Cotidiano das famílias nas Treze Colônias inglesas
Pensar em como viviam as famílias dos ingleses que vieram da Inglaterra e dos colonos nascidos na América é um tanto complexo, pois, geralmente, a constituição de uma família era um empreendimento difícil dentro de uma lógica de colonização de exploração.
A ideia de que todas as formas de colonização foram somente de exploração é um fato recorrente e perpetuado entre vários estudiosos do assunto. Recentemente, novos estudos ressaltaram a importância de analisarmos as colonizações ocorridas durante o processo das Grandes Navegações Marítimas Europeias (séculos XV ao XVIII), dentro de uma perspectiva que incluísse a colonização de povoamento.
Estudiosos apontam para a seguinte questão: todas as formas de colonização fundamentaram suas ações e práticas na exploração e povoamento dos novos territórios conquistados. Dessa maneira, devemos pensar a colonização europeia na América como colonização de exploração e colonização de povoamento ao mesmo tempo: essas formas de colonização não existem sozinhas, acontecem mutuamente e reciprocamente. Toda a colonização visa à ocupação do território e à exploração dos recursos minerais e vegetais e, às vezes, humanos (escravidão dos nativos) deste território.
Após alguns esclarecimentos, voltemos ao nosso objetivo: o cotidiano das famílias nas Treze Colônias inglesas. Como essas famílias viviam? Como se alimentavam? Como se vestiam? Como trabalhavam? Todas essas indagações serão nossos objetos de análise no presente texto.
As famílias constituídas nas Treze Colônias inglesas assemelhavam-se muito às famílias europeias. Existia uma média de sete filhos em cada família, mas a mortalidade infantil com menos de um ano de idade era altíssima – dos sete, menos da metade chegava a sobreviver. A família colonial era patriarcal, o pai ou o marido era a principal autoridade da casa e nessas famílias o trabalho era exercido por todos.
As mulheres geralmente trabalhavam dentro e fora de casa, produziam alimentos, roupas, velas, entre outros, portanto, o papel social desempenhado pela mulher era extremamente importante – a partir de suas mãos a família se vestia e comia. As mulheres das colônias, no século XVIII, quase todas se casavam, era muito difícil uma mulher ficar solteira. Casavam-se a partir dos 24 anos de idade, enquanto as mulheres europeias do século XVIII casavam-se bem mais novas. As mulheres não tinham autonomia nas colônias, ficavam às sombras de seus maridos ou pais. Uma mulher poderia se casar uma única vez. O divórcio existiu por um curto tempo, mas posteriormente foi extinto.
No seio das famílias existia o resultado direto do matrimônio entre o homem e a mulher (marido e esposa), que eram os filhos. Nas Treze Colônias inglesas, as crianças eram vestidas como adultos a partir dos sete anos de idade, aprendiam a ler e a escrever e geralmente seguiam o ofício dos pais. O principal trabalho exercido pelas crianças era em casa, lá exerciam vários afazeres domésticos.
Principalmente nas Colônias do Norte, desenvolveu-se o comércio juntamente com as atividades manufatureiras, entretanto a grande parte da população estava desempenhando o trabalho no campo, ou seja, praticando a agricultura.
Grande parte da população das Treze Colônias inglesas era puritana (protestantes), principalmente os colonos do norte. A população puritana quase sempre se vestia com roupas com tons escuros e as mulheres não ostentavam joias e luxo. Era uma sociedade dedicada ao trabalho, havia pouco tempo para as diversões. As reuniões festivas dos colonos aconteciam no momento da construção de algum celeiro, ou seja, misturavam lazer ao trabalho. Uma das principais características dos colonos ingleses foi a ética do trabalho.