Bossa Nova

João Gilberto: um dos importantes compositores da Bossa Nova

Na década de 1950, o Brasil vivenciou algumas transformações que conseguiram aproximar elementos de natureza política, econômica, social e cultural. Nesse período, a tônica governamental, fortemente representada pelo mandato de Juscelino Kubitschek, era a de promover a modernização do país. Nesse sentido, a industrialização e a urbanização eram os elementos centrais de alguns discursos e ações da época.

Essas ações de ordem modernizadora impactaram os grandes centros urbanos do país, estabelecendo novos postos de trabalho e o crescimento das classes médias. Em termos estatísticos, a população brasileira ocupava cada vez mais as cidades e, com isso, o Brasil deixava de ser um país essencialmente agrário. Em um primeiro instante, essas experiências foram claramente notadas nas cidades da região Sudeste.

Para além do desenvolvimento econômico, os debates sobre a modernização do Brasil também tinham outras características. No âmbito cultural, o discurso de modernização tinha fortes vínculos com a ideia de cosmopolitismo. Sob tal aspecto, a possibilidade de transformar o Brasil em uma referência cultural de âmbito internacional seria um modo de romper com a ideia de que o país sempre esteve reproduzindo os referenciais estéticos estrangeiros.

É nesse contexto que a Bossa Nova, um gênero musical que marca esse mesmo período, aparece como uma manifestação que eficazmente representou esse tipo de demanda modernizante. Por um lado, a Bossa Nova reafirmava a tradição musical brasileira ao ter o samba como uma grande referência. Por outro, dialogava com o jazz norte-americano nas formas de interpretação e no ritmo desacelerado.

Além desses elementos ímpares, a Bossa Nova incorporou a questão da modernização em diversas letras. Não raro, encontramos a figura de um narrador que fala de experiências especificamente vivenciadas nos centros urbanos ou citando diretamente o movimento das pessoas nas calçadas e o trânsito dos automóveis pelas ruas asfaltadas. Carlos Lyra, Tom Jobim, João Gilberto, Nara Leão e Edu Lobo foram alguns dos importantes ícones dessa novidade musical brasileira.

Ao longo da década de 1960, a Bossa Nova foi alvo de aplausos e vaias no interior das várias análises sobre tal manifestação de nossa cultura. Por um lado, o discurso nacionalista  acreditava que a bossa perpetuava nossa “colonização cultural” ao dialogar com a música norte-americana. Por outro, diversos entusiastas celebravam o fato da Bossa Nova se transformar em um sucesso comercial de grande expressão, chegando ao ponto de ser apreciada por públicos de outros países.

Com o passar das décadas, a Bossa Nova acabou sendo um gênero musical encampado ao conjunto de experiências musicais que representam a Música Popular Brasileira – mais comumente conhecida pela sigla MPB.  Por fim, a Bossa Nova acabou sendo um marco do hibridismo,  da mistura de diferentes referências estéticas a serviço de uma manifestação artística original.


Por Rainer Gonçalves Sousa
Colaborador Mundo Educação
Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG
Mestre em História pela Universidade Federal de Goiás - UFG

Publicado por Rainer Gonçalves Sousa
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