“Esse” ou “este”?

“Esse” e “este” são pronomes demonstrativos usados para indicar a localização temporal, espacial ou textual de um objeto, uma ideia ou uma situação em relação ao falante, ao ouvinte ou ao texto. Embora muitas vezes confundidos, eles são usados em contextos específicos, de acordo com a proximidade ou distância do falante, do ouvinte ou do contexto mencionado.

Leia também: O correto é “esta” ou “está”?

Resumo sobre “esse” e “este”

• “Esse” e “este” são dois pronomes demonstrativos usados em contextos específicos.
• “Este” indica proximidade com o falante.
• “Esse” indica proximidade com o ouvinte ou algo mencionado anteriormente.
• Usa-se “esse” para passado ou futuro próximo, algo perto do ouvinte e referências anteriores no texto.
• Usa-se “este” para presente, algo perto do falante e introduzir novos assuntos ou referências futuras no texto.

Videoaula sobre “esse” e “este”

Diferenças entre “esse” e “este”

A diferença entre cada um desses pronomes demonstrativos está na proximidade ou distância em relação a quem fala e à pessoa com quem se fala. Essa distância pode ser em relação ao tempo ou ao espaço. Ainda, os pronomes podem ser usados para se referir a elementos dentro do próprio texto. Veja a diferença de uso de cada um a seguir:

Quando usar “este”?

O pronome “este” é usado para indicar algo muito perto da pessoa que fala, seja no tempo, seja no espaço. Já no texto, é usado para apresentar um novo termo que ainda não foi citado.

→ Uso de “este” no tempo

“Este” é usado para se referir ao tempo presente.

Exemplo 1:

Estou muito animado para este ano que está começando!

Nesse caso, o ano acabou de começar, configurando tempo presente. Por isso, o uso de “este”.

Exemplo 2:

Esta aula parece que não termina nunca!

Aqui, a referência do tempo presente é a “aula” que não acaba, por isso o uso de “esta”.

→ Uso de “este” no espaço

Usamos “este” para apontar algo próximo de quem está falando.

Exemplo:

Tenho estes documentos que comprovam tudo o que estou falando.

Nesse caso, os documentos estão com a pessoa que fala, por isso o uso de “este”.

→ Uso de “este” no texto

O pronome “este” é usado para apresentar um elemento no texto que será mencionado pela primeira vez.

Exemplo:

Este pode ser o maior clássico da literatura brasileira: Dom Casmurro.

Aqui, o pronome “este” informa que será apresentado um novo elemento no texto, que é “Dom Casmurro”.

Veja também: Quando usar os pronomes possessivos “teu” e “seu”

Quando usar “esse”?

O pronome demonstrativo “esse” é usado para indicar uma distância maior em relação à pessoa que fala. Essa distância pode ser no tempo ou no espaço. No texto, é usado para retomar um termo que já foi citado antes.

→ Uso de “esse” no tempo

Usamos “esse” para se referir a algo que aconteceu ou que vai acontecer em um tempo mais distante em relação ao presente.

Por exemplo:

Os últimos anos foram difíceis. Nesse período, enfrentamos muitos desafios.

No caso, “os últimos anos” estão um pouco distantes do tempo presente, por isso são referidos com o pronome “nesse”.

Daqui a alguns minutos, a minha prima chega aqui na rodoviária. Esse momento vai ser incrível!

Aqui também, o tempo futuro está um pouco distante do tempo presente (“Daqui a alguns minutos”), por isso é usado o pronome “esse”.

→ Uso de “esse” no espaço

O pronome “esse” é utilizado para apontar algo que está mais perto da pessoa com quem se fala, e um pouco mais distante do falante.

Exemplo:

Você está vendo esse livro na sua mesa?

Mesmo quando não há explicitamente outra pessoa no texto, o pronome “esse” é usado caso o elemento a que se referir esteja um pouco distante de quem fala.

Veja o exemplo:

Fico aqui, admirando sozinho essa chuva, pensando no que eu poderia fazer da minha vida…

→ Uso de “esse” no texto

Usamos “esse” para retomar um elemento do texto que já foi mencionado.

Exemplo:

No Brasil, o romance Dom Casmurro é um dos mais famosos. Esse livro é considerado um clássico da literatura brasileira.

Nesse caso, o pronome “esse” retoma um elemento já citado anteriormente: “Dom Casmurro”.

Pronomes demonstrativos

Além de “este” e “esse”, os pronomes demonstrativos incluem o pronome “aquele”, que indica algo distante tanto de quem fala, quanto da pessoa para quem se fala. Todos esses pronomes variam em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plural). Há, ainda, uma forma neutra para cada um: “isto”, “isso” e “aquilo”.

este – esta – estes – estas – isto

esse – essa – esses – essas – isso

aquele – aquela – aqueles – aquelas – aquilo

Saiba mais: Quais são as regras de colocação pronominal?

Exercícios resolvidos sobre “esse” e “este”

Questão 1

(BIO-RIO)

AUDIÊNCIA PÚBLICA

A audiência pública realizada esta semana no DF reuniu representantes dos Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg) de diversas cidades do Distrito Federal e o comando da Polícia Militar do DF na manhã desta terça-feira, 1º de setembro, no plenário da Casa. O intuito foi debater questões de segurança pública. Da audiência pública saiu a cobrança ao GDF de mais eficiência do serviço 190. Conselheiros reclamaram que o serviço é inoperante: o número não atende diuturnamente, há demora durante o atendimento ao usuário e ineficiência no envio de viaturas.

Entre as sugestões de integrantes dos Conseg está a descentralização do serviço 190, localizado na Secretaria de Segurança Pública, para os comandos das PM, além da modernização e desburocratização do serviço. José Valmir dos Santos, de Samambaia, um dos conselheiros que se manifestaram em plenário, disse que o “190 pode ser útil para alimentar bancos de dados, mas não como atendimento de emergência”, porque, segundo ele, “muitas perguntas são feitas à comunidade em um serviço que era para ser emergencial”.

Liliane destacou que “o 190 é um serviço para o qual as pessoas ligam quando estão em situação de desespero”. Segundo a parlamentar, há vários relatos de dificuldade de acesso do cidadão a esse serviço. “Precisamos encontrar soluções para que o cidadão não se sinta abandonado pelo Estado”, declarou. Ela prometeu levar as sugestões dos conselheiros ao governador.

No primeiro período do texto aparece duas vezes o pronome demonstrativo ESTA – esta semana; desta terça-feira. A opção pela forma ESTA e não ESSA ou AQUELA se deve ao fato de que essa forma de demonstrativo:

A) indica fatos do tempo presente do texto.

B) marca fatos citados anteriormente.

C) assinala acontecimentos ocorridos há muito tempo.

D) mostra o local onde ocorrem os fatos.

E) se refere ao elemento citado mais proximamente.

Resposta

Alternativa A. O uso de “esta” é justificado pelo tempo presente do texto, pelo contexto da palavra seguinte: “esta semana” e “desta terça-feira”.

Questão 2

(MPE-SC)

“A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai, na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A negociação para ter a autorização do país começou há mais de três anos, quando a expedição estava em fase de planejamento. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro recebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com as autoridades do país.”

(http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pela-primeira-vez-na-antartica.html)

Na linguagem formal não se pode empregar este/esse indistintamente. O pronome esse, por exemplo, informa o tempo não muito distante do momento da fala/escrita ou é empregado ao se fazer referência a algo anteriormente mencionado. Assim, ele está bem colocado, nas duas vezes em que aparece no texto.

(   ) Certo

(   ) Errado

Resposta

Certo. As ocorrências em “essa é a primeira vez” e “essa também é a primeira vez” se justificam por retomarem um elemento já citado anteriormente no texto: a chegada da Família Schürmann a Xangai, que aparece na primeira frase do texto.

Fontes

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.