Arcaísmo
Você sabe o que é arcaísmo?
O arcaísmo é o termo empregado para designar palavras ou expressões que deixaram de ser usadas, mas que foram comuns em outros tempos. Na gramática normativa brasileira, o arcaísmo é considerado como um erro, mas se observarmos bem, tal classificação é reducionista, já que desconsidera as situações de interação verbal: se o arcaísmo não compromete o diálogo entre os interlocutores, então podemos dizer que o papel comunicativo da língua foi cumprido. No entanto, se o diálogo é travado por pessoas de idades muito diferentes, fica claro que a conversa pode esbarrar em alguns obstáculos, não é mesmo?
Embora seja complicado tachar o arcaísmo como um erro, também é sensato que o uso de termos obsoletos seja evitado, tanto na modalidade escrita como na modalidade oral. Os arcaísmos podem ser classificados como linguísticos ou literários. Os arcaísmos linguísticos são palavras ou expressões que caíram em desuso, mas que nem por isso foram extintas dos dicionários, estão apenas “adormecidas”: ceroula, alcaide, vosmecê, à guisa de etc. Certamente você não sabe o significado dessas palavras e, por esse motivo, podemos considerá-las como exemplos de arcaísmos. O arcaísmo literário é encontrado em obras literárias e pode ser utilizado de maneira proposital com a intenção de conferir rebuscamento e imponência. Observe o exemplo na tirinha de Calvin e Haroldo, de Bill Watterson:
O arcaísmo está na contramão da renovação do léxico e seu uso deve ser evitado
O arcaísmo é o contrário do neologismo, fenômeno que confere à língua possibilidades de renovação. Uma pessoa que faz uso de muitos arcaísmos na comunicação diária pode deixar claro que é um falante que não renovou seu vocabulário. Quando utilizamos expressões frequentes e atualizadas com a nova realidade das relações sociais e culturais, possibilitamos que o diálogo seja mais acessível, sem contar que conferimos dinamicidade ao ato comunicacional. Mas se você se deparar com determinada palavra considerada antiga, faça o uso do dicionário, sempre é bom aprender e compreender integralmente o que estamos lendo e ouvindo. Para finalizar, fique com a divertida reflexão sobre o tema, uma das geniais frases do poeta Mario Quintana:
Há palavras que ninguém emprega. Apenas se
encontram nos dicionários como velhas caducas num
asilo. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se
desdentadamente, em público, nalguma oração de
paraninfo. Pobres velhinhas... Pobre velhinho!”
(Quintana, Mário. “Triste história”, em Porta giratória. São Paulo, Globo, 1988)