Os pronomes oblíquos como complementação verbal
Analisar os fenômenos linguísticos e a multiplicidades de suas funções é algo extraordinário.
Em se tratando da Sintaxe, como uma mesma palavra pode desempenhar múltiplas funções de acordo com o contexto em que se insere?
A fim de que possamos compreender melhor este processo, faremos uma análise das seguintes orações:
As flores alegram qualquer ambiente.
A aniversariante adorou as flores.
A primavera é a estação das flores.
A função desempenhada pelo vocábulo em destaque é respectivamente: Sujeito Simples, Objeto Direto e Complemento Nominal.
A princípio, o exemplo citado parece destoar um pouco do assunto em questão, contudo, serve-nos como aparato para conhecermos melhor sobre as diversas posições desempenhadas também pelos pronomes oblíquos.
Sabemos que morfologicamente as vogais O, A, OS, AS, classificam-se como “artigos” e que se inserem no campo dos pronomes oblíquos referentes a terceira pessoa do singular e do plural.
O mesmo acontece com o pronome LHE.
Mas será que os mesmos estabelecem relação com a transitividade verbal?
Antes de tudo devemos relembrar que, quando se trata de transitividade, logo nos reportamos à ideia de Objeto Direto e Objeto Indireto.
Percebemos a diferença por meio das orações em destaque:
O garoto estava aqui há poucos instantes, mas eu não o vi saindo.
Na primeira oração a vogal “o” desempenha o papel de artigo, pois acompanha o substantivo - garoto.
Já na segunda, ele é um pronome oblíquo e complementa o sentido do verbo ver, pois quem vê, obviamente vê alguém. Portanto, desempenha a função de objeto direto.
Perceba o que acontece com pronome LHE:
Entreguei-lhe a encomenda.
Neste caso é oblíquo e ocupa a posição de objeto indireto, pois entregamos sempre algo a alguém, ou seja, o verbo requer a presença da preposição.