Fases do romantismo
As fases do romantismo em Portugal são três, isto é, uma fase nacionalista, outra ultrarromântica e uma fase pré-realista. No Brasil, a poesia da primeira fase é nacionalista e indianista, a da segunda fase é ultrarromântica, já a poesia social da terceira fase é pré-realista. Por fim, a prosa romântica brasileira é dividida em indianista, urbana, regional e histórica.
Leia também: Quais são os estilos de época que marcaram a história da literatura?
Resumo sobre as fases do romantismo
-
Fases do Romantismo português:
-
primeira fase (1825-1840) — nacionalista;
-
segunda fase (1840-1860) — ultrarromântica;
-
terceira fase (1860-1870) — pré-realista.
-
-
Fases da poesia romântica brasileira:
-
primeira fase (1836-1852) — nacionalista;
-
segunda fase (1853-1869) — ultrarromântica;
-
terceira fase (1870-1880) — pré-realista.
-
-
Tipos de narrativas românticas no Brasil:
-
indianista;
-
urbana;
-
regional;
-
histórica.
-
Fases do romantismo no Brasil
|
POESIA ROMÂNTICA BRASILEIRA |
||
|
FASE |
PERÍODO |
CARACTERÍSTICAS |
|
1ª |
1836-1852 |
Nacionalismo, caráter indianista, idealização da mulher e do amor, construção da identidade brasileira, enaltecimento da natureza e dos valores burgueses. |
|
2ª |
1853-1869 |
Ultrarromantismo ou exagero sentimental, sofrimento amoroso, idealização da mulher, escapismo, morbidez, pessimismo, saudosismo, melancolia. |
|
3ª |
1870-1880 |
Caráter pré-realista, crítica sociopolítica, realismo social, apelo emocional, uso intenso de hipérboles, vocativos e exclamações. |
|
PROSA ROMÂNTICA BRASILEIRA |
|
|
TIPO |
CARACTERÍSTICAS |
|
Indianista |
Nacionalismo, personagem indígena e heroico, amor e mulher idealizados, floresta como espaço da narrativa, vassalagem amorosa, reconstituição do passado histórico, construção da identidade brasileira, enaltecimento dos valores burgueses. |
|
Urbana |
Rio de Janeiro como espaço da narrativa, amor e mulher idealizados, exposição dos costumes burgueses, caráter melodramático, dificuldade para a realização amorosa. |
|
Regionalista |
Enaltecimento de alguma região do território brasileiro, amor e mulher idealizados, homem do campo como personagem heroico, valorização dos costumes conservadores do meio rural. |
|
Histórica |
Presença de personagens históricos e fictícios, além de acontecimentos históricos; idealização do amor e da mulher. |
|
CARACTERÍSTICAS DO TEATRO ROMÂNTICO BRASILEIRO |
|
Crítica sociopolítica, predominância das comédias, aspecto popular, nacionalismo, caráter irônico, crítica de costumes. |
Quais são as fases do romantismo em Portugal?
|
ROMANTISMO PORTUGUÊS |
||
|
FASE |
PERÍODO |
CARACTERÍSTICAS |
|
1ª |
1825-1840 |
Nacionalismo, fortalecimento da identidade portuguesa, resgate de mitos históricos, medievalismo, saudosismo, idealização. |
|
2ª |
1840-1860 |
Exagero sentimental, caráter pessimista, idealização, religiosidade, sofrimento amoroso, morbidez, melancolia, saudosismo. |
|
3ª |
1860-1870 |
Caráter pré-realista, temas sociais, sentimentalismo, ideais de liberdade e justiça. |
Principais autores do romantismo
→ Brasil
-
Gonçalves de Magalhães (1811-1882).
-
Martins Pena (1815-1848).
-
Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882).
-
Maria Firmina dos Reis (1822-1917).
-
Gonçalves Dias (1823-1864).
-
Bernardo Guimarães (1825-1884).
-
José de Alencar (1829-1877).
-
Manuel Antônio de Almeida (1830-1861).
-
Álvares de Azevedo (1831-1852).
-
Junqueira Freire (1832-1855).
-
Sousândrade (1833-1902).
-
Casimiro de Abreu (1839-1860).
-
Fagundes Varela (1841-1875).
-
Franklin Távora (1842-1888).
-
Visconde de Taunay (1843-1899).
-
Castro Alves (1847-1871).
→ Europa
-
Johann Wolfgan von Goethe (1749-1832) — alemão.
-
Lord Byron (1788-1824) — inglês.
-
Almeida Garrett (1799-1854) — português.
-
Alexandre Dumas (1802-1870) — francês.
-
Victor Hugo (1802-1885) — francês.
-
Alexandre Herculano (1810-1877) — português.
-
Camilo Castelo Branco (1825-1890) — português.
-
Soares de Passos (1826-1860) — português.
-
João de Deus (1830-1896) — português.
-
Júlio Dinis (1839-1871) — português.
Principais obras do romantismo
→ Brasil
-
Suspiros poéticos e saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães.
-
A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo.
-
Primeiros cantos (1846), de Gonçalves Dias.
-
Lira dos vinte anos (1853), de Álvares de Azevedo.
-
O noviço (1853), de Martins Pena.
-
Memórias de um sargento de milícias (1854), de Manuel Antônio de Almeida.
-
Inspirações do claustro (1855), de Junqueira Freire.
-
O guarani (1857), de José de Alencar.
-
Os timbiras (1857), de Gonçalves Dias.
-
O guesa errante (iniciado em 1858), de Sousândrade.
-
As primaveras (1859), de Casimiro de Abreu.
-
Úrsula (1859), de Maria Firmina dos Reis.
-
Vozes da América (1864), de Fagundes Varela.
-
Iracema (1865), de José de Alencar.
-
Inocência (1872), de Visconde de Taunay.
-
Senhora (1875), de José de Alencar.
-
A escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães.
-
O Cabeleira (1876), de Franklin Távora.
-
Os escravos (1883), de Castro Alves.
→ Europa
-
Os sofrimentos do jovem Werther (1774), de Goethe.
-
Don Juan (1819), de Lord Byron.
-
Camões (1825), de Almeida Garrett.
-
Eurico, o presbítero (1844), de Alexandre Herculano.
-
Os três mosqueteiros (1844), de Alexandre Dumas.
-
Poesias (1856), de Soares de Passos.
-
Amor de perdição (1862), de Camilo Castelo Branco.
-
Os miseráveis (1862), de Victor Hugo.
-
Flores do campo (1868) , de João de Deus.
-
As pupilas do Senhor Reitor (1867), de Júlio Dinis.
Exercícios sobre fases do romantismo
Questão 1 (Uflta)
A minha esteira
Aqui do vale respirando à sombra
Passo cantando a mocidade inteira...
Escuto no arvoredo os passarinhos
E durmo venturoso em minha esteira.
Respiro o vento, e vivo de perfumes
No murmúrio das folhas da mangueira;
Nas noites de luar aqui descanso
E a lua enche de amor a minha esteira.
Aqui mais bela junto a mim se deita
Cantando a minha amante feiticeira;
Sou feliz como as ternas andorinhas
E meu leito de amor é minha esteira!
Nem o árabe Califa, adormecendo
Nos braços voluptuosos da estrangeira,
Foi no amor da Sultana mais ditoso
Que o poeta que sonha em sua esteira!
Aqui no vale respirando à sombra
Passo cantando a mocidade inteira;
Vivo de amores; morrerei sonhando
Estendido ao luar na minha esteira!
AZEVEDO, Álvares de. Melhores poemas (seleção de Antonio Candido). Rio de Janeiro: Global, 2013.
A relação do “eu lírico” com a paisagem, no poema, revela:
A) a busca, na natureza, de um estado da alma.
B) o pitoresco nativismo da escola romântica.
C) o refúgio para lugares estrangeiros.
D) a simplicidade de um lugar pobre.
Resolução:
Alternativa A.
Nesse poema da segunda fase romântica, o eu lírico associa a natureza a um estado de alma por ele almejado. Afinal, o poema sugere que a felicidade expressa não passa de um sonho do eu lírico, inspirado pelo contato com a natureza.
Questão 2 (Unimontes)
Leia os textos a seguir.
São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar.
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança.
Uns olhos por que morri;
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Tem luz mais branda e mais forte,
Diz uma — vida, outra — morte;
Uma — loucura, outra — amor.
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão meigamente derramam
Tão facilmente se inflamam
Fogo e luz do coração;
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
DIAS, 2001, p. 121.
Faça uma leitura interpretativa do fragmento de texto retirado do poema Olhos verdes, de Gonçalves Dias, e assinale a alternativa que está INCORRETA.
A) Essas estrofes expressam um tom mórbido dos poetas da última geração romântica no Brasil.
B) A melodia é elemento recorrente na lírica romântica e está presente nas estrofes acima através das rimas, da aliteração e da assonância em alguns versos e do uso do refrão.
C) O eu lírico projeta na natureza um sentimento amoroso, de forma que os “olhos verdes” da amada se transformam na cor do mar, das esmeraldas e dos prados.
D) O poema exprime um tom que permite ao leitor capturar sugestivamente a atmosfera lírica do poema.
Resolução:
Alternativa A.
Gonçalves Dias é um poeta da primeira geração ou primeira fase do Romantismo brasileiro. Além disso, a morbidez é marca da segunda fase, sendo a terceira fase marcada pelo realismo social.
Fontes:
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
COSSON, Rildo; SCHWANTES, Cíntia. Romance histórico: as ficções da história. Itinerários, Araraquara, v. 23, p. 29-37, 2005.
COSTA, Edson Tavares. Licenciatura em Letras/ Português: literatura portuguesa. Campina Grande: EDUEPB, 2011.
GOMES, Carlos Magno Santos; RAMALHO, Christina Bielinski. Literatura portuguesa I. São Cristóvão: UFS, 2009.
GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.
GUERREIRO, Emanuel. O nascimento do Romantismo em Portugal. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 1, n. 17, p. 66-82, jul. 2015.
INSTITUTO CAMÕES. Literatura portuguesa. Disponível em: http://cvc.instituto-camoes.pt/literatura/historialit.htm.
MARQUES, Wilton Jose. Alexandre Herculano e A voz do profeta. Navegações, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 40-47, jan./ jun. 2012.
RAMALHO, Christina Bielinski; RAMOS, Magna Maria de Oliveira; CARVALHO, Maria Leônia Garcia Costa. Literatura portuguesa II. São Cristóvão: UFS, 2010.
VALENÇA, Ana Maria Macedo; RAMOS, Magna Maria de Oliveira; CARVALHO, Maria Leônia Garcia Costa. Literatura portuguesa III. São Cristóvão: UFS, 2011.