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Revolução Gloriosa

A Revolução Gloriosa, ocorrida em 1688, foi a primeira revolução burguesa da história, além de ser responsável pela queda da dinastia Stuart na Inglaterra.
Com a Revolução Gloriosa, Maria Stuart, filha de Jaime II, foi coroada rainha da Inglaterra.
Com a Revolução Gloriosa, Maria Stuart, filha de Jaime II, foi coroada rainha da Inglaterra.

A Revolução Gloriosa é o nome que se dá para os acontecimentos que levaram à deposição de Jaime II e à coroação de Guilherme de Orange e Maria Stuart como rei e rainha da Inglaterra. A Revolução Gloriosa ocorreu em 1688 e foi uma das etapas da Revolução Inglesa, além de ter sido responsável pela queda do absolutismo na Inglaterra. A monarquia absolutista inglesa transformou-se em uma monarquia constitucional, que consolidou o domínio da burguesia na Inglaterra.

Leia também: Como funcionava uma teoria que justificava o poder dos reis absolutistas

Revolução Puritana

Para o entendimento dos acontecimentos da Revolução Gloriosa, é necessária uma retrospectiva na história da Inglaterra. É importante, primeiramente, uma curta abordagem sobre a Revolução Puritana, também conhecida como Guerra Civil Inglesa. Esse acontecimento marcou a deposição de Carlos I, rei pertencente à dinastia Stuart.

A Revolução Puritana foi resultado do choque de interesses que existia entre o Parlamento e o rei da Inglaterra. O rei, naturalmente, queria manter seu poder por meio de uma monarquia absolutista, enquanto os parlamentares ingleses tinham interesse em transformar o país em uma monarquia constitucional baseada nos ideais liberais que favoreceriam a burguesia.

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O choque entre os parlamentares e o rei inglês levou à Guerra Civil Inglesa, processo que se estendeu pela década de 1640 e resultou na deposição do rei e na sua execução em 1649. Oliver Cromwell destacou-se nesse período e acabou tornando-se ditador da Inglaterra na década seguinte, na república ditatorial conhecida como Commonwealth.

Os atritos entre o rei e o Parlamento concentraram-se, principalmente, na questão dos impostos. Carlos I desejava aumentá-los para aumentar também as receitas do reino, mas o Parlamento inglês recusava-se a ceder tal aumento ao rei. Assim, em 1629, o rei resolveu dissolver o Parlamento e governou de maneira independente até 1640.

Em 1640, o rei resolveu restaurar o Parlamento novamente para aprovar o aumento dos impostos a fim de financiar sua guerra contra os escoceses. A ação do Parlamento inglês em relação ao rei foi mais inflexível ainda, e, assim, rei e Parlamento entraram em guerra. Como mencionado, essa guerra levou à derrocada de Carlos I e sua decapitação na data citada.

Restauração monárquica

Oliver Cromwell foi ditador da Inglaterra entre 1653 e 1658, em um período conhecido como Commonwealth.
Oliver Cromwell foi ditador da Inglaterra entre 1653 e 1658, em um período conhecido como Commonwealth.

Após a derrubada da monarquia, a Inglaterra tornou-se uma República que, a princípio, foi governada pelo próprio Parlamento, mas que, depois, caiu nas mãos de Oliver Cromwell, que implantou uma ditadura no país entre 1653 e 1658. Com o falecimento de Oliver Cromwell, em 1658, seu filho Richard Cromwell assumiu o poder, mas permaneceu poucos meses na função.

Após a saída de Richard, o poder retornou ao Parlamento, que resolveu devolvê-lo aos Stuart. Assim, os parlamentares convidaram Carlos II, filho do rei decapitado, para assumir o trono da Inglaterra em 1660. Carlos II só assumiu o trono inglês porque concordou em governar o país com poderes reduzidos, em uma demonstração de força do Parlamento inglês e de que o absolutismo não seria permitido novamente.

Carlos II, no entanto, mostrou-se disposto a criar as condições para o retorno do absolutismo na Inglaterra, além de ter-se aproximado dos católicos. Os atritos entre rei e Parlamento retornaram e, em 1681, o Parlamento foi novamente dissolvido e assim permaneceu até o falecimento do rei, que aconteceu em 1685.

Nesse ano, o trono foi transmitido para Jaime II, irmão de Carlos II. A sucessão do trono para o irmão aconteceu porque Carlos I não teve filhos legítimos. Jaime II, durante o seu reinado, manteve suas ações alinhadas com o que Carlos I havia praticado, e isso reforçou os conflitos entre rei e Parlamento.

Revolução Gloriosa

Em 1688, Guilherme de Orange levou tropas para a Inglaterra e forçou Jaime II a fugir do país.
Em 1688, Guilherme de Orange levou tropas para a Inglaterra e forçou Jaime II a fugir do país.

Como mencionado, Jaime II manteve suas ações alinhadas com as ações realizadas por Carlos II. Ele, então, além de procurar reforçar seus poderes absolutistas, também tentou fortalecer o catolicismo na Inglaterra. As duas ações desagradaram ao Parlamento, pois seus membros advogavam a ideia da Inglaterra ser uma monarquia constitucional parlamentarista e praticavam o Puritanismo (nome pelo qual era conhecido o Calvinismo na Inglaterra).

O estopim para que o Parlamento se voltasse contra o rei foi o nascimento de seu filho, Jaime Eduardo. O nascimento do herdeiro do rei tornava eminente o risco de que o poder na Inglaterra fosse perpetuado em uma dinastia católica. Desse modo, o Parlamento resolveu agir e começou a conspirar pela derrubada do rei.

Os dois partidos do Parlamento — Whig e Tory — resolveram convidar Maria Stuart, filha do rei, e seu marido, Guilherme de Orange, para que se unissem contra Jaime II. O convite foi realizado, principalmente, porque os dois eram calvinistas, assim como os parlamentares. Ambos aceitaram participar dessa conspiração.

Assim, em 1688, Guilherme de Orange levou tropas para a Inglaterra e forçou Jaime II a fugir da França com sua esposa, Maria de Módena, após ver suas próprias tropas voltaram-se contra sua figura real. Jaime II exilou-se na França, local onde permaneceu pelo resto de sua vida. Maria Stuart e Guilherme de Orange foram então coroados rainha e rei da Inglaterra. Essa transição de poder “pacífica”, isto é, sem o derramamento de sangue, ficou registrada na história inglesa como Revolução Gloriosa.

Acesse também: Entenda por que a Inglaterra foi pioneira da Revolução Industrial

Importância da Revolução Gloriosa

A Revolução Gloriosa é um marco na história da Inglaterra e também do mundo. Primeiramente, se considerarmos a revolução aqui abordada dentro do contexto da Revolução Inglesa, perceberemos que se trata da primeira revolução burguesa da história. A mobilização da burguesia tinha como objetivo combater os privilégios da nobreza típicos do feudalismo e do absolutismo, que impediam o desenvolvimento econômico burguês. No século seguinte, novas revoluções burguesas aconteceram — como a Revolução Francesa.

A monarquia constitucional parlamentarista da Inglaterra consolidou-se por meio da Declaração dos Direitos de 1689 (Bill of Rights). Guilherme de Orange e Maria Stuart, antes de serem coroados rei e rainha, tiveram que assinar o termo jurando obediência a ele. A Declaração dos Direitos era um dispositivo legal que criava condições para impedir o retorno do absolutismo na Inglaterra.

Ela decretava, por exemplo, que:

  • os impostos na Inglaterra só sofreriam aumento com a aprovação do Parlamento;

  • o Parlamento decidia sobre a sucessão do trono;

  • os reis não tinham direito de alterar as normas do comércio inglês;

  • a liberdade de expressão não poderia ser coibida pelos reis;

  • tornava-se proibido o rei expropriar propriedades privadas.

A Revolução Gloriosa foi importante para a história da Inglaterra, pois criou as condições políticas que permitiram o desenvolvimento da burguesia. Esta passou a investir no desenvolvimento tenológico e científico, que foi fundamental para que a Inglaterra se tornasse o país pioneiro no processo de desenvolvimento industrial conhecido como Revolução Industrial. Isso, em longo prazo, transformou a Inglaterra na maior potência industrial e comercial do mundo no século XIX.

Publicado por Daniel Neves Silva
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