A história do Nordeste Brasileiro na obra de José Lins do Rego

A história do Nordeste Brasileiro na obra de José Lins do Rego pode ser vista tanto sob o ângulo literário quanto sob o ângulo crítico, dada a riqueza da prosa desse escritor.

Para compreender bem a história de um fato ou um período histórico, de uma nação ou de uma civilização, é necessário que nos sirvamos de toda forma de documentação possível. Entre as documentações que estão disponíveis tanto ao historiador quanto ao público não especializado, encontra-se a literatura. No caso específico do Brasil, a literatura, desde o século XIX, sempre foi de fundamental importância para a compreensão da formação nacional em sua integralidade, isto é, no que tinha de melhor e de pior. O paraibano José Lins do Rego (1901-1957) está entre os grandes escritores brasileiros que, em suas obras, legaram ao país um grande painel histórico.

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Na década de 1930, quando Getúlio Vargas empreendia um ciclo de grandes transformações no Brasil, muitos escritores da região Nordeste destacaram-se na área do romance. Essa fase da literatura brasileira é conhecida como “O Romance de 1930” ou, mais especificamente, “O Romance Regionalista”. Apesar do termo “regionalista” remeter a uma atmosfera provinciana, esses livros desenvolveram temáticas, tensões e análises psicológicas e sociais que foram muito além de algo que ficasse restrito regionalmente.

José Lins do Rego foi um dos mais inventivos autores do chamado Romance de 1930. De 1932 a 1936, esse escritor produziu e publicou cinco romances aos quais deu a alcunha de “Ciclo da cana-de-açúcar”. São eles, na ordem cronológica: “Menino de Engenho” (1932), “Doidinho” (1933), Banguê (1934), “O Moleque Ricardo” (1935) e, por fim, “Usina” (1936). Muitos historiadores e analistas sociais comparam esse ciclo de obras do escritor paraibano com o ciclo “Introdução à formação da sociedade patriarcal no Brasil”, do antropólogo pernambucano Gilberto Freyre, cujo primeiro volume é “Casa Grande & Senzala” (1933).

A comparação entre a obra (não literária) de Freyre e a obra literária do “Ciclo da cana-de-açúcar”, de Lins do Rego, justifica-se pelo fato de que ambos tiveram a pretensão de descrever a atmosfera da vida privada em torno dos engenhos de açúcar do Nordeste brasileiro. A história do Nordeste, em especial da região de Pernambuco e Paraíba, é atravessada pela economia açucareira e pela família patriarcal que se formou a partir dessa economia. Enquanto Gilberto Freyre construiu um sistema interpretativo do patriarcalismo brasileiro, Lins do Rego construiu um painel imaginativo e narrativo.

Em “Menino de Engenho”, primeira obra publicada por Lins do Rego, conta-se a vida de um menino de inícios do século XX que vai para uma fazenda antiga, da época colonial, em que era efervescente a produção de açúcar. Todas as descobertas da fase da adolescência, esse menino as têm nessa fazenda. Na medida em que evolui a personalidade do garoto, o quadro histórico da região vai sendo pintado pelo autor.

Essa e as demais obras de Lins do Rego são indispensáveis para a compreensão da história do Brasil, sobretudo no que diz respeito à formação do Nordeste.

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A vida em torno dos engenhos de açúcar foi um dos principais temas da obra de José Lins do Rego
A vida em torno dos engenhos de açúcar foi um dos principais temas da obra de José Lins do Rego
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Mundo Educação.

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