O pau-brasil na economia colonial
Antes da efetiva colonização do Brasil, que começou, de fato, na década de 1530 com a montagem do sistema mercantilista, o produto que trouxe maior rentabilidade aos aventureiros, navegantes e primeiros colonos que aqui se instalaram foi o pau-brasil.
O interesse na extração e comercialização do pau-brasil, ou Caesalpina echinata, como é conhecido cientificamente, resultou de duas características principais inerentes a esse vegetal: 1) as propriedades de tingimento de tecidos, que vêm da sua coloração avermelhada; 2) sua madeira resistente, que servia para a confecção de vários artigos, desde instrumentos musicais até móveis.
A extração do pau-brasil contava com a mão de obra indígena e, já em torno do ano de 1503, o negócio que girava em torno dessa extração apresentava uma enorme infraestrutura. Os índios eram encarregados de derrubar as madeiras, separá-las em partes e conduzi-las para as casas dos feitores, onde eram guardadas, sendo, posteriormente, encaminhadas para os navios. Como escambo, os índios recebiam as bugigangas e as peças manufaturadas que os portugueses traziam da Europa.
Portugal outorgava a alguns exploradores a possibilidade de monopolizar o comércio de pau-brasil. As feitorias eram a base de controle do monopólio, pois, além de terem a função de armazenamento, também funcionavam como o primeiro estágio de triagem da quantidade de produto extraído, que tinha como destino a coroa portuguesa. Dessa forma, possuíam uma função estratégica importante.
O pau-brasil também ficou conhecido como pau-de-pernambuco e podia ser encontrado em toda a extensão da Mata Atlântica no litoral brasileiro. Personagens históricos como Fernando de Noronha tornaram-se grandes comerciantes dessa matéria-prima. Os franceses, quando tentaram ocupar as terras brasileiras na década de 1550, já eram conhecidos no tráfico de pau-brasil em toda a costa da América do Sul. Isso ilustra o quão apreciado e cobiçado era esse vegetal, como destacam os pesquisadores Reinaldo Pinho e Francismar Aguiar:
“Em dezembro de 1530 o navio Lá Pelerine partiu de Marselha rumo ao litoral de Pernambuco, aonde chegou três meses após. Em agosto de 1531, o Lá Pelerine aportou na Espanha, para reabastecer de viveres. Ao deixar aquele porto foi capturado por uma esquadra portuguesa e remetido para Lisboa. Dom João III e seus assessores- 7 - não tiveram mais dúvidas: se os portugueses não ocupassem o Brasil a colônia certamente cairia nas mãos dos franceses.” [1]
NOTAS:
[1] Aguiar, Francismar F.; Pinho, Reinaldo. Pau-brasil. Caesalpinia echinata. Árvore nacional. São Paulo, 2007. p. 6-7.