Conflito na região da Caxemira
Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, o mapa geopolítico do mundo alterou-se profundamente. Muitas regiões dos continentes asiático e africano que, até 1939 (ano em que se iniciou a guerra), estavam subordinadas às potencias europeias passaram a buscar a sua independência. Foi nesse contexto que ocorreu o processo de descolonização da África e da Ásia. Entretanto, esses processos de descolonização e luta por independência acabaram por gerar também disputas internas entre as novas nações que surgiram, tendo motivações como a definição de fronteiras e a busca por influência geopolítica.
Um dos casos que melhor ilustram essas disputas é o conflito entre Índia e Paquistão pela região da Caxemira. A Índia e o Paquistão, até 1947, formavam um só bloco e estavam sob o domínio do Império Inglês. Com a independência da região, os dois Estados foram criados. Porém, as diferenças culturais e religiosas passaram a afetar diretamente a configuração política dos dois países e, por consequência, a relação entre um e outro. Sendo assim, a Índia, onde predomina o hinduísmo, passou a rivalizar com o Paquistão muçulmano.
A região da Caxemira, que se localiza entre esses dois países (Índia e Paquistão) e era governada, até 1947, por um marajá (representante do principado de Jammu e Caxemira), acabou por se tornar alvo dos interesses de ambas as partes. Tanto um quanto o outro procuraram estabelecer seu domínio sobre a região. Evidentemente, as divergências étnico-religiosas instalaram-se e a guerra tornou-se inevitável. Já em 1947, houve a primeira guerra, que não resolveu a situação, apenas dividiu a Caxemira, intensificando ainda mais a tensão.
Os conflitos atravessaram as décadas seguintes, sendo notórias as guerras de 1965 e 1971, sobretudo após o crescente fundamentalismo hindu na Índia e o autoritarismo dos muçulmanos paquistaneses. Além disso, o avanço da China comunista sobre a região também resultou em problemas patentes. Somou-se aos problemas o fato de ambos os países terem adquirido um considerável arsenal de ogivas nucleares.
Em 1972, houve o Acordo de Simla, que, entre outras medidas, promoveu a libertação de prisioneiros de guerra paquistaneses sob custódia da Índia e estimulou a negociação pacífica para o problema da Caxemira. Essas negociações permanecem eficazes até o fim dos anos 1990, quando sobreveio uma nova onda de hostilidades entre Índia e Paquistão nas fronteiras da Caxemira por meio de manobras militares e ameaças de retaliação.
Do início dos anos 2000 até os dias de hoje, a situação da Caxemira permanece delicada, sobretudo em face das constantes reviravoltas institucionais dos dois países envolvidos.
* Créditos da imagem: Jornal Correiro Brasilense.