Gerúndio

O gerúndio é uma das formas nominais do verbo, ou seja, é quando o verbo pode atuar como um nome nas frases. No caso do gerúndio, ele pode exercer função de adjetivos e advérbios, além de compor locuções verbais. Ele se destaca por indicar ação em andamento, inacabada, contínua ou inconclusa. O uso inadequado ou excessivo do gerúndio é comum e é chamado de “gerundismo”, um vício de linguagem que deve ser evitado na linguagem formal.

Leia também: Particípio — outra forma nominal dos verbos

Resumo sobre gerúndio

• O gerúndio é uma das formas nominais do verbo.
• As três formas nominais existentes são: gerúndio, particípio e infinitivo.
• O gerúndio expressa uma ação em andamento, inacabada, contínua ou inconclusa.
• A terminação do gerúndio é -ndo (cantando, correndo, sorrindo).
• O uso do gerúndio é correto, desde que usado adequadamente.
• O gerundismo é o vício de linguagem que nomeia o uso inadequado ou excessivo do gerúndio.
• O gerúndio pode exercer funções semelhantes às dos adjetivos e advérbios.

O que é gerúndio?

O gerúndio é uma das formas nominais do verbo, juntamente com o infinitivo e o particípio. Sintaticamente, ele pode exercer função de adjetivo e advérbio, ou seja, modificar um substantivo ou um verbo, e também formar locuções verbais para marcar a noção de continuidade da ação, estado ou fenômeno verbal.

Maria está estudando.

Maria virou a noite estudando.

Maria estava lendo no quarto.

Nos três exemplos acima, é possível notar o uso do gerúndio, mas em cada uma das frases ele exerce uma função diferente.

Na primeira frase, “estudando” é o gerúndio que qualifica o estado de Maria, por isso exerce uma função comum aos adjetivos. Na segunda frase, o gerúndio “estudando” exerce a mesma função comum aos advérbios, pois indica o modo como Maria virou a noite, isto é, modifica a ação verbal. E, na terceira frase, o gerúndio “lendo” forma a locução verbal “estava lendo” e expressa uma ação contínua ocorrida no passado.

Semanticamente, o gerúndio expressa uma ideia de ação em andamento, continuidade ou processo ainda não concluído, além de poder qualificar um substantivo ou modificar um verbo, como visto nos exemplos anteriores. Morfologicamente, ele se caracteriza pelo uso do morfema -ndo no final dos verbos (cantando, correndo, sorrindo).

É certo falar no gerúndio?

O gerúndio é uma forma correta e normativa, de acordo com as gramáticas da língua portuguesa. Logo, não é errado utilizá-lo na fala ou escrita. No entanto, há uma advertência em relação ao gerundismo, que, por ser um vício de linguagem, pode prejudicar a estrutura e o sentido dos textos.

Lista de verbos no gerúndio

Função do gerúndio

O gerúndio exerce a mesma função de adjetivos e advérbios e atua para:

• Indicar ação em andamento:

Júlia está feliz.

Na frase acima, “feliz” é um adjetivo que está qualificando o estado de Júlia, exercendo a função de predicativo do sujeito.

Júlia está escrevendo.

Na segunda frase, o verbo “escrevendo” está exercendo a mesma função que o adjetivo no exemplo anterior, ou seja, atua como predicativo do sujeito. Nesse caso, o verbo na forma nominal gerúndio atua semelhante aos adjetivos.

• Indicar uma circunstância (tempo, modo, etc.):

Júlia saiu alegremente.

Júlia saiu ontem.

Nos dois exemplos acima, as palavras “alegremente” e “ontem” são advérbios que indicam, respectivamente, modo e tempo. A função que exercem é de adjunto adverbial.

Julia saiu chorando.

Na terceira frase, o verbo “chorando” está na forma nominal gerúndio e exerce a mesma função sintática que os advérbios nos dois exemplos anteriores. Nesse caso, o gerúndio é utilizado para indicar o modo como Júlia saiu.

• Formar locuções verbais:

Ontem eu trabalhei em casa.

Ontem eu estava trabalhando em casa.

Nos dois exemplos acima, há uma indicação do sujeito sobre ter trabalhado em casa no dia anterior. Na primeira frase, o verbo “trabalhei” está flexionado no pretérito perfeito, indicando uma ação pontual no passado. Na segunda frase, o gerúndio “trabalhando” une-se ao verbo auxiliar “estava” e também expressa uma ideia de passado, porém agora como uma ação contínua.

Gerúndio, particípio e infinitivo

Os verbos podem assumir formas nominais, que são aquelas em que o verbo atua de forma semelhante a um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e formando locuções verbais. As três formas nominais existentes são gerúndio, particípio infinitivo.

O gerúndio é a forma nominal que indica ação em andamento ou inacabada e circunstância (falando). O particípio é a forma nominal que indica ação acabada ou qualidade (falado). E o infinitivo é a forma nominal que expressa a ação genérica e também atua como “forma original” do verbo (falar).

Leia também: Infinitivo — a forma “original” do verbo

Exercícios sobre gerúndio

1. (Fuvest - 2024) No texto, o emprego do gerúndio no trecho “Outra maneira de promover a ética de forma prática é treinando líderes. ” (7º parágrafo) indica:

A) modo.

B) ênfase.

C) concessão.

D) objetividade.

E) proporção.

Comentário: Letra A. Na frase acima, o verbo “treinando” está no gerúndio e indica uma forma, ou seja, um modo, de como a ação de “promover a ética de forma prática” pode ser alcançada, exercendo, portanto, função adverbial.

2. (Avança- SP) O excerto que apresenta verbo em forma nominal é:

A) O charlatão se prejudica?

B) O charlatão é um contrabandista de si mesmo.

C) Sinto em mim a charlatão me espreitando.

D) Às vezes, de puro prazer, de pura pesquisa simples, ando sobre linha bamba.

E) Um amigo meu diz que em todos nós existe o charlatão.

Comentário: A única alternativa que apresenta verbo no gerúndio é a C (espreitando). Nesse caso, é possível fazer a identificação tanto pela presença do morfema -ndo ao final do verbo como também pelo sentido e função que o verbo desempenha, visto que

este expressa uma ação contínua e aponta o modo como o sujeito sente o charlatão, aspectos que estão de acordo com o a função do gerúndio.

Fontes:

BECHARA, Evanildo.  Moderna gramática portuguesa. 37. ed., rev., ampl. e atual. conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CEGALLA, Domingos Paschoal.  Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed., atual. São Paulo: Nacional, 2018.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley.  Nova gramática do português contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.