Fábricas e o tempo do relógio
Com a acentuação da industrialização propiciada pela Segunda Fase da Revolução Industrial, no século XIX, e a inserção de novas tecnologias no meio social (trem a vapor, barco a vapor, automóvel, telefone, entre outros), os países europeus (principalmente a Inglaterra, a França e a Alemanha) tiveram uma modificação em suas paisagens urbanas com a inserção de um número cada vez maior de fábricas e operários, juntamente com o rápido crescimento das cidades.
As transformações aconteceram na esfera urbana e no cotidiano das cidades. As fábricas trouxeram uma nova maneira de usar o tempo: o chamado “tempo das fábricas”, isto é, o tempo do relógio, das horas, permeado pelas relações de produção nas fábricas, onde prevaleceu o tempo do trabalho, da alimentação e do descanso.
Antes do surgimento das fábricas, as pessoas não conviviam com o tempo normatizado do relógio; e as orientações temporais eram realizadas pelas observações naturais (pelo Sol e estações do ano).
Portanto, com o surgimento das fábricas, e a partir da necessidade de controlar o tempo da produção de mercadorias, o controle social do tempo passou a ser efetivado para regular o trabalho dos operários nas fábricas. Foi assim que surgiu o “tempo do relógio”.
O tempo da sociedade foi regularizado com a divisão dos dias em 24 partes iguais. A nova concepção de tempo foi confirmada e efetivada primeiramente nas cidades. Dessa maneira, com o desenvolvimento urbano, permitiu-se o controle do uso do tempo, ou seja, com as práticas comerciais, a organização da vida passou a ser ritmada pelas horas.
Com isso, o relógio consolidou-se como forma de organizar e regular o tempo. Contudo, em algumas sociedades prevaleceu o tempo da igreja, guiado pelo sino, pela oração e pela calma e longa duração; ao contrário do tempo laico, prevalecente nas sociedades industriais, onde o tempo é organizado matematicamente pelo relógio e movimentado pelos negócios industriais e comerciais. A partir de então surgiram as expressões: “Tempo é dinheiro”, “O tempo é precioso” e “É preciso ganhar tempo”.
O relógio passou a ser o elo entre o tempo e a sociedade industrial. Além disso, regulou a vida privada e pública das populações inseridas nesse processo.