Questão Christie

William Christie em charge que o coloca no centro da crise diplomática entre Brasil e Inglaterra.

Ao longo do século XIX, as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra passaram por altos e baixos. No começo desse século, visando consolidar seus interesses econômicos, a Coroa Britânica reconheceu a independência da nação brasileira em troca do controle do seu mercado consumidor de produtos industrializados e a contração de vários empréstimos aos cofres públicos. Contudo, essa relação de dependência que parecia se aprofundar com o passar do tempo sofreu um abalo na década de 1860.

Nesse período, os ingleses pressionavam politicamente o Brasil para que o uso do trabalho escravo fosse abolido do país. Por meio de tal medida esperavam ampliar seu marcado consumidor no território nacional com a criação de uma novíssima parcela de trabalhadores assalariados. Além disso, a expansão do capitalismo industrial para outras nações do mundo, estabeleceu novas parceiras comerciais que enfraqueciam a hegemonia econômica inglesa instituída nesse período.


A tensão entre os interesses britânicos e brasileiros aumentou quando o embaixador William Dougal Christie denunciou o não cumprimento da Lei Regencial de 1831, que garantia a liberdade de todos os escravos que chegassem ao Brasil a partir daquele ano. A ação tomada pelo estadista britânico causou um grande mal estar entre as elites brasileiras, que não abriam mão da utilização dos escravos. Coincidentemente, no ano seguinte à denúncia, outro incidente abalou a já desgastada relação política.

Em abril de 1861, uma embarcação britânica encalhou nas proximidades da província do Rio Grande do Sul. Nessa tragédia, um grupo de sobreviventes acabou se salvando e tratou de relatar às autoridades brasileiras sob as condições adversas da embarcação inglesa. Contudo, ao invés de prestar ajuda aos ingleses, o governo imperial acabou ignorando o problema e deixou que a embarcação fosse saqueada por alguns moradores da região.

Inconformados com o episódio, os marinheiros britânicos recorreram à ajuda do embaixador inglês, que exigiu uma multa a ser paga pelo Estado Brasileiro. Em meio à tensão política já instalada entre os dois países, o imperador Dom Pedro II não concordou com as exigências britânicas e, dessa forma, não cumpriu com o pedido do diplomata inglês. No ano seguinte, a situação piorou com a prisão de três marinheiros ingleses que promoviam arruaças na cidade do Rio de Janeiro.

Mesmo após a soltura dos oficiais britânicos, o embaixador Christie insistia na indenização do navio saqueado, a demissão dos policiais brasileiros envolvidos no caso e um pedido de desculpas oficial. Mais uma vez, o governo brasileiro se negou a atender as exigências inglesas. No ano de 1863, buscando retaliar as ações brasileiras, uma esquadra britânica realizou a prisão de um conjunto de embarcações brasileiras que estavam em alto-mar.

Inconformado com as ações da diplomacia britânica, o imperador Dom Pedro II decidiu romper relações diplomáticas com a Inglaterra. Mediante o problema, o governo brasileiro requereu a intermediação do rei Leopoldo II da Bélgica. Após avaliar toda a situação, o monarca decidiu dar ganho de causa ao governo brasileiro. Contudo, somente com a deflagração da Guerra do Paraguai, no ano de 1865, Brasil e Inglaterra reataram suas relações.

Publicado por Rainer Gonçalves Sousa
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