Teu ou seu?
O uso dos pronomes possessivos teu e seu, assim como tantos outros assuntos que se relacionam aos fatos linguísticos, representa alvo de distintos questionamentos por parte de alguns usuários. Assim sendo, o artigo em questão tem por finalidade abordar acerca de alguns pormenores que a tais pronomes se ligam, no sentido de deixar você, caro usuário (a), ciente destes, e evitar, assim, que algumas incoerências ocorram no momento que deles fizer uso.
Para tanto, observaremos alguns fragmentos de um conhecido poema de Carlos Drummond de Andrade:
Procura da poesia
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
[...]
Constatamos que as formas verbais fazem referência, respectivamente, à segunda pessoa do singular (tu) e à segunda pessoa do plural (vós). Mediante o que nos ensina a gramática, quando a intenção do emissor fizer referência à segunda pessoa do singular, deve-se usar os pronomes “teu, tua, teus, tuas”.
Os pronomes “seu, sua, seus e suas” referem-se à terceira pessoa do singular, portanto “ele/ela”. Nesse sentido, cabe ressaltar que no caso dos pronomes há um fato de extrema relevância – a ocorrência da segunda pessoa indireta – que nada mais é do que empregar um pronome de tratamento, usado no trato familiar, no lugar da terceira pessoa do singular, atribuindo-lhe os possessivos “seu, sua, suas, seus”. Perceba o enunciado:
Você lavou seu carro ontem? Constatamos que nada há de anormal.
Agora, vejamos este outro.
Ele lavou seu carro ontem. Ora, de quem é o carro? Da pessoa com quem se fala ou da pessoa de quem se fala?
Há aí um caso relativo à ambiguidade, portanto precisa ser evitado. Assim sendo, deveríamos dizer:
Ele lavou o carro dele ontem.
Constatou a diferença? Portanto, somente faça uso dos pronomes quando eles estiverem adequados às pessoas do discurso convenientes, ou seja: “teu” faz referência à segunda pessoa do singular, tendo em vista a forma verbal adequada; e “seu” à segunda pessoa indireta.