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Maria Stuart

Maria Stuart nasceu na Escócia, tornando-se rainha desse país com poucos dias de vida. Foi rainha consorte da França, onde passou vários anos de sua juventude. Ao retornar para sua terra natal, encontrou-a dividida pelas disputas religiosas e acabou perdendo o trono após a morte de seu marido. Fugiu para a Inglaterra, e lá se tornou prisioneira de Elizabeth I. Foi decapitada, em 1586, por conspirar contra a rainha inglesa.

Acesse também: Guerra das Rosas, o conflito dinástico que dividiu a Inglaterra no século XV

Nascimento e infância

Maria Stuart, também conhecida como Maria, Rainha dos Escoceses ou Maria I da Escócia, nasceu no dia 8 de dezembro de 1542, no Palácio de Linlithgow, na Escócia. Seus pais eram James V, o rei da Escócia, e Marie de Guise. Ela foi a única filha do casal a sobreviver à infância e era sobrinha-neta de Henrique VIII, rei da Inglaterra.

Palácio de Linlithgow, onde Maria Stuart nasceu, em 1542.
Palácio de Linlithgow, onde Maria Stuart nasceu, em 1542.

Esse parentesco vinha de seu pai, filho de Margaret Tudor, irmã do rei inglês, o que fazia de James V sobrinho de Henrique VIII. Maria Stuart tornou-se rainha escocesa com apenas seis dias de vida porque seu pai faleceu em 14 de dezembro de 1542, devido a uma doença misteriosa contraída durante a guerra contra os ingleses.

Como Maria Stuart era uma recém-nascida, o governo da Escócia ficou nas mãos de regentes até que ela tivesse a idade para reinar. Com seis meses de idade, ela foi prometida em casamento a Edward, filho do rei inglês Henrique VII. Essa promessa foi acertada por meio do Tratado de Greenwich.

O acordo entre Escócia e Inglaterra não foi aprovado pelo Parlamento escocês, e o casamento foi anulado. Como consequência, os ingleses declararam guerra à Escócia em 1543, iniciando-se um novo conflito entre os países. Essa guerra ficou conhecida como Rough Wooing e estendeu-se por oito anos.

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Por conta da piora nas relações com a Inglaterra, os escoceses buscaram apoio na França. Os franceses apoiaram os escoceses na guerra, mas exigiram o casamento de Maria Stuart com o filho de Henrique II, rei da França. Assim, o Parlamento escocês aprovou o casamento de Maria Stuart com Francisco, príncipe da França.

Período na França

Ao longo de sua vida, Maria Stuart casou-se três vezes e teve um filho. Morreu decapitada em 1587.
Ao longo de sua vida, Maria Stuart casou-se três vezes e teve um filho. Morreu decapitada em 1587.

O acordo foi concluído e recebeu o nome de Tratado de Haddington, assinado em julho de 1548. Maria Stuart tinha seis anos incompletos e, por conta do tratado, foi obrigada a mudar-se para a França. Lá ela recebeu a educação necessária até que seu casamento com Francisco, futuro rei da França, fosse realizado. Marie de Guise, sua mãe, ficou na Escócia como regente do reino.

Em 1558, aos 16 anos incompletos, ela se casou na Catedral de Notre Dame com Francisco e, em julho de 1559, ambos se tornaram rei e rainha da França após o falecimento de Henrique II. Com isso, Francisco foi coroado Francisco II e Maria Stuart tornou-se rainha consorte da França, o que significava que ela não tinha poderes como governante.

Antes de tornar-se rainha da França, Maria Stuart reivindicou seu direito ao trono inglês depois que Maria I da Inglaterra faleceu, em 1558. Por lei, uma das filhas de Henrique VIII, Elizabeth, tinha o direito de suceder ao trono inglês, mas as disputas religiosas travadas no interior da Inglaterra fizeram com que muitos apoiassem Maria Stuart.

Essas disputas envolviam protestantes e católicos, sendo que os protestantes apoiavam Elizabeth e os católicos apoiavam Maria Stuart. Sabendo disso, Maria Stuart reivindicou o trono inglês e foi apoiada por Henrique II da França. Seu desejo pelo poder inglês tornou-se um entrave nas suas relações com Elizabeth I, que o assumiu em 1558.

Saiba mais: Anglicanismo, reforma religiosa inglesa ocorrida no século XVI

Retorno à Escócia

O casamento de Maria Stuart com Francisco II durou muito pouco porque ele faleceu, em 1560, acredita-se que por uma infecção de ouvido. Nove meses depois, ela retornou para a Escócia e encontrou seu reino em uma situação caótica por conta das disputas religiosas entre católicos e protestantes.

A rivalidade religiosa na Escócia era muito grande, e, surpreendentemente, Maria Stuart não tomou nenhuma ação para conter o avanço dos protestantes entre os cargos mais importantes do reino. Seu próprio conselho privado era composto, em sua maioria, por protestantes, e alguns historiadores apontam que sua falta de interesse em ampliar sua base de apoio na Escócia sugere que ela tinha foco maior no trono inglês.

  • Casamentos

Na Escócia, Maria Stuart casou-se novamente, e os dois casamentos que ela contraiu causaram polêmica, sendo cruciais para que ela perdesse apoio no seu país e, eventualmente, o trono. Em 1565, ele se casou com Lorde Darnley, um nobre da Inglaterra, católico e descendente de Henrique VIII, tio-avó de Stuart.

Com esse casamento, Lorde Darnley tornou-se rei consorte da Escócia. Nessa posição, ele tinha o título real, mas não tinha poderes de governante, assim como Maria Stuart quando foi rainha consorte na França. Desse casamento nasceu o único filho de Maria Stuart, James Charles Stuart.

Logo a relação entre Maria Stuart e seu marido começou a ficar ruim porque ele desejava ser algo além de rei consorte. Ele queria ter os poderes governamentais a que só sua esposa tinha direito e, por isso, começou a exigir dela a divisão do trono escocês, o que ela rejeitou. Lorde Darnley então se envolveu em uma conspiração secreta contra a sua própria esposa.

Em março de 1566, os conspiradores assassinaram um conselheiro da rainha. O ato foi realizado na frente dela, durante um jantar no Palácio de Holyrood. A rainha, no entanto, convenceu seu marido a abandonar a conspiração, e ambos fugiram para outro palácio, onde ficaram alguns dias.

O casamento, em teoria, continuou, mas, na prática, a relação nunca mais foi a mesma. Meses depois, Lorde Darnley recuperava-se de uma doença, possivelmente varíola, e uma explosão seguida de um incêndio, no palácio que ele estava, causou sua morte em fevereiro de 1567. As suspeitas da morte recaíram sobre James Hepburn, suposto amante da rainha na ocasião.

Meses depois dessa tragédia, Maria Stuart e James Hepburn casaram-se, mas essa união não agradou à nobreza inglesa. A insatisfação dava-se pelo fato da rainha casar-se com o suspeito de ter assassinado Lorde Darnley. Não existe comprovação, mas alguns historiadores sustentam que provavelmente Maria Stuart e James Hepburn estavam por trás da morte de Lorde Darnley.

Acesse também: Revolução Gloriosa e o fim do absolutismo na Inglaterra

Últimos anos

A rainha inglesa Elizabeth I manteve Maria Stuart como sua prisioneira por quase duas décadas.
A rainha inglesa Elizabeth I manteve Maria Stuart como sua prisioneira por quase duas décadas.

O novo casamento da rainha chocou a nobreza escocesa, e nobres protestantes e católicos uniram-se para promover sua deposição. Em julho de 1567, ela foi forçada a renunciar, e o trono foi deixado para seu filho (futuro James VI da Escócia). Como ela não conseguiu retomar o poder, decidiu fugir do país no ano seguinte. Ela poderia ter ido para a França, mas decidiu ir para a Inglaterra pedir ajuda a Elizabeth I.

Na Inglaterra, Maria Stuart foi bem recebida pela rainha inglesa, mas a verdade é que a presença da escocesa era uma ameaça para a anfitriã, que logo converteu sua hóspede em prisioneira. Maria Stuart então foi isolada por 19 anos. Manteve uma vida luxuosa, mas sempre como prisioneira da prima inglesa.

Em 1586, Maria Stuart foi acusada de conspirar pela morte de Elizabeth I, e por isso foi levada a julgamento, sendo condenada por traição. A sentença determinou sua execução por decapitação, cumprida em 8 de fevereiro de 1587. Sua decapitação ficou marcada por dois erros do carrasco, que, ao errar os golpes, deu alguns momentos de agonia extrema para a antiga rainha escocesa.

Décadas depois, seu filho James seria o responsável por unificar, momentaneamente, os tronos inglês e escocês. Ele foi rei da Escócia (como James V da Escócia), a partir de 1567, e rei da Inglaterra (como James I da Inglaterra), a partir de 1603.

Publicado por Daniel Neves Silva

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