Literatura de catequese
Falar sobre a literatura de catequese significa, sobretudo, fazer referência aos tempos do Brasil ainda sob o domínio de Portugal, em que nos atendo à questão de datas, cumpre dizer que no século XVI, tal metrópole, visando à garantia desse domínio, enviou os jesuítas para catequisar os índios e os negros vindos da África, a fim de povoar a terra recém-descoberta. Dessa forma, os nomes mais cotados para esse tipo de escrita (tida como registo) foram: Padre Manuel da Nóbrega, Fernão Cardim e José de Anchieta.
Esses jesuítas eram missionários da Companhia de Jesus, caracterizada por uma organização fundada pelo espanhol Inácio de Loyola, em 1534, cujo objetivo maior era recuperar o poder de prestígio da Igreja, perdido em virtude da Reforma Protestante. Dessa forma, Nóbrega, chegando ao Brasil, munido da primeira missão jesuítica, manteve com os demais membros da companhia uma vasta correspondência, relatando acerca dos hábitos, costumes e a língua dos índios, bem como sobre a relação que se estabelecia entre os colonos e esses jesuítas.
Escreveu ainda sobre o Diálogo sobre a conversão do gentio, no qual abordou considerações sobre o verdadeiro significado dessa obra catequética, em que um dos apontamentos versava sobre o igualar dos índios com o homem em geral, considerando esse nativo apto a receber os valores da civilização cristã. Quanto a Fernão Cadim, equivale dizer que ele deixou registrado, entre outros escritos, a obra Do clima e da terra do Brasil e de algumas coisas notáveis que se acham na terra e no mar, bem como outra, demarcada por Do princípio e origem dos índios do Brasil e de seus costumes, adoração e cerimônias.
No que tange aos aspectos literários propriamente ditos, considera-se como a parte mais significativa aquela referente aos textos jesuíticos cuja intenção se afirma como pedagógica e moralizante, destinadas, portanto, à autoria de ninguém menos que José de Anchieta. Essas produções foram caracterizadas em forma de poemas ou peças teatrais.