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O desenvolvimento das maquinofaturas

Spinning Jenny (XVIII) e Automatic Flat Knitting (XX): a tecnologia no desenvolvimento das indústrias.
Spinning Jenny (XVIII) e Automatic Flat Knitting (XX): a tecnologia no desenvolvimento das indústrias.

A proeminência das máquinas na produção de gêneros industrializados antecede formas de produção de riquezas produzidas a partir da intervenção do homem. Antes dos operários, eram os artesãos que formavam a classe responsável e detentora do saber necessário para a modificação de recursos oferecidos pela natureza. Ao sabermos o conjunto de características do trabalho artesanal podemos ter uma visão mais clara sobre que tipo de transformações a tecnologia industrial trouxe ao mundo do trabalho.

O artesanato, enquanto uma das mais antigas modalidades de trabalho, atravessou diversos períodos históricos contando com um mesmo conjunto de características. O artesão vivia em ambiente familiar e controlava o ritmo de sua produção de acordo com suas próprias necessidades. Além disso, o artesão tinha controle sobre os meios de produção e técnicas necessárias para a realização de seu trabalho. Nesse contexto, é importante destacar que sob essas condições o artesão tinha ciência do valor de seu trabalho.

Na Europa, durante a Baixa Idade Média, o reavivamento das atividades comerciais e o crescimento populacional possibilitaram a ascensão de uma classe de comerciantes. As chamadas corporações de ofício eram formadas por um grupo de aprendizes e artesãos que utilizavam de suas próprias ferramentas para produzirem manufaturas posteriormente comercializadas para grandes comerciantes ou negociadas nas feiras espalhadas pela Europa. Tempos depois, a ampliação dos mercados consumidores fez com que os artesãos formassem corporações ainda maiores, com a diferença de que agora dependiam da obtenção de matéria-prima de um terceiro.

No século XVII, essas corporações perderam suas características originais para incorporarem um novo modelo organizacional. O burguês, enriquecido por suas transações comerciais e o incentivo estatal, empreendia a formação de um sistema fabril. Esse sistema, bem representado pelo desenvolvimento do ramo têxtil britânico, era gerenciado por um burguês que contratava um grupo de artesãos. Cada um deles desenvolvia uma tarefa específica que não exigia o pleno domínio de todo processo produtivo. Em troca de sua função exercida, esse artesão recebia um valor fixo (salário) em dinheiro.

Com o desenvolvimento de novas tecnologias que simplificavam e agilizavam o processo de produção, a figura do artesão perdeu seu espaço. A facilidade trazida pelas máquinas permitia que qualquer sujeito minimamente instruído fosse capaz de servir como mão-de-obra. Com isso, os valores pagos pela força de trabalho reduziram significativamente e a obtenção dos novos meio de produção (máquinas) tornou-se um privilégio de poucos. A partir de então, a manufatura perdia toda sua natureza artesanal para ganhar padrões e ritmos estabelecidos pelas máquinas industriais.

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Por Rainer Sousa
Mestre em História

Publicado por Rainer Gonçalves Sousa

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