Genocídio armênio
O genocídio armênio foi o extermínio sistemático de populações armênias no território do Império Otomano (atual Turquia) que aconteceu entre 1915 e 1918. Esse genocídio foi promovido pelo governo otomano com o intuito de exterminar e expulsar os armênios do território otomano, resultando em cerca de um milhão de mortos.
Esse genocídio foi justificado pelo governo turco como uma consequência da Primeira Guerra Mundial, e na época foram usados como argumentos o temor de um movimento separatista armênio e o envolvimento de armênios com a Rússia. A Turquia ainda não reconhece o seu papel e a intencionalidade no genocídio contra os armênios.
Resumo sobre genocídio armênio
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O genocídio armênio foi o extermínio sistemático de armênios que aconteceu no Império Otomano entre 1915 e 1918.
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Aconteceu durante o envolvimento otomano na Primeira Guerra Mundial.
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Estima-se que um milhão de armênios tenham sido mortos durante o genocídio e outro milhão de pessoas tenham abandonado suas terras.
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O genocídio ficou marcado pela execução da população armênia masculina e pela migração forçada de mulheres, idosos e crianças.
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A Turquia ainda não reconhece o papel do governo otomano na promoção do genocídio armênio.
Videoaula sobre o genocídio armênio
O que foi o genocídio armênio?
O genocídio armênio é a forma pela qual conhecemos o extermínio de populações armênias que habitavam o Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial. Esse genocídio foi conduzido pelo governo turco, sob o comando do Comitê de União e Progresso (CUP), entre 1915 e 1918, resultando na morte de cerca de um milhão de pessoas.
Algumas estimativas apontam que a quantidade de mortos pode ter chegado a 1,5 milhão, e estima-se que um milhão de armênios foram desalojados de suas terras. O genocídio ainda é um assunto bastante polêmico, pois não é reconhecido pela Turquia, país que surgiu como sucessor do Império Otomano, na década de 1920.
A questão é tão polêmica na Turquia que existe uma lei que pune com dois anos de prisão aqueles que reconhecerem publicamente o genocídio armênio. O genocídio armênio é o segundo mais estudado da história, ficando atrás apenas do Holocausto. Na época, o acontecimento gerou uma campanha internacional de apoio aos armênios.
Considera-se que o ponto de partida para o genocídio armênio se deu em 24 de abril de 1915, quando 250 personalidades da comunidade armênia em Constantinopla foram presas e executadas pelo governo otomano. Entre essas personalidades estavam políticos, intelectuais e comerciantes ricos, e sua execução visava limar qualquer iniciativa de resistência armênia.
Depois disso, o governo otomano autorizou que milícias promovessem uma limpeza étnica nas vilas otomanas, visitando-as e executando todos os homens armênios que fossem encontrados. Idosos, mulheres e crianças armênias se tornaram vítimas de migrações forçadas, sendo obrigados a caminhar para campos de concentração no deserto da Síria.
As condições a que esses prisioneiros eram sujeitos faziam com grande parte deles morresse na caminhada em direção ao deserto. Houve também o reporte de inúmeros casos de estupros de mulheres armênias por soldados otomanos durante o genocídio. Todas as terras e posses que pertenciam aos armênios eram tomadas pelo governo e dadas a turcos.
O governo turco ainda nega intencionalidade no genocídio promovido contra os armênios no século XX, mas os historiadores têm evidências de que o evento foi uma ação coordenada pelo próprio governo, visando à eliminação física dos armênios do território otomano.
Quais as causas do genocídio armênio?
O genocídio armênio aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, sendo motivado pelo desejo do Comitê de União e Progresso (CUP) de se livrar das minorias que habitavam o país. No contexto da guerra, os otomanos passaram a acusar os armênios de se aliarem com os russos, inimigos do Império Otomano no conflito.
Havia, de fato, envolvimento de armênios com a Rússia, uma vez que territórios que pertenciam à Rússia haviam sido habitados por armênios. Mas o governo otomano generalizou suas acusações como se houvesse uma conspiração armênia e russa, o que não era fato. Além disso, o histórico de conflitos entre otomanos e armênios reforçava essa desconfiança do CUP.
Ademais, a guerra foi vista pelo governo otomano como uma oportunidade de lidar com as minorias étnicas, e ações contra os armênios foram tomadas com base no argumento de segurança nacional. Esse argumento permitia que o governo otomano tomasse medidas para promover a limpeza étnica, “limpando” o território otomano dos indesejados.
É importante mencionar que o Império Otomano enfrentava uma crise sem precedentes, passando por uma longa decadência que havia resultado em enormes perdas territoriais. Havia um infundado temor no governo otomano de que pudesse se iniciar um movimento separatista nos territórios habitados pelos armênios.
Além disso, havia questões econômicas quanto a se apropriar das terras armênias, para entregá-las a muçulmanos e turcos, e ampliar o controle otomano sobre esses locais, principalmente por serem regiões fronteiriças.
Quais as consequências do genocídio armênio?
Entre as consequências do genocídio armênio, destacam-se:
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A morte de, pelo menos, um milhão de armênios.
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A migração forçada de armênios para fora da Anatólia, fazendo com que territórios ocupados por armênios, havia séculos, fossem ocupados integralmente por turcos.
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Essa migração forçada recebeu o nome de Diáspora Armênia, espalhando-se por países do Oriente Médio, Rússia, Estados Unidos e Europa.
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Houve a concentração de população armênia na República Socialista Soviética da Armênia.
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A busca por reconhecimento internacional do genocídio promovido pelos otomanos contra os armênios. O evento é ainda reconhecido por apenas algumas dezenas de nações.
Contexto histórico do genocídio armênio
O genocídio armênio foi realizado durante a Primeira Guerra Mundial, embora a violência contra os armênios no Império Otomano já se estendesse por algumas décadas. Os armênios historicamente habitaram regiões que foram ocupadas pelo Império Russo e pelo Império Otomano.
A presença armênia na Anatólia era antiga e remontava a mais de mil anos, mas, com a chegada dos turcos à região, esta passou ao domínio dos otomanos, quando seu império se estabeleceu. O convívio entre armênios e turcos era complexo, mas a situação se tornou crítica no final do século XIX, quando Abdul Hamid II assumiu o poder otomano.
Esse governante tinha uma postura centralizadora e altamente nacionalista, roubando terras dos armênios e doando-as para imigrantes muçulmanos. A situação se agravava por conta da crise do Império Otomano, que vinha perdendo uma grande quantidade de territórios, especialmente depois da Guerra Russo-Turca, de 1877 e 1878.
A violência otomana contra os turcos durante o governo de Abdul Hamid II chegou ao ápice entre 1891 e 1896, quando tropas otomanas foram autorizadas a promover massacres na população armênia. Esses massacres resultaram na morte de cerca de 200 mil pessoas, entre armênios e cristãos de outras nacionalidades.
O governo de Abdul Hamid II tornou-se impopular e gerou movimentos de oposição, como o movimento dos Jovens Turcos. Este era um movimento nacionalista formado por militares e intelectuais que desejavam modernizar o Império Otomano e torná-lo um país laico e constitucional com eleições livres.
Os Jovens Turcos lideraram uma revolução contra Abdul Hamid II em 1908. Essa revolução foi amplamente apoiada pelos armênios, pensando que se livrariam da perseguição que sofriam de Abdul Hamid II. Em 1913, um racha no interior do grupo fez com que o CUP tomasse o poder do Império Otomano.
O Comitê de União e Progresso (CUP) era a ala mais radical dos Jovens Turcos, estabelecendo um triunvirato em que o império seria governado por três paxás. O CUP defendia um Estado centralizador baseado no nacionalismo turco, enxergando as minorias étnicas que habitavam o país como ameaças que deveriam ser eliminadas para que todo o império fosse “turquificado”. Foi nesse contexto que o genocídio aconteceu.
Créditos da imagem
Fontes
GILBERT, Martin. A história do século XX. São Paulo: Planeta, 2016.
ALTARES, Guillermo. Genocídio Armênio, uma política de Estado que inspirou os nazistas, é negado por motivos políticos. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-05-01/genocidio-armenio-uma-politica-de-estado-que-inspirou-os-nazistas-e-negado-por-motivos-politicos.html
CORRÊA, Alessandra. O que foi o massacre de armênios que Biden definiu como 'genocídio'. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56875237
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