A medicina na Grécia Antiga

A medicina na Grécia Antiga teve como expoente Hipócrates de Cós, considerado o “pai” desse tipo de saber e o principal teórico da diferença entre o normal e o patológico.
Hipócrates de Cós, considerado o pai da medicina ocidental

Em todas as civilizações e culturas, o saber médico desenvolveu-se de alguma forma, logicamente relacionada com as peculiaridades de cada uma dessas civilizações. Dessa forma, a medicina oriental, sobretudo a chinesa, possuía (e ainda possui) procedimentos que levavam em conta a harmonia de todo o corpo (ou organismo) humano, isto é, correspondências entre partes de um membro (como pé) e um órgão, em especial, por exemplo, o fígado. Na Antiguidade Ocidental, sobretudo no mundo helênico, isto é, grego, a medicina também nasceu levando em consideração esse tipo de harmonia, porém com algumas diferenças que estão expressas nos tratados médicos de homens como Hipócrates e Galeno.

Hipócrates de Cós desenvolveu, entre os séculos IV a.C. e V a.C., uma criteriosa análise das patologias que afetavam os seres humanos. O pensamento médico de Hipócrates foi considerado uma ruptura com o tipo de “pensamento mágico” sobre as doenças, muito presente em culturas primitivas que se valiam do xamanismo, por exemplo. Para Hipócrates, o corpo humano estava em conexão com a phisis, a natureza, e essa conexão, a priori, era harmoniosa. A doença tornava-se verificável quando essa harmonia alterava-se.

A atenção para sinais como febre, inchaços, amarelamento e demais traços que na moderna medicina são chamados de sintomas e a tentativa de relacionar tais sinais com possíveis distúrbios na harmonia do corpo foram uns dos principais avanços do pensamento de Hipócrates. Além disso, Hipócrates também avançou em direção à prescrição de cura e de prevenção de doenças por meio de propostas de dietas que advinham da observação de quais alimentos combinavam ou não com o tipo de humor do indivíduo.

Humor, na medicina grega (e esse legado estendeu-se até a Idade Média), era entendido como aquilo que definia a composição alquímica de uma pessoa, isto é, a relação entre sua alma e seu corpo, seu temperamento e as manifestações físicas corporais. Os quatro humores principais aos quais se enquadravam os organismos eram: o colérico, o melancólico, o sanguíneo e o fleumático.

Sendo assim, Hipócrates, seguido por outros, como Galeno, e por medievais, como Avicena e Pedro Hispano, construiu as bases para a medicina ocidental. A diferenciação entre o normal (o estado de harmonia) e o patológico (o estado de afetação do corpo – desarmonia) foi a principal contribuição da medicina antiga para a ciência médica moderna.

Publicado por Cláudio Fernandes
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