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Guerra das Rosas

A Guerra das Rosas foi um conflito que aconteceu na Inglaterra, entre os anos de 1455 e 1485, pela disputa do trono inglês entre as dinastias Lancaster e York. Essa guerra está diretamente relacionada à Guerra dos Cem Anos, na qual ingleses e franceses travaram uma luta ferrenha e desgastante. A derrota da Inglaterra fez com que a nobreza inglesa acusasse o rei Henrique VI de ser fraco politicamente e de sofrer de doenças psíquicas que o levariam à loucura.

Essas guerras estão inseridas na transição da Idade Média para a Idade Moderna, quando a Europa assistiu à formação das monarquias nacionais. Os reis, que até então tinham apenas funções militares, buscavam o poder político para tornarem-se monarcas absolutistas nesses reinos em formação. Se, de um lado, observou-se a movimentação de monarcas para deterem o poder total em seus reinos, por outro lado, a nobreza buscava participar de forma efetiva dessa formação dos estados nacionais e tentava influir na escolha dos reis.

As dinastias buscavam influenciar na escolha do novo rei ou derrubar o monarca que não correspondesse aos seus anseios. A sucessão real era um fator decisivo não somente para os destinos do reino como para aqueles que poderiam escolher o novo soberano. Por isso, as dinastias buscavam ampliar seus arcos de aliança ao realizarem casamentos entre seus filhos, no intuito de perpetuarem o domínio dinástico.

A guerra terminou com a chegada de Henrique VII, um Lancaster, ao poder. Para cessar o conflito entre as dinastias protagonistas da Guerra das Rosas, houve o matrimônio. Henrique casou-se com Elizabeth, uma York, dando início à dinastia Tudor.

Leia também: Regimes de governo – modo como um governo estabelece suas formas de poder

Origem do nome “Guerra das Duas Rosas”

No século XV, a Inglaterra era formada por diversas dinastias, ou seja, famílias que buscavam interferir na escolha do rei que ocuparia o trono inglês. A Guerra das Rosas tem esse nome por causa dos símbolos das duas famílias nela envolvidas: a dinastia York, simbolizada pela rosa branca, e a dinastia dos Lancaster, representada pela rosa vermelha. Alguns estudiosos denominam esse conflito como “Guerra das Duas Rosas”, em uma referência aos símbolos dinásticos.

Símbolos das dinastias Lancaster (à esquerda) e York (à direita).

Contexto da Guerra das Rosas

A Guerra das Rosas está inserida nos vários conflitos que marcaram a transição da Idade Média para a Idade Moderna. A centralização política tornou-se a solução para a crise que levou ao fim do período medieval na Europa ocidental.

Os reis tiveram papel decisivo na formação dos estados nacionais, e a nobreza dinástica tentava a todo custo apontar o rei que ocuparia o trono. Além disso, essa guerra está diretamente ligada à Guerra dos Cem Anos (1337-1452), confronto envolvendo Inglaterra e França. Os ingleses foram derrotados e perderam vasto território para os franceses. Essa derrota colocou em cheque o reinado de Henrique VI.

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As famílias York e Lancaster tinham a mesma origem. Ambas pertenciam à dinastia dos Plantageneta. A aproximação dos integrantes das famílias dava-se mediante casamentos, no intuito de manterem-se no poder. Ao mesmo tempo, a não realização do matrimônio poderia desencadear uma crise no reino.

  • Dinastia Lancaster

A dinastia Lancaster governou a Inglaterra entre os anos de 1399 a 1471. Tal como os York, os Lancaster vieram da dinastia Plantagenetas. Essa proximidade de famílias deu-se pelos casamentos entre seus membros como forma de acordo político. O símbolo dessa dinastia era uma rosa vermelha. Os Lancaster chegaram ao poder em 1399, logo após a derrubada de Ricardo III do comando. Os reis que governaram a Inglaterra e que eram originários dessa dinastia são: Henrique IV (1399-1413), Henrique V (1413-1422) e Henrique VI (1422-1461 e 1470-1471).

  • Reinado de Henrique VI

Rei Henrique VI
Rei Henrique VI.

Henrique VI foi um rei inglês pertencente à dinastia Lancaster. Foi durante o seu reinado que a Inglaterra perdeu a Guerra dos Cem Anos para a França. Essa derrota demonstrou a fraqueza política do rei bem como ressaltou sua loucura devido a doenças psíquicas. Esses problemas motivaram a dinastia York a agir e lutar contra a permanência de Henrique VI no poder.

Ricardo, duque de York, tornou-se lorde protetor, e assumiu o poder provisoriamente enquanto o rei recuperava-se de sua enfermidade. Com a saúde restabelecida, Henrique VI exigiu que Ricardo devolvesse o comando, mas este se recusou. Essa disputa pelo poder da Inglaterra desencadeou a Guerra das Rosas.

Veja também: Filosofia política – área do conhecimento que promove a teorização sobre a política

Início da Guerra das Rosas

A Guerra das Rosas começou em 22 de maio de 1455, durante a Batalha de Saint Albans, na qual as tropas do rei Henrique VI entraram em confronto com Ricardo, da dinastia York. O exército real foi derrotado, e o monarca, preso. Da prisão, Henrique VI foi obrigado a reconhecer Ricardo como lorde protetor.

Apesar desse reconhecimento, o confronto entre os York e os Lancaster não cessou. Em dezembro de 1460, em Wakerfield, os Lancaster tiveram uma vitória importante ao capturarem e matarem Ricardo e seu filho, Edmundo.

  • Deposição de Henrique VI

A morte de Ricardo não apaziguou os ânimos. Seu filho, Eduardo, herdou o título de duque de York e estava decidido a continuar a guerra contra os Lancaster e a vingar a morte do pai contando com o apoio do Conde de Warwick, Ricardo de Neville. Durante a Batalha de Towton, os York conseguiram emplacar uma derrota aos Lancaster.

O rei Henrique VI, logo após a derrota, fugiu para a Escócia, e Eduardo foi coroado rei inglês com o nome de Eduardo IV. Os Lancaster não reconheceram o novo reinado inglês e persistiram na luta até 1465, quando o antigo rei Henrique IV foi preso na Torre de Londres.

  • Reinado de Eduardo IV

Eduardo IV começou seu reinado na Inglaterra em junho de 1465 e contou com o apoio de Ricardo de Neville, conde de Warwick, porém esse apoio não foi duradouro. Como o casamento era uma peça importante no arranjo político europeu da época, qualquer enlace matrimonial poderia desencadear uma crise político-militar ou a formação de um acordo político vantajoso.

O rei Eduardo IV casou-se com Elizabeth Woodville, pertencente à pequena nobreza inglesa. Essa união irritou Ricardo de Neville por causa do seu plano de casamento para o rei com a filha de Luís XI, rei da França.

O casamento real inglês promoveu os Woodville em detrimento aos Neville. Novamente as dinastias entrariam em confronto. Sentindo-se humilhado pelo rei, Ricardo de Neville rompeu relações com Eduardo IV e aproximou-se da dinastia Lancaster, inimiga do rei inglês, que era um York.

Em 1470, o conde de Warwick iniciou uma revolta contra Eduardo IV, que teve de refugiar-se na Holanda e, em seguida, na Borgonha. Essa fuga do rei promoveu o retorno de Henrique VI ao poder na Inglaterra. No ano seguinte, Eduardo IV, com o apoio de Carlos, duque de Borgonha, invadiu a Inglaterra e restaurou seu comando. Os Lancaster tentaram reagir na Batalha de Tewkesbury, mas foram derrotados. Eduardo IV, ao vencer os Lancaster, ordenou a execução de Henrique VI.

Eduardo IV.
Eduardo IV.

Fim da Guerra das Rosas

Após a vitória nessas batalhas, Eduardo IV governou o reino inglês até a sua morte, em 1483. Seu herdeiro, Eduardo V, não assumiu o trono por ter, na época, apenas cinco anos de idade. Ricardo, duque de Gloucester, tio de Eduardo V, foi nomeado lorde protetor por causa disso. Novamente a sucessão inglesa seria conflituosa. O duque de Gloucester mandou prender seu sobrinho e assumiu o trono inglês, tornando-se o rei Ricardo III até 1485.

Mais uma vez, as dinastias brigariam pelo controle. Henrique de Tudor, da dinastia Lancaster, organizou suas tropas e invadiu a Inglaterra em 1485. Ricardo III reagiu à invasão de Tudor, iniciando-se a Batalha de Bosworth Field. Henrique Tudor derrotou Ricardo III e tornou-se o novo rei da Inglaterra, promovendo também o retorno dos Lancaster ao poder.

Após inúmeros conflitos dinásticos, novamente o casamento mostrou-se eficaz para um arranjo político. Desta feita, para unir as dinastias que, durante muitos anos, entraram em confronto armado pela disputa do trono inglês. O casamento do rei Henrique Tudor, dos Lancaster, com Elizabeth, dos York, selou a união dinástica, iniciando-se a dinastia Tudor no reino da Inglaterra.

Consequência da Guerra das Rosas

A consequência da Guerra das Rosas é a formação de uma monarquia absolutista na Inglaterra. O monarca, a partir de então, exerceria seu poder de forma absoluta contando com a fidelidade de seus súditos e o apoio da nobreza. O rei deixa de ser apenas um chefe militar, como o era na Idade Média, para tornar-se o poderoso absoluto em seu reino durante a Idade Moderna.

1ª flor, Lancaster; 2ª, York; 3ª, Tudor
1ª flor, Lancaster; 2ª, York; 3ª, Tudor.

Resumo sobre a Guerra das Rosas

  • A Guerra das Rosas foi um confronto dinástico entre os Lancaster e os York pelo trono inglês entre os anos de 1455 a 1485.

  • Os casamentos eram realizados como acordos políticos, objetivando-se a sucessão real.

  • Foram décadas de intensos conflitos, com idas e vindas de ambas as dinastias no poder da Inglaterra.

  • Os York e os Lancaster só cessaram seus confrontos com a união das duas dinastias por meio do casamento do rei Henrique de Tudor, um Lancaster, com Elizabeth, dos York.

Acesse também: Revolução Gloriosa – revolução responsável pela queda do absolutismo inglês

Exercícios resolvidos

Questão 1 - A Guerra das Rosas está inserida na transição da Idade Média para a Idade Moderna, quando acontecia na Europa a formação dos estados nacionais. Foi um período também de intensas batalhas entre os reinos europeus. Uma guerra que movimentou a Europa e que está ligada à Guerra das Rosas foi:

a) Guerra dos Cem Anos

b) Guerra dos Trinta Anos

c) Guerra entre Lancaster e York

d) Batalha de Waterloo

Resolução

Alternativa A. A Guerra dos Cem Anos foi um conflito entre França e Inglaterra entre 1337 e 1453. O rei inglês Henrique VI perdeu a guerra para os franceses, demonstrando sua incapacidade política e militar para manter-se no poder. Essa fraqueza real foi um dos motivos para a Guerra das Rosas, pois as dinastias York e Lancaster disputavam o trono inglês.

Questão 2 - Os Lancaster e os York foram duas dinastias inglesas que protagonizaram a Guerra das Rosas. Assinale a alternativa correta que aponta o desfecho desse conflito dinástico:

a) Os Lancaster derrotaram os York e decidiram exterminar do reino inglês qualquer cidadão pertencente à dinastia inimiga.

b) Henrique Tudor derrotou Ricardo III e tornou-se rei da Inglaterra, unindo Lancaster e York.

c) Foi necessária a interferência da França na Inglaterra para cessar-se a batalha entre Lancaster e York.

d) Os Lancaster e os York foram derrotados pelos Tudor, iniciando-se uma dinastia totalmente afastada das duas derrotadas.

Resolução

Alternativa B. A ascensão de Henrique Tudor ao poder inglês cessou o conflito entre Lancaster e York. O novo rei era da dinastia Lancaster e casou-se com Elizabeth, da dinastia York, unificando as duas famílias e inaugurando a dinastia Tudor.

Publicado por Carlos César Higa
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