Figuras de Linguagem - Parte I
Figuras de linguagem são recursos que desviam das normas com o objetivo de conferir mais expressividade à linguagem.
As figuras de linguagem são divididas em:
- figuras de sintaxe (ou de construção);
- figuras de palavras;
- figuras de pensamento.
Figuras de sintaxe
As figuras de sintaxe exploram a estrutura da frase.
- Anáfora: repetição de um termo a espaços regulares no texto.
Exemplo: Tua beleza incendiará os navios no mar.
Tua beleza incendiará as florestas.
Tua beleza tem um gosto de morte.
(A. F. Schmidt)
- Aliteração: repetição de sons semelhantes (ou consoantes da mesma natureza), é uma forma de conceder musicalidade aos versos.
Exemplo: Vozes veladas, veludosas vozes
Volúpia dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Vivas, vãs, vulcanizadas.
(Cruz e Souza)
- Elipse: supressão de um termo que pode facilmente ser subtendido.
Exemplo: A cidade estava deserta, ninguém àquela hora na rua. (elipse do verbo estava)
- Pleonasmo: repetição de uma mesma idéia ou palavra já implicada no texto.
Exemplo: “Eu canto um canto matinal.” (Guilherme de Almeida)
- Zeugma: omissão de um termo já expresso na frase.
Exemplo: Eu queria assistir novela; ele, filme. (omissão da expressão queria assistir)
- Assíndeto: omissão de conjunções que resultam em orações justapostas, dispostas em seqüência.
Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apartando-se, fundindo-se.” (Machado de Assis)
- Anacoluto: irregularidade gramatical na estrutura de uma frase, termo solto em vista da troca de uma construção sintática por outra.
Exemplo: “E a menina, para não passar a noite só, era melhor que fosse dormir na casa de uns vizinhos(...)” (Rachel de Queiroz)
- Polissíndeto: consiste na repetição exaustiva de uma mesma conjunção coordenativa.
Exemplo: “Se era noivo, se era virgem,
Se era alegre, se era bom,
Não sei.
É tarde para saber.”
(Carlos Drummond de Andrade)
- Hipérbato: inversão da ordem direta dos termos de uma oração ou das orações de um período.
Exemplo: “Da lua os claros raios rutilavam (...)” (Camões)
- Silepse: consiste em efetuar concordância com palavras implícitas no texto, e não com as explícitas.
Exemplo: E todos seguimos para o baile de formatura. (seguimos não concorda com todos, como seria o normal, mas com uma palavra pressuposta (nós)).
A silepse pode ser de gênero, número ou pessoa.
- Silepse de gênero: há discordância entre os gêneros gramaticais de artigos e dos substantivos; substantivos e adjetivos, etc.
Exemplo: V. Revma. Foi escolhido para celebrar o casamento.
- Silepse de número: há discordância envolvendo o número gramatical.
Exemplo: “Ninguém quer comprar. Se ainda estamos aberto é por honra da firma.” (José J. Veiga)
- Silepse de pessoa: há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal.
Exemplo: As crianças deveis obedecer mais. (Vós deveis)