Nicolás Maduro
Nicolás Maduro é um político venezuelano reconhecido como o atual presidente da Venezuela, estando na função desde 2013, quando Hugo Chávez, o então presidente, morreu de câncer. Maduro ingressou na vida política na década de 1990 e está à frente de um governo bastante polêmico.
Ele é acusado de ter arrastado a Venezuela para o caos político, social e econômico em que o país vive atualmente. A crise econômica, que gerou uma crise de fome e hiperinflação, é atribuída ao seu governo. Além disso, ele também é denunciado por governar de forma autoritária e reprimir a população.
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Resumo sobre Nicolás Maduro
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Nicolás Maduro é um político venezuelano conhecido por ocupar a presidência venezuelana desde 2013.
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Oriundo de uma família pobre, Maduro trabalhou como motorista de ônibus e ingressou na política na década de 1990.
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Teve importantes cargos nos governos de Hugo Chávez, chegando a ser vice-presidente do país.
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Foi eleito presidente em 2013, após uma eleição disputadíssima.
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Mantém um governo criticado por ser corrupto e autoritário.
Origens de Nicolás Maduro
Nicolás Maduro Moros nasceu em Caracas, capital da Venezuela, no dia 23 de novembro de 1962. Seus pais chamavam-se Nicolás Maduro Garcia e Teresa de Jesús Moros. Por causa do pai, Maduro teve contato com movimentos trabalhistas, o que o levou a ingressar na militância durante a sua juventude.
Durante alguns anos de sua vida, Nicolás Maduro trabalhou como motorista de ônibus no sistema de transporte coletivo de Caracas. Foi nesse cargo que ele deslanchou na sua atuação na militância, uma vez que foi líder do sindicato defensor dos direitos trabalhistas dos motoristas de ônibus.
Sua atuação enquanto líder do sindicato trouxe-lhe envolvimento com a política venezuelana no início da década de 1990. Nesse período, Maduro ingressou no Movimiento Bolivariano Revolucionario 200, o MBR-200 e também foi apresentado a Hugo Chávez.
Em 1992, Chávez e outros militares esquerdistas organizaram um golpe contra o presidente venezuelano, na época, Carlos Pérez. O golpe militar foi um fracasso, e Hugo Chávez e outros militares golpistas foram presos. Maduro participou ativamente dos protestos que exigiram a libertação de Chávez e seus companheiros.
Maduro seguiu ativo na militância de esquerda e foi um dos responsáveis pela fundação do Movimiento Quinta República (MVR), partido que lançou Hugo Chávez como candidato à presidência em 1998. O resultado do pleito foi a eleição de Chávez. A partir desse momento, Maduro se envolveu oficialmente com a política venezuelana.
Trajetória política de Nicolás Maduro
Em 1998, Maduro foi eleito para a Câmara dos Deputados da Venezuela, e, no ano seguinte, ingressou na Assembleia Nacional Constituinte, ficando com a responsabilidade de elaborar uma nova Constituição para a Venezuela. Com a nova Constituição, algumas transformações políticas aconteceram, e Maduro lançou-se à eleição para um novo cargo.
Em 2000, concorreu e foi eleito para a Assembleia Nacional pelo MRV, o partido de Hugo Chávez. Em 2005, foi reeleito e manteve seu cargo na Assembleia Nacional, tornando-se presidente da casa. Maduro manteve-se nessa função até o ano seguinte (2006), quando foi nomeado por Hugo Chávez para ser o chefe do Ministério das Relações Exteriores. Em 2007, Nicolás Maduro aderiu ao Partido Socialista Unido de Venezuela, fundado por Chávez.
Em outubro de 2012, Hugo Chávez, após vencer mais uma eleição presidencial, escolheu Nicolás Maduro para ser o vice-presidente da Venezuela. A essa altura, Chávez já estava tratando do seu câncer, o que fez o vice assumir a presidência interina do país.
Chávez faleceu em março de 2013, e, no mês seguinte, foi convocada nova eleição presidencial na Venezuela. Nessa eleição, Maduro concorreu contra Henrique Caprilles e derrotou seu candidato por uma margem mínima de votos. O primeiro obteve 50,61% dos votos, enquanto o segundo obteve 49,12%.
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Maduro como presidente
A vitória apertada permitiu Maduro assumir a presidência venezuelana, cargo que ele ocupa desde 2013. Seu governo é considerado extremamente polêmico e acusado de: autoritarismo, má administração econômica, corrupção e envolvimento com o tráfico de drogas.
Quando Maduro assumiu a presidência, a Venezuela começava a sentir os primeiros efeitos da crise econômica, mas a situação se agravou consideravelmente, levando o país a ter uma das taxas de inflação mais altas do mundo, além de ter presenciado a migração de milhões de venezuelanos para países vizinhos, em especial a Colômbia.
Parte da comunidade internacional e a oposição venezuelana afirmam que a culpa da crise venezuelana é resultado da má administração de Maduro. A oposição ainda o acusa de abuso de poder no cargo, realizando perseguição, tortura e até mesmo execução de opositores.
A Anistia Internacional chegou a acusá-lo de promover as maiores violações dos Direitos Humanos na história da Venezuela. Maduro e seus aliados defendem-se das acusações e jogam a culpa da crise venezuelana na atuação do “imperialismo norte-americano”, que teria a intenção de sabotar o país e o bolivarianismo.
O governo Maduro, no entanto, dá indícios claros de autoritarismo, e o cenário político venezuelano está bastante tenso, uma vez que muitos opositores do governo optaram pela via armada como forma de resistência. A crise política nacional só contribuiu para agravar o cenário econômico e humanitário na Venezuela.
De 2013 em diante, a fome tornou-se um grave problema na Venezuela. Milhões de pessoas sofrem com a falta de alimentos. Além disso, o salário dos trabalhadores venezuelanos é irrisório, o que contribui para perpetuar a pobreza no país. No começo de 2019, o salário na Venezuela passou ao equivalente a R$77, e, em 2022, o salário-mínimo correspondia a R$102.
Um sinal aberto do autoritarismo do governo de Maduro se deu em 2016, quando ele obteve da Suprema Corte (uma instituição totalmente aparelhada desde os tempos de Hugo Chávez) a decisão de retirar os poderes da Assembleia Nacional. Com isso, o poder de atuação do Legislativo foi retirado.
Disputa pelo poder na Venezuela
A atuação, no mínimo, polêmica de Maduro como presidente deu origem a uma forte oposição. Por causa da perseguição sofrida, a oposição venezuelana aliou-se a grupos estrangeiros, em especial norte-americanos, partindo para a adoção de medidas que visam derrubar o presidente venezuelano.
Na presidência, Maduro foi alvo de um atentado contra a sua vida em 2018. Na ocasião, ele discursava em razão do aniversário de 81 anos da Guarda Nacional Bolivariana, quando uma bomba transportada em um drone explodiu. O presidente venezuelano não se feriu, e as investigações levaram à prisão de 31 pessoas envolvidas com o atentado.
Outra polêmica aconteceu em janeiro de 2019, quando Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, declarou-se presidente interino da Venezuela. Isso aconteceu devido às eleições presidenciais de 2018 terem sido consideradas ilegítimas pela oposição sob a alegação de fraude.
Maduro negou-se a reconhecer a declaração de Guaidó, embora o opositor tenha recebido o apoio de países como o Brasil e os Estados Unidos na época. O governo interino de Guaidó, no entanto, não teve a força necessária para derrubar Maduro, que se sustentou no poder. Em 2022, a oposição venezuelana colocou fim no governo interino de Guaidó.
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Relação de Maduro com os Estados Unidos
A relação do governo de Maduro com os Estados Unidos sempre foi muito delicada, inclusive pela suspeita de que os EUA possam estar por trás das tentativas de derrubá-lo da presidência por meio de golpes. Além disso, existem as sanções econômicas impostas pelo governo norte-americano que afetam severamente a economia venezuelana.
Entre as denúncias realizadas pelo governo norte-americano contra o governo de Maduro, constam:
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autoritarismo;
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desrespeito aos Direitos Humanos;
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responsabilidade pela crise de fome e humanitária que atingiu o país;
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corrupção;
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envolvimento do presidente com o tráfico de drogas.
Essa relação, no entanto, tem demonstrado uma tímida melhora durante o governo de Joe Biden. Isso porque a guerra travada entre Rússia e Ucrânia levou ao aumento no preço do petróleo no mercado internacional. Para evitar os impactos disso no mercado norte-americano, o governo de Joe Biden prometeu relaxar algumas das sanções contra a Venezuela, como a reabertura do comércio de petróleo entre as duas nações.
Créditos da imagem:
[1] Marcos Salgado / Shutterstock
Fontes
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