Carlos I e o declínio do Absolutismo na Inglaterra

Inserido nas disputas políticas que deram origem à Revolução Puritana, Carlos I representou o declínio do Absolutismo inglês.
Retrato equestre de Carlos I, feito por Anthonis van Dyck (1599-1641).*

A história do rei inglês Carlos I, cujo reinado ocorreu entre 1625 e 1648, está intrinsecamente ligada à decadência da Monarquia Absolutista na Inglaterra e ao fortalecimento do poder da burguesia. Os acontecimentos posteriores à sua trágica morte criaram as bases da futura monarquia parlamentar no país, abrindo o campo para o desenvolvimento do poder político da burguesia e do capitalismo.

Carlos I assumiu o trono após a morte de seu pai Jaime I, em 1625. Em 1628, foi obrigado pelo parlamento a assinar a Petição dos Direitos, em que se via impedido de convocar o exército e criar novas taxas sem a aprovação do parlamento. A medida visava proteger a população da imposição de tributos e detenções ilegais.

Um ano depois, após conseguir a aprovação de impostos que o interessavam, Carlos I dissolveu o parlamento. Quase dez anos depois, em 1640, foi obrigado a reconvocá-lo para obter fundos necessários ao financiamento de uma ação militar contra rebeliões que ocorriam na Escócia. Frente a isso, parlamentares da burguesia mercantil e de nobres capitalistas detentores de pequenas propriedades conseguiram a manutenção pelo rei de um exército permanente e também que a política religiosa passasse a ser controlada pelo parlamento.

Essa última medida era uma forma de garantir uma maior liberdade religiosa, já que Carlos I havia mantido a política de seu pai de tentar impor o anglicanismo como religião de parte da população que professava fés distintas, como os presbiterianos na Escócia e os calvinistas, conhecidos na Inglaterra como puritanos.

Entretanto, em 1641, Carlos I tentou novamente dissolver o parlamento para ampliar seu poder. Essa medida desencadeou uma guerra civil na Inglaterra, também conhecida como Revolução Puritana (1641-1649). As forças em luta durante a guerra civil dividiam-se entre os apoiadores de Carlos I, os Cavaleiros, formados principalmente por anglicanos, católicos e latifundiários; e os defensores do poder do Parlamento, conhecidos como Cabeças Redondas, em razão do corte de cabelo arredondado, que eram liderados por Oliver Cromwell e apoiados pelos demais setores da sociedade inglesa, como os puritanos e os presbiterianos.

Carlos I comandou as tropas até 1646, quando se rendeu e foi preso. O rei ainda conseguiu fugir para a ilha de Wight, de onde tentou reorganizar seu exército. Mas foi derrotado definitivamente pelos Cabeças Redondas. Em 1648, a mando do Parlamento, foi julgado pela Alta Corte de Justiça e condenado por traição. A pena foi a decapitação, que ocorreu em janeiro de 1649, em frente ao palácio de Whitehall, em Londres.


Carlos I insultado por soldados de Cromwell
, de Paul Delaroche (1797-1856)

A decapitação de Carlos I foi a primeira execução de um monarca europeu após uma ordenação e julgamento a mando de um Parlamento, e não por qualquer disputa interna das cortes. O aspecto prático e simbólico da execução definiu-se pelo fim da ideia do caráter divino e da autoridade incontestável do rei.

Após a decapitação de Carlos I, foi instaurada a República na Inglaterra, que não duraria muito tempo. Ao contrário, a instituição do poder político da burguesia, o parlamento, fortaleceu-se. O desenvolvimento político e econômico da burguesia ganhava assim impulso e apresentava os contornos que iriam conformar a sociedade contemporânea.

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* Crédito da Imagem: Galeria Nacional do Reino Unido.

Publicado por Tales dos Santos Pinto
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