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Obsolescência planejada

A obsolescência planejada é uma forma de produção que gera o aumento do consumo no sistema social capitalista com vistas a sustentar o andamento da economia.
Aparelhos ultramodernos são, rapidamente, transformados em velharias com a obsolescência planejada
Aparelhos ultramodernos são, rapidamente, transformados em velharias com a obsolescência planejada

Entende-se por obsolescência planejada – ou obsolescência programada – um processo em que mercadorias são fabricadas com o intuito de apresentarem algum tipo de limitação em um tempo predeterminado a fim de que se tornem rapidamente obsoletas, aumentando, assim, o consumo.

Apesar de muito criticada e, em alguns casos, até combatida judicialmente, a obsolescência planejada configura-se como um mecanismo para sustentar a sociedade de consumo, ou seja, tem o objetivo de aumentar o consumismo. Em termos econômicos, esse aumento reverbera em um crescimento na produção, com maior enriquecimento de diversos setores e o aumento da geração de emprego.

A grande questão é a notória insustentabilidade dessa lógica, apontada por muitos como contraditória, uma vez que o crescimento do consumo como forma de sustentação do crescimento da economia é, por si só, um instrumento limitado, pois, em algum momento, encontrará o seu esgotamento.

Além disso, outra crítica que se direciona à obsolescência programada é a agressão ao meio ambiente provocada pelo aumento do consumo de recursos naturais e também pelo crescimento da produção de lixo. Afinal, um celular, uma impressora ou um aparelho qualquer são hoje comprados e, pouco tempo depois, descartados, demandando a compra de um novo modelo e a consequente expansão da geração de resíduos, pois, mesmo com uma reciclagem operante, não é possível reaproveitar tudo o que foi jogado fora.

O conceito de obsolescência planejada foi elaborado pela indústria de lâmpadas do início do século XX, mais precisamente na década de 1920. Naquela época, as empresas desse segmento – dentro da lógica do sistema fordista – produziam em massa e, para garantir o consumo de tudo o que era estocado, passaram a limitar o tempo de vida útil das lâmpadas para forçar o aumento da compra de novas peças. Assim, as primeiras lâmpadas produzidas tinham uma capacidade de duração média de 1.500 horas, tempo esse que foi reduzido para mil horas.

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O exemplo acima citado é um tipo de obsolescência técnica, aquela em que uma falha ou limitação mecânica do produto impede a continuidade de sua utilização, forçando uma nova compra. No entanto, há também a obsolescência psicológica, aquela em que o consumidor é incitado a comprar um novo produto mesmo que o seu aparelho atual esteja em correto funcionamento.

Um exemplo disso é o mercado de smartphones. Mesmo que alguns deles sejam resistentes ou, dependendo do grau de zelo do usuário, permaneçam conservados por muito tempo, há uma obsolescência psicológica em curso, haja vista que todos os anos um novo modelo é lançado, fazendo com que o produto adquirido anteriormente torne-se “velho” ou obsoleto. Tal contexto, em comunhão com a ampla publicidade e a reprodução de seus conceitos na sociedade, leva o usuário a convencer-se de que o aparelho que ele está utilizando não é bom o suficiente para ele, mesmo que atenda todas as suas necessidades e vontades.

Há ainda os casos em que equipamentos são lançados com limitações propositais, como um recurso a menos ou um dispositivo com características não muito avançadas. Assim, “cria-se” um problema que seria então “milagrosamente” resolvido por uma versão mais avançada, que, por sua vez, também apresenta outra limitação que será resolvida por outro produto e assim sucessivamente.

Existem alguns documentários que abordam esse tema de uma forma crítica. Os dois mais conhecidos são “A História das Coisas” e “Comprar, Tirar, Comprar”, esse último inteiramente dedicado à questão da obsolescência programada e de como a sociedade de consumo estrutura-se a partir desse modelo. 

Publicado por Rodolfo F. Alves Pena

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