Mitologia nórdica
A mitologia nórdica é conhecida por agrupar histórias e mitos que envolvem os deuses dos povos vikings. Essas histórias – em geral, transmitidas oralmente – foram registradas por um poeta e historiador islandês do século XIII na chamada Edda em Prosa. Atualmente, a religiosidade nórdica foi resgatada por novas interpretações em uma religião que se autodenomina de Asatrú, ou Odinismo.
O que é mitologia nórdica?
Seguindo a definição do historiador Johnni Langer, a mitologia nórdica é o “conjunto de narrativas acerca de divindades e seres sobrenaturais de base oral e pertencente à religiosidade pré-cristã na Escandinávia e Europa Setentrional”|1|. Apesar de as histórias da religiosidade nórdica (ou parte delas) terem sido sistematizadas em registros escritos, os historiadores afirmam que os vikings nunca chegaram a estabelecer uma religião organizada com sacerdotes, por exemplo.
Quais são os principais registros sobre a mitologia nórdica?
O conhecimento atual a respeito da mitologia nórdica foi conseguido, principalmente, por meio do registro feito pelo poeta e historiador islandês Snorri Sturluson. Esse poeta sistematizou seu conhecimento sobre esse assunto por volta de 1220. Segundo Langer, o objetivo desse historiador ao escrever a Edda em Prosa era produzir um “manual de mitologia para os jovens poetas”|2|.
O livro de Sturluson foi dividido em quatro partes, e a principal foi chamada de Gylfaginning (o logro de Gylfi). Esse capítulo conta a história da criação do mundo até a destruição do universo no Ragnarök, que seria um período de eventos catastróficos nessa mitologia. A respeito da criação do mundo na mitologia nórdica, segue o relato de Langer:
Segundo a mitologia nórdica, no início dos tempos, existia um abismo chamado Ginnungagap. Próximo dele, estendiam-se duas regiões: uma gelada e nebulosa, com o nome de Niflheimr, e outra clara e resplandecente, denominada Múspell. Quando o gelo de Niflheimr caiu no abismo e derreteu, formou um gigante, Ymir, e uma vaca Audumla, que lambeu o gelo salgado. Conforme lambia, surgiam seres antropomórficos: os deuses Odinn, Vile e Vé, que mataram o gigante Ymir. A partir desse cadáver, o trio de deuses formou toda a estrutura do universo conhecido, desde a abóbada do cosmos até os homens|3|.
Além da Edda em Prosa, foi escrita a Edda Poética, que reúne vários contos menores sobre os deuses nórdicos. Em nórdico antigo, o texto foi encontrado em manuscrito na Islândia, no século XVII.
Deuses da mitologia nórdica
Os principais deuses da mitologia nórdica são:
Odin
Odin foi o principal deus da mitologia nórdica. Ele era conhecido como “Pai de todos” e por saber todas as coisas do universo. Odin recebia notícias dos acontecimentos de Midgard (terra dos homens) por seus corvos Hugin (memória) e Munin (pensamento), que voavam e, ao retornar, contavam-lhe tudo o que viam. Odin cavalgava um cavalo de oito patas chamado Sleipnir e, durante o Ragnarök, enfrentou o lobo gigante Fenrir (filho de Loki), mas foi derrotado e devorado por ele.
Thor
Thor era o deus mais adorado entre os nórdicos, pois seu culto era bastante difundido entre os camponeses. Na crença desse povo, ele era conhecido como deus trovão e provocava o som dos trovões ao brandir seu martelo. Essa arma era chamada de Mjölnnir e usada na luta contra os gigantes. No Ragnarök, Thor enfrentou a serpente Jörmungandr e matou-a, porém, morreu vítima de seu veneno.
Loki
Era o deus mais controverso da mitologia nórdica e conhecido pela sua personalidade astuta. Loki era filho do gigante Fárbauti e esteve envolvido na morte de Baldr. Seus filhos foram os catalisadores do Ragnarök. Uma passagem interessante sobre esse deus aparece no poema Lokasenna – O sarcasmo de Loki – em que Loki ofende inúmeros deuses nórdicos em uma festa em Asgard.
|1| LANGER, Johnni. Mitologia Nórdica. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: Símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 309.
|2| LANGER, Johnni. Edda em Prosa. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: Símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 309.
|3| LANGER, Johnni. Deuses, monstros, heróis: ensaios de mitologia e religião viking. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, p. 184.