Segunda geração do Romantismo

A segunda geração do romantismo brasileiro é um período literário que ficou conhecido como ultrarromantismo, pois é marcada pelo excesso sentimental. A poesia dessa geração apresenta caráter pessimista e tem o amor e a morte como principais temáticas. As obras dos autores da segunda geração valorizam o sentimentalismo e o escapismo. O principal poeta dessa geração é o paulista Álvares de Azevedo.

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Resumo sobre a segunda geração do romantismo brasileiro

  • A segunda geração do romantismo brasileiro é ultrarromântica ou byroniana.
  • Essa geração valoriza o pessimismo, a morbidez e o excesso sentimental.
  • Os autores ultrarromânticos também idealizam o amor e a mulher amada.
  • O poeta paulista Álvares de Azevedo é o principal nome da segunda geração romântica.
  • Lira dos vinte anos, Macário e Noite na taverna são as principais obras desse autor.

Características da segunda geração do Romantismo

A segunda geração romântica é marcada pela expressão da melancolia e do tédio. As obras dessa geração apresentam temas mórbidos, sofrimento amoroso, além da idealização da mulher e do amor. O exagero sentimental ou ultrarromantismo, a forte subjetividade, o individualismo também são características marcantes.

As obras da segunda fase romântica apresentam elementos sombrios, saudosismo, pessimismo, conflito existencial. Essa geração melancólica apresenta ideais de liberdade e coloca o sentimento amoroso acima da razão. Assim, para não encarar a dura realidade, opta pelo escapismo.

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Contexto histórico da segunda geração do Romantismo

A segunda geração do romantismo brasileiro esteve em evidência nos anos de 1853 a 1870, isto é, durante o Segundo Reinado (1840-1889), período em que o Brasil foi comandado pelo imperador D. Pedro II (1825-1891). Tal governo optou pela centralização política e pela economia agroexportadora.

Além disso, entre 1864 e 1870, o Brasil participou da Guerra do Paraguai. Para complicar, no século XIX, ocorreu uma epidemia de tuberculose, vitimando alguns autores românticos. Todo esse contexto gerou um clima de pessimismo e depressão, fazendo com que muitos autores buscassem temas sentimentais e a fuga da realidade.

Autores da segunda geração do Romantismo

Poeta brasileiro Álvares de Azevedo, o principal nome da segunda geração romântica. [imagem_principal]
Poeta brasileiro Álvares de Azevedo, o principal nome da segunda geração romântica.

Obras da segunda geração do Romantismo

  • Lira dos vinte anos (1853), de Álvares de Azevedo.
  • Inspirações do claustro (1855), de Junqueira Freire.
  • Macário (1855), de Álvares de Azevedo.
  • Noite na taverna (1855), de Álvares de Azevedo.
  • As primaveras (1859), de Casimiro de Abreu.
  • Cantos e fantasias (1865), de Fagundes Varela.

Poemas da segunda geração do Romantismo

O soneto abaixo, de Álvares de Azevedo, é do livro Lira dos vinte anos. O poema traz uma atmosfera sombria, mórbida e sensual. E retrata uma mulher pálida e nua, em um leito de flores, uma virgem, comparada à lua e a um anjo, uma mulher que não parece real, mas fruto de um sonho:

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada...
— Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti — as noites eu velei chorando
Por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!

O poema “Saudades”, de Casimiro de Abreu, faz parte do livro As primaveras. Nos versos românticos do poeta, é possível verificar o caráter sentimental, o saudosismo, a melancolia e um traço mórbido:

Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.

Então — proscrito e sozinho —
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
— Saudades — dos meus amores,
— Saudades — da minha terra!

Por fim, no poema “Resignação”, de Fagundes Varela, publicado no livro Cantos e fantasias, o eu lírico se compara a um cedro solitário e altaneiro. O poema é cheio de exclamações e reticências, marca de sentimentalismo e subjetividade. O cedro pode ser lido como uma metáfora do gênio, do poeta inadaptado da segunda geração romântica:

Sozinho no descampado,
Sozinho, sem companheiro,
Sou como o cedro altaneiro
Pela tormenta açoitado.

Rugi! tufão desabrido!
Passai! temporais de pó!
Deixai o cedro esquecido,
Deixai o cedro estar só!

Em meu orgulho embuçado,
Do tempo zombo da lei...
Oh! venha o raio abrasado,
— Sem me vergar... tombarei!

Gigante da soledade,
Tenho na vida um consolo:
Se enterro as plantas no solo,
Chego a fronte à imensidade!

Nada a meu fado se prende,
Nada enxergo junto a mim;
Só o deserto se estende
A meus pés, fiel mastim.

À dor o orgulho sagrado
Deus ligou num grande nó...
Quero viver isolado,
Quero viver sempre só!

E quando o raio incendido
Roçar-me, então cairei
Em meu orgulho envolvido,
Como em um manto de rei.

Segunda geração do romantismo em Portugal

O ultrarromantismo português teve seu auge entre 1840 e 1860, em um contexto histórico marcado por conflitos políticos advindos da transição do absolutismo para o constitucionalismo. Inspirados por escritores como Goethe (1749-1832) e Byron (1788-1824), os autores da segunda fase do Romantismo português supervalorizaram a emoção em detrimento da razão.

O romancista Camilo Castelo Branco (1825-1890), autor do famoso livro Amor de perdição, e o poeta Soares de Passos (1826-1860), autor do livro Poesias, são os principais nomes do ultrarromantismo português. Assim, além de Lord Byron, esses dois autores portugueses foram também fonte de inspiração para o ultrarromantismo brasileiro.

Leia também: O que marcou a terceira geração do romantismo brasileiro?

Exercícios sobre segunda geração do Romantismo

Questão 1 (Ufla)

A minha esteira

Aqui do vale respirando à sombra
Passo cantando a mocidade inteira...
Escuto no arvoredo os passarinhos
e durmo venturoso em minha esteira.

Respiro o vento, e vivo de perfumes
No murmúrio das folhas da mangueira;
Nas noites de luar aqui descanso
E a lua enche de amor a minha esteira.

Aqui mais bela junto a mim se deita
Cantando a minha amante feiticeira;
Sou feliz como as ternas andorinhas
E meu leito de amor é minha esteira!

Nem o árabe Califa, adormecendo
Nos braços voluptuosos da estrangeira,
Foi no amor da Sultana mais ditoso
Que o poeta que sonha em sua esteira!

Aqui no vale respirando à sombra
Passo cantando a mocidade inteira;
Vivo de amores; morrerei sonhando
estendido ao luar na minha esteira!

AZEVEDO, Álvares de. Melhores poemas. Seleção de Antonio Candido. Rio de Janeiro: Global, 2013.

A relação do “eu lírico” com a paisagem, no poema, revela:

A) a busca, na natureza, de um estado da alma.

B) o pitoresco nativismo da escola romântica.

C) o refúgio para lugares estrangeiros.

D) a simplicidade de um lugar pobre.

Resolução:

Alternativa A.

O eu lírico associa a natureza ao seu estado de alma, ou seja, em meio à natureza, ele se diz venturoso, amante ou apaixonado, feliz, sonhador.

Questão 2 (Ufla)

Leia o fragmento do poema de Álvares de Azevedo.

Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlace à dor vivente.
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente

[...]

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda.

Nos versos que compõem as estrofes, a temática essencial é revelada na

A) valorização das relações fugazes e na rejeição às formas artísticas parnasianas.

B) indiferença ante as formas naturais e no sentimento do amor exagerado.

C) valorização da morte e idealização da mulher, um ser inatingível.

D) rejeição às formas parnasianas e no ritmo cadenciado do poema.

E) oscilação típica do homem romântico e no medo da rejeição amorosa.

Resolução:

Alternativa C.

O trecho do poema de Álvares de Azevedo coloca em evidência a morte, nos primeiros versos. Em seguida, nos últimos versos, menciona uma virgem de sonho, uma mulher idealizada pelo eu lírico, um ser inatingível, já que não é real.

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

ABREU, Casimiro de. As primaveras. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000163.pdf.

AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

COSTA, Edson Tavares. Licenciatura em Letras/ Português: literatura portuguesa. Campina Grande: EDUEPB, 2011.

D. MARIA II. In: INFOPÉDIA. Disponível em: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$d.-maria-ii.

D. PEDRO V. In: INFOPÉDIA. Disponível em: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$d.-pedro-v.

FAGUNDES VARELA. Cantos e fantasias. São Paulo: Garraux, 1865.

FERNANDES, Cláudio. O “povo brasileiro” no Segundo Reinado. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/o-povo-brasileiro-no-segundo-reinado.htm.

HIGA, Carlos César. Segundo reinado. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/segundo-reinado.htm.

SILVA, Tallyson Tamberg Cavalcante Oliveira da. Das reminiscências trovadorescas na poesia de Álvares de Azevedo: um estudo do aspecto amoroso na Lira dos vinte anos. 2021. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ciências, Educação e Linguagens, Universidade Federal do Maranhão, Bacabal, 2021.

Publicado por Warley Souza

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