Drogas do sertão
A instalação da economia colonial no Brasil foi marcada pelo caráter extremamente limitador das políticas de exploração e desenvolvimento estabelecidas pelo governo português. Interessados em ampliar a margem de seus lucros com o atendimento das demandas do mercado europeu, a Coroa Portuguesa formou extensa propriedades voltadas para a produção açucareira. Em contrapartida, nossos colonizadores pouco se preocupavam com as necessidades internas da população da época.
No entanto, o crescimento da população colonial acabou incitando o desenvolvimento de outras atividades que visavam abastecer as grandes regiões de exploração colonial. Na região norte, a exploração das proximidades do rio Amazonas aconteceu graças às ações de invasores ingleses, holandeses e espanhóis que buscavam dominar espaços onde Portugal não tinha imposto sua autoridade. Contudo, a notícia dessas ações motivou a administração lusitana a promover a expulsão desses grupos.
Em 1616, a construção do forte de Belém deu início a uma série de expedições exploratórias pelo interior da selva amazônica. Em um primeiro momento, os portugueses esperavam encontrar e aprisionar índios posteriormente usados no trabalho escravo. Entretanto, as prospecções realizadas acabaram possibilitando a descoberta de diversos recursos naturais que poderiam ser vendidos para o mercado consumidor europeu.
As chamadas drogas do sertão abarcavam uma série de produtos como o guaraná, o anil, a salsa, o urucum, a noz de pixurim, pau-cravo, gergelim, cacau, baunilha e castanha-do-pará. Todas essas especiarias tinham alto valor de revenda no Velho Continente e, com isso, logo o contrabando apareceu nessas áreas. Para controlar a exploração das drogas do sertão, Portugal optou por deixar a exploração desses gêneros a cargo das missões jesuíticas que empregava mão-de-obra indígena.
A descoberta das drogas do sertão ocorreu em um período em que a busca por especiarias no Mundo Oriental estava em franco processo de decadência. Dessa maneira, a exploração da região norte teve grande desenvolvimento no momento em que assumiu o papel econômico outrora desempenhado por outras nações. Além disso, a busca e o comércio das drogas do sertão tiveram fundamental importância para a ocupação da região norte do Brasil.