Martins Pena
Martins Pena foi um escritor brasileiro do século XIX conhecido por suas peças de teatro. Apesar de cronologicamente estar na segunda geração do romantismo, seu humor, sátira e crítica social aproximam-no da terceira. Ele escreveu cerca de 30 obras, muitas das quais são lidas e encenadas até hoje. Uma de suas peças mais famosas é O Noviço, publicada em 1853. Ele é patrono da cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras. Morreu precocemente, com 33 anos, de tuberculose.
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Resumo sobre Martins Pena
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Nasceu em 5 de novembro de 1815 no Rio de Janeiro.
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Ficou órfão de ambos os pais.
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Formou-se em Comércio em 1835.
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Estudou na Academia de Belas Artes.
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Consagrou-se na escrita de teatro, principalmente da comédia de costumes.
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É conhecido por seu humor e suas críticas sociais.
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Ganhou evidência com a peça O juiz de paz na roça (1838).
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Teve um breve envolvimento com a diplomacia.
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Faleceu precocemente de tuberculose.
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É patrono da cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras.
Biografia de Martins Pena
Luís Carlos Martins Pena nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 5 de novembro de 1815. Ele era filho de João Martins Pena e Francisca de Paula Julieta Pena, mas ficou órfão de pai com um ano e de mãe aos dez. Assim, foi criado por tutores que o incentivaram a ter uma vida voltada para o comércio.
Após formar-se no curso de Comércio em 1835, entrou na Academia de Belas Artes, onde estudou Arquitetura, Literatura e Teatro, além de dedicar-se à pintura. Foi lá que teve contato com professores franceses provenientes da missão cultural no Brasil. Também aprendeu outras línguas, o que facilitou seu ingresso na vida diplomática: três anos depois, começou a trabalhar no Ministério dos Negócios Estrangeiros e chegou a ser parte da Legação do Brasil em Londres.
Foi na produção de teatro que ele se consagrou como fundador da comédia de costumes. A comédia de costumes é um gênero teatral que surgiu na França, no século XVIII, e retrata, satiricamente, os costumes de uma sociedade, com suas regras, moral e a violação delas. A sátira e o humor são parte desse gênero, e seu principal autor é o francês Molière (1622-1673).
Pena ganhou evidência nessa área em 1838, quando sua peça O juiz de paz na roça (1838) foi encenada. A partir de então, escreveu cerca de 30 peças, das quais 20 foram publicadas, e alguns dramas (que não foram muito bem recebidos). Ele obteve sucesso imediato, principalmente pela relação bem-humorada que suas obras tinham com a realidade sócio-histórica. Ele presenciou e retratou momentos importantes, como a Independência do Brasil (1822) e a abdicação de D. Pedro I (1831), que foi representada em seu primeiro conto, “Um episódio de 1831” (1838).
De 1846 a 1847, escreveu críticas teatrais para o Jornal do Comércio, cujos textos foram reunidos e publicados posteriormente. Entretanto, faleceu precocemente em 7 de dezembro de 1848, com 33 anos. Pena contraiu tuberculose e faleceu em Lisboa, tentando voltar para o Brasil.
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Martins Pena na Academia Brasileira de Letras
Martins Pena é o patrono da cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele foi escolhido postumamente pelo fundador Artur Azevedo (1855-1908) por sua obra e a influência dela. A ABL foi fundada em 1897 e segue homenageando grandes intelectuais da área de Letras.
Características literárias de Martins Pena
Mesmo estando cronologicamente inserido nas produções da segunda geração do romantismo brasileiro, a escola literária da época, suas temáticas são mais próximas do que viria a ser a terceira geração, com as denúncias sociais e a diminuição da idealização.
São características das obras do autor:
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crítica social (principalmente da independência do Brasil, recém-conquistada);
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sátira;
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humor;
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foco em personagens populares e de áreas rurais;
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uso de personagens-tipo (aqueles que representam um estereótipo, como de uma profissão, nacionalidade, posição social etc.);
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temas recorrentes: farsas, casamentos, heranças, dívidas e intrigas.
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Principais obras de Martins Pena
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Vitiza ou O Nero de Espanha (1841)
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O juiz de paz da roça (1838)
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A família e a festa na roça (1840)
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O Judas no Sábado de Aleluia (1844)
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O namorador ou A noite de São João (1845)
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A barriga do meu tio (1846)
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Os ciúmes de um pedestre (1846)
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As desgraças de uma criança (1846)
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O dilletanti (1846)
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Os meirinhos (1846)
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Um segredo de Estado (1846)
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O caixeiro da taverna (1847)
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Os irmãos das almas (1847)
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Quem casa quer casa (1847)
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O noviço (1853)
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Os dois ou O inglês maquinista (1871)
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Comédias (1898)
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Teatro de Martins Pena, 2 vols. (1965)
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Folhetins: a Semana Lírica (1965)
O Noviço (1853)
O Noviço, peça encenada em 1845 e publicada oito anos depois, é uma das poucas de Martins Pena com três atos. Ela é do gênero da comédia e ainda é encenada atualmente. A narrativa começa com a história do casamento de Ambrósio, interesseiro, e Florência, uma viúva rica e mãe de Emília, Juca e tutora de Carlos. Este último, seu sobrinho, é o protagonista, o noviço. Apesar de endiabrado, é enviado ao convento por decisão de sua tia, influenciada pelo novo marido.
Com o plano de ficar com todo o dinheiro da família, Ambrósio também tenta colocar Emília em um convento para evitar o pagamento do seu futuro dote. Carlos, contudo, foge, já que quer seguir uma carreira militar e é apaixonado pela prima. Outra reviravolta acontece com o surgimento de Rosa, a primeira mulher de Ambrósio e da qual nunca se separou (não havia divórcio na época), contando que o marido havia fugido com seu dinheiro. Assim, conseguem salvar Emília e Juca (que parecia ter o mesmo destino do primo), e o casal obtém o matrimônio. Finalmente, Ambrósio é preso.
Essa é uma das obras mais conhecidas de Martins Pena, e sua construção é muito elogiada. Ela reflete características de sua escrita, como o humor, personagens-tipo e os temas de matrimônio e intrigas no amor.