Vícios e anomalias de linguagem: Idiotismo

Os vícios e anomalias de linguagem são considerados erros pela gramática normativa. Entre eles, o idiotismo, uma peculiar ocorrência na língua portuguesa.
O idiotismo contraria os princípios gerais da gramática ao apresentar termos que não podem ser analisados ou traduzidos

Você sabe o que são vícios e anomalias de linguagem?

Essa ocorrência está relacionada com as palavras e construções que contrariam as normas gramaticais. Ao contrário das figuras de linguagem, que conferem beleza às imagens por elas representadas, os vícios e anomalias de linguagem provocam estranhamento e geralmente ocorrem por descuido ou desconhecimento de quem fala ou escreve. Eles podem estar associados às variedades linguísticas, nas quais são observadas os fatores socioculturais, geográficos e históricos. Sendo assim, o certo e o errado na língua portuguesa podem ser uma questão de diferenciação baseada em critérios sociais e também em situações de uso efetivo da língua.

Entre os vícios e anomalias de linguagem, temos um elemento bastante peculiar: o idiotismo. Você pode estar pensando que a palavra “idiotismo” está relacionada com um traço comportamental, próprio de quem é idiota e que foge àquilo que consideramos o padrão normal. Pois saiba que existe o idiotismo linguístico, também conhecido como expressão idiomática. Trata-se de toda maneira de dizer que contraria os princípios gerais da gramática por não poder ser analisada, porém, é aceita no falar normal.

O idiotismo vem do grego idios, que quer dizer próprio. Essa concepção é aplicada a uma expressão existente em uma determinada língua sem correspondentes em outras. Ao estudar alguma língua estrangeira, deparamo-nos com as chamadas expressões idiomáticas, que geralmente só são compreendidas por quem é nativo da língua estudada. A língua portuguesa também apresenta inúmeras particularidades, e nosso idiotismo mais conhecido é o emprego do infinitivo pessoal, que se refere a um sujeito, com desinências de número e pessoa. Assim: amar eu, amares tu, amar ele, amarmos nós, amardes vós, amarem eles. Pode nos parecer uma construção estranha, até mesmo arcaica, mas que não está completamente eliminada da nossa linguagem atual.

Outro exemplo de idiotismo é a expressão é que. Por exemplo, é muito comum falarmos “você é que fez isso”, “eu é que paguei a conta”, entre outras ocorrências. Podemos observar também o idiotismo presente no uso do pronome possessivo antecedido de artigo, por exemplo: “a pobre da criança”, “o esperto do meu namorado”, “dei um presente à minha aluna”. Mas nenhum idiotismo é tão conhecido quanto o termo saudade, pois não há tradução perfeita para esse substantivo em outros idiomas. Sabemos que saudade abarca a ideia de lembrança triste ou suave de coisas que estão distantes, mas é interessante observar que em outras línguas não existe uma palavra específica para definir tal sentimento.

Para finalizar, devemos entender que o idiotismo não pode ser submetido a regras fixas e determinadas, pois tem como principal objetivo seu compromisso com a clareza, fator primordial da linguagem.

Publicado por Luana Castro Alves Perez
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