Constantino

Constantino I foi um dos principais imperadores romanos, sendo o primeiro deles a se converter ao cristianismo e o primeiro a permitir o cristianismo em todo o império. Quando assumiu o poder, Roma estava em uma grave crise. Guerras civis aconteciam, com diversos pretendentes reivindicando o posto de imperador; migrações e invasões bárbaras ocorriam em diversas regiões do império; a crise econômica aumentou o custo de vida, a fome, enfraqueceu o exército e as fronteiras. Nos primeiros anos de seu governo, Constantino I venceu outros pretendentes, centralizando o poder e gerando um breve momento de estabilidade e prosperidade no império. Durante seu governo, Constantino, o Grande, promoveu diversas reformas políticas, econômicas, militares e religiosas. Ele também foi um grande construtor, edificando cidades, monumentos, estradas e edifícios, muitos deles templos cristãos.
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Resumo sobre Constantino
- Constantino I foi um imperador romano que governou entre 306 e 337 d.C.
- Ele passou as duas décadas iniciais do seu governo lutando em guerra civis.
- Após centralizar o poder, Constantino I promoveu diversas reformas no império.
- Foi durante o seu governo que o cristianismo passou a ser tolerado em todo o império, e os cristãos deixaram de ser perseguidos.
- Foi Constantino I que convocou o Concílio de Niceia, considerado um dos eventos mais importantes da história do cristianismo.
- Constantino I foi o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo.
- Constantinopla e a primeira igreja no Vaticano foram edificadas por Constantino I.
- Após sua morte, Roma novamente mergulhou em guerras civis e crise econômica.
Quem foi Constantino?
Também chamado de Constantino, o Grande, Constantino I foi um imperador romano que governou no início do século IV, sendo considerado um dos imperadores mais importantes, pelas reformas que ele promoveu e pela relativa estabilidade do seu governo, ocorrido na época da crise do Império Romano.
Constantino I nasceu em Naísso, província da Mésia Superior, atual Sérvia, em 27 de fevereiro de 272 d.C., filho do imperador Constâncio I, também chamado de Constâncio Cloro, e de Helena, filha de um proprietário de uma estalagem em Naísso, onde Constâncio se hospedou em uma de suas campanhas na região, ainda quando um oficial do exército romano. O nome “Constantino” significa algo como “Pequeno Constâncio”, em homenagem ao pai.
Por volta dos dez anos de idade Constantino I foi enviado para a corte imperial, na época localizada em Nicomédia, onde foi educado dentro da corte do imperador Diocleciano, aprendendo latim e grego. Na adolescência passou a participar de campanhas militares em diversas regiões do império, onde ganhou experiência nos combates e estratégias militares.
Antecedentes históricos do império de Constantino
Constantino I chegou ao poder em um período marcado por grave crise e mudanças no Império Romano, com guerras civis, crise econômica e invasões de diversos povos às fronteiras do império.
Tentando reduzir a crise e fortalecer as fronteiras, o imperador Diocleciano dividiu o império em quatro partes; cada uma dessas tetrarquias era governada por um imperador – o pai de Constantino I, Constâncio Cloro, era um deles.
Em 306 d.C, Constâncio Cloro faleceu e Constantino I foi nomeado imperador, passando a lutar com os governantes das outras tetrarquias pelo poder; esses conflitos duraram quase duas décadas.
Na Batalha de Ponte Mílvia, travada em 312 d.C., as tropas de Constantino I derrotaram as tropas do seu cunhado, Magêncio, que havia se autoproclamado imperador. Com a vitória, Constantino I passou a utilizar o manto de imperador romano do Ocidente. Após outras vitórias militares, Constantino I concentrou todos os poderes em 324 d.C., quando eliminou seus últimos concorrentes.
Constantino como imperador
→ Reformas administrativas feitas por Constantino I
Após se tornar imperador, Constantino I iniciou uma série de reformas em Roma, entre elas a reforma administrativa. Buscando reorganizar o Império, Constantino I fez uma nova divisão do território romano, dividindo cada uma das suas antigas províncias em dioceses, cada uma delas governada por um vigário, geralmente indicado pelo próprio imperador.
Constantino I também criou cargos administrativos como o magistri militum, ou mestre dos soldados, responsável pelo comando militar em cada diocese.
As reformas administrativas de Constantino I centralizaram o poder nas mãos do imperador, fortaleceram o exército e promoveram o aumento da arrecadação de impostos, gerando um período de relativa prosperidade política e econômica que possibilitaram a realização de grandes obras.
→ Reformas religiosas feitas por Constantino I
A maior reforma feita por Constantino I foi religiosa, transformando radicalmente o mundo romano. Antes de Constantino I os cristãos eram perseguidos no império, sendo crucificados ou mortos nas arenas.
Constantino I foi o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo, possivelmente influenciado pela sua mãe, Helena. No ano de 313 ele publicou o Édito de Milão; essa lei determinou que o Império Romano toleraria o cristianismo, encerrando as perseguições aos cristãos. O édito é considerado um dos primeiros documentos da história a estabelecer a tolerância religiosa.
Após sua conversão, Constantino I passou a organizar o clero cristão, criando as bases do que é hoje a Igreja Católica. Ele construiu igrejas em diversas partes do império, inclusive a Igreja de São Pedro, na Colina Vaticano, e fez doações para o clero.
No início do cristianismo existiam diversas tradições cristãs, e cada uma delas tinha diferentes intepretações sobre a natureza de Deus; para tentar criar um consenso sobre o tema, Constantino I convocou o Concílio de Niceia, que ocorreu em 325 d.C. No Credo de Niceia foi estabelecida a definição de Santíssima Trindade, na qual Deus, seu filho Jesus Cristo e seu Espírito Santo são consubstanciais. Ainda no Concílio de Niceia foi estabelecido o cálculo para a data da Páscoa, utilizado ainda hoje.
→ Reformas militares feitas por Constantino I
Para proteger as fronteiras do império, Constantino I criou uma rede com fortificações e quartéis, além de aumentar consideravelmente o número de soldados nas regiões fronteiriças. Essas medidas visavam conter as invasões e migrações bárbaras para o Império Romano.

Constantino I ainda criou unidades móveis do Império Romano, compostas principalmente por cavaleiros, e investiu recursos na construção e manutenção de estradas, o que tornou mais rápida a movimentação das tropas.
Constantino x cristianismo
Existem diferentes versões sobre como Constantino I se converteu ao cristianismo; na principal delas, isso teria acontecido durante a Batalha da Ponte Mílvia, travada em 28 de outubro de 312 entre tropas de Constantino e de Magêncio.
Durante a batalha, Constantino I teria avistado no céu o Chi Rho, símbolo cristão formado pelas letras X e P, letras iniciais do nome Jesus Cristo em grego. Ao avistar o símbolo cristão, Constantino I ouviu de Deus a frase “Sob este símbolo vencerás”.
Após a visão, as tropas de Constantino I acabaram vencendo as tropas de Magêncio, que morreu afogado no Tibre durante a batalha. Em outra versão Constantino ordenou que, antes da batalha, o Chi Rho fosse pintado nos escudos de seus soldados. Com a vitória Constantino I se converteu ao cristianismo, embora só tenha sido batizado um quarto de século depois, no seu leito de morte.
Após sua conversão, Constantino I adotou importantes medidas voltadas ao cristianismo, como o Édito de Milão, que determinou a tolerância religiosa ao cristianismo pelo Império Romano. Medidas como essa foram importantes porque antes disso os cristãos eram perseguidos e mortos pelo império. Ele também foi responsável pela criação das bases do que é hoje a Igreja Católica, pela criação de diversas igrejas ao longo do Império Romano e pelo Concílio de Niceia, que estabeleceu a definição da Santíssima Trindade e os critérios de definição da data da Páscoa que usamos até hoje.
História de Constantinopla
Em 330 d.C. o imperador Constantino I fundou a cidade a qual chamou de Nova Roma, localizada no Estreito de Bósforo, estreito que separa a Ásia da Europa. Mais tarde a cidade foi rebatizada como Constantinopla, em homenagem ao seu fundador. Após a conquista muçulmana, em 1453, a cidade passou a ser chamada Istambul, nome utilizado ainda hoje.
Em 476 d.C., com a queda do Império Romano do Ocidente, Constantinopla se tornou a capital do Império Romano do Oriente, também chamado de Império Bizantino. Desde a sua fundação a cidade foi protegida por uma muralha que, nos séculos seguintes, foi ampliada para uma rede de três muralhas; elas ficaram em pé por mais de mil anos, até a conquista muçulmana.

Entre 532 e 537, foi construída em Constantinopla sua mais famosa construção, a Basílica de Hagia Sofia, também chamada de Santa Sofia. Por ordem do imperador Justiniano, a nova basílica foi construída para ser a mais importante igreja cristã do Oriente.
Durante toda a Idade Média Constantinopla foi sitiada e atacada dezenas de vezes, mas nenhum dos atacantes conseguiu transpor as suas muralhas. Isso mudou em 1453, quando tropas muçulmanas lideradas por Maomé II, utilizando os maiores canhões construídos até então, conseguiram destruir parte das muralhas e conquistar a cidade. Após a conquista, a cidade foi renomeada como Istambul, atual capital da Turquia.
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Sucessão de Constantino
Constantino I faleceu em 22 de maio de 337 d.C.; após sua morte, seus três filhos passaram a governar o império – Constantino II, Constâncio II e Constante. Constantino II governou a Grã-Bretanha e a Espanha; Constante governou a Gália, Itália e regiões da Europa Central; e Constâncio II, a parte Oriental do império.
Em pouco tempo os três filhos de Constantino I passaram a lutar pelo controle total do poder e, em 340, as tropas de Constantino II invadiram a Itália, na tentativa de derrubar o irmão, Constante. Este último venceu o irmão e passou a governar toda a parte Ocidental do império. Constantino II morreu na Batalha de Aquileia, a batalha decisiva do conflito.
Em 18 de janeiro de 350, o general Magnêncio liderou um golpe de Estado que derrubou Constâncio II. No Ocidente, Constante se negou a reconhecer o governo de Magnêncio, e as duas partes do império entraram em guerra, iniciando a Guerra Civil Romana (350-353).
As tropas de Constante levaram vantagem sobre as tropas de Magnêncio no último ano de guerra, conquistando a vitória definitiva em 3 de julho de 353, após vencerem a batalha em Lugduno, atual cidade de Lion, na França. Os relatos da época apontam que Magnêncio se suicidou ao ver que seria derrotado na batalha. Constante, assim como seu pai, passou a governar Roma sozinho.
Morte de Constantino
Constantino I faleceu em 22 de maio de 337, na cidade de Micomédia, atual Izmit, na Turquia. Ao se preparar para enfrentar os persas, Constantino I ficou doente, com febre alta e não conseguindo mais andar. Ele tentou retornar para Constantinopla, mas seus médicos preferiram que ele ficasse em Nicomédia, onde passou a ser tratado.
O estado de saúde de Constantino I piorou, e ele foi batizado como cristão no seu leito de morte. Após sua morte, foi enterrado em Constantinopla, na Igreja dos Apóstolos.
Qual o legado de Constantino?
Constantino I deixou dois legados importantes; o primeiro deles foi religioso, no que se refere ao cristianismo. Ele foi o primeiro imperador romano a se tornar cristão, também foi o primeiro a permitir o cristianismo no império e aquele que tornou o império, de fato, cristão. Na sua última década de vida, Constantino I edificou diversos templos cristãos, entre eles a primeira Basílica de São Pedro, no Vaticano, e as igrejas de Santa Sofia e dos Apóstolos, em Constantinopla. Sua mãe, Helena, também foi responsável pela edificação de diversos templos na região da Terra Santa, além de promover uma expedição à região que teria coletado diversas relíquias sagradas. Foi durante o reinado de Constantino I que ocorreu o Concílio de Niceia, responsável por criar as bases do cristianismo. Ele também criou a estrutura administrativa da Igreja Católica.
Outro legado de Constantino I foi político, com a construção da nova capital do império, Constantinopla. Com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, Constantinopla se tornou um bastião do cristianismo e das tradições greco-romanos. O Império Romano do Oriente ficou em pé por mais um milênio.
Curiosidades sobre Constantino
- Foi durante o governo de Constantino I que a primeira igreja cristã foi construída no Vaticano. O local foi escolhido por ser o local onde o apóstolo Pedro foi sepultado.
- Constantino I foi o fundador da Nova Roma, cidade que posteriormente passou a ser chamada de Constantinopla.
- Foi durante o governo de Constantino I que o cálculo do dia da Páscoa foi estabelecido, no Concílio de Niceia; nós utilizamos a mesma fórmula ainda hoje. A Páscoa sempre o ocorre no primeiro domingo após a primeira Lua cheia que ocorrer após o Equinócio de Primavera do Hemisfério Norte.
- O Édito de Milão, promulgado por Constantino I em 313, permitiu o cristianismo em todo o Império Romano.
- O pai de Constantino I, Constâncio I, foi o precursor da Dinastia Constantiniana, que governou o Império Bizantino nos seus anos iniciais.
- Muitas fontes sobre Constantino I chegaram aos nossos tempos, mas todas elas foram escritas por autores que foram patrocinados por Constantino I ou são fontes oficiais do Estado.
- Como ordenado em vida, Constantino I foi sepultado na Igreja dos Apóstolos, em Constantinopla. Ele foi sepultado entre os 12 apóstolos de Cristo. Os historiadores acreditam que nenhum apóstolo foi sepultado no local e que a farsa foi criada pelo imperador, considerado megalomaníaco por muitos.
Fontes
GOFF, Jaques Le. Em busca da Idade Média. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2016.
GOFF, Jaques Le. O Deus da Idade Média. Editora Record, São Paulo, 2006.
MANGO, Cyril. Bizâncio: o império da nova Roma. Editora Edições 70, São Paulo, 2018.
Ferramentas Brasil Escola
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