrono da FAB” e Eduardo Gomes, “Patrono da FAB”.
- O Dia do Aviador e o Dia da FAB são comemorados em 23 de outubro, em homenagem ao primeiro voo de Alberto Santos Dumont com o 14-Bis, em 1906, na França.
- O nome brigadeiro para o doce de chocolate coberto com chocolate granulado, tão famoso no Brasil, surgiu graças ao brigadeiro Eduardo Gomes. Nas eleições de 1945 as correlegionárias do candidato distribuíram o doce para a população, que passou a usar a expressão “doce do brigadeiro”, que se tornou o “brigadeiro”.
- O Brasil teve dois “ases da aviação” na Segunda Guerra Mundial, mas nenhum deles lutou pela FAB.
- Pierre Clostermann, franco-brasileiro nascido em Curitiba, lutou pela Real Força Aérea do Reino Unido, a RAF. Ele obteve 33 vitórias durante a Segunda Guerra, tornando-se um ás. Ele também foi o único brasileiro a participar do Dia D.
- Egon Albrecht, também nascido em Curitiba, lutou pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Como aviador da Luftwaffe ele conquistou 25 vitórias durante o conflito, tornando-se um ás. Faleceu em 25 de agosto de 1944, quando seu avião foi abatido pela Força Aérea dos EUA, na França.
- Em 1982 a FAB realizou a primeira interceptação de uma aeronave estrangeira no espaço aéreo do Brasil. No dia 9 de abril de 1982, um avião cubano adentrou o espaço aéreo brasileiro sem autorização. Caças da FAB, após tiros de advertência, forçaram o avião pousar em Brasília, e ele ficou retido até o dia seguinte, quando foi autorizado a deixar o Brasil. Fidel Castro enviou o seu ministro das Relações Exteriores para a Argentina às pressas para conversar com as autoridades platinas. A Guerra das Malvinas havia se iniciado uma semana antes, e o Brasil era o caminho mais curto para a Argentina.
Créditos de imagem
[1] High source / Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Isac Nóbrega / Presidência da República / Wikimedia Commons (reprodução)
[3] Milan Nykodym / República Tcheca / Wikimedia Commons (reprodução)
[4] Tomaz Silva / Agência Brasil / Wikimedia Commons (reprodução)
[5] Chris Phutully / Wikimedia Commons (reprodução)
[6] Marcos Corrêa / Presidência da República / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
BARBOSA, Jefferson Rodrigues. Militares e política no Brasil. Editora Expressão Popular, São Paulo, 2019.
CARVALHO, José Murilo. Forças armadas e política no Brasil. Editora Todavia, São Paulo, 2019.