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José Lins do Rego

José Lins do Rego nasceu em 3 de junho de 1901, na cidade de Pilar, no estado da Paraíba. Mais tarde, estudou Direito, foi promotor em Manhuaçu e fiscal de bancos em Maceió. Em 1935, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como fiscal do imposto de consumo, profissão que conciliou com sua carreira de escritor.

O romancista, que faleceu em 12 de setembro de 1957, no Rio de Janeiro, foi eleito, dois anos antes, para a Academia Brasileira de Letras. Deixou obras de caráter regionalista, caracterizadas pela crítica sociopolítica, típica da geração de 1930 do modernismo brasileiro.

Leia também: Rachel de Queiroz – importante autora da geração de 1930

Biografia de José Lins do Rego

José Lins do Rego na capa da coletânea de suas narrativas ficcionais, publicada pela Nova Aguilar. [1]
José Lins do Rego na capa da coletânea de suas narrativas ficcionais, publicada pela Nova Aguilar. [1]

José Lins do Rego nasceu em 3 de junho de 1901, em Pilar, na Paraíba. Antes de completar um ano de idade, ficou órfão de mãe, então, foi criado por seus avós, em um engenho. Mais tarde, estudou em um internato em Itabaiana, onde, com 10 anos de idade, leu seu primeiro livro — Os doze pares de França.

Depois, estudou em um colégio em João Pessoa e, em seguida, em Recife. Nessa cidade, em 1920, iniciou a Faculdade de Direito. Em 1925, já casado, assumiu o cargo de promotor na cidade de Manhuaçu, em Minas Gerais, mas, no ano seguinte, passou a trabalhar como fiscal de bancos, em Maceió.

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Anos depois, em 1932, publicou, com recursos próprios, seu primeiro livro: Menino de engenho. A obra recebeu o Prêmio de Romance da Fundação Graça Aranha. Em 1935, o escritor foi para o Rio de Janeiro. Ali, exerceu o cargo de fiscal do imposto de consumo, profissão que conciliou com sua carreira de escritor.

Quando Graciliano Ramos (1892-1953) foi preso, José Lins do Rego foi quem conseguiu um advogado para a defesa do amigo — o jurista e defensor dos direitos humanos Sobral Pinto (1893-1991). Ainda, ele hospedou o autor de Vidas secas em sua casa, quando finalmente deixou a prisão.

Com o romance Água-mãe, de 1941, José Lins do Rego ganhou o Prêmio da Sociedade Felipe d’Oliveira. Além disso, recebeu o Prêmio Fábio Prado pela sua obra Eurídice, publicada em 1947. Oito anos depois, em 1955, tornou-se o ocupante da cadeira 25 da Academia Brasileira de Letras.

O autor morreu em 12 de setembro de 1957, no Rio de Janeiro, devido a uma hepatopatia, causada pela esquistossomose adquirida na infância. Deixou obras que registram a decadência dos engenhos do Nordeste e retratam, também, um pouco do que o escritor observou em sua infância, quando era fascinado pela figura autoritária de seu avô.

Leia também: Jorge de Lima – poeta da segunda fase do modernismo

Características literárias de José Lins do Rego

José Lins do Rego foi um autor da geração de 1930 do modernismo brasileiro. Suas obras apresentam traços autobiográficos, além de crítica sociopolítica. O regionalismo também é uma característica de seus livros, que trazem uma linguagem objetiva e realista, portanto, não apresentam qualquer forma de idealização.

É possível perceber, também, o determinismo, principalmente associado ao espaço da narrativa. Além disso, há uma valorização dos costumes regionais e da linguagem coloquial. Desse modo, o narrador apresenta um olhar crítico sobre a realidade brasileira de final do século XIX e início do século XX.

Obras de José Lins do Rego

Capa do livro “Fogo morto”, de José Lins do Rego, publicado pela Global. [1]
Capa do livro “Fogo morto”, de José Lins do Rego, publicado pela Global. [1]
  • Menino de engenho (1932)

  • Doidinho (1933)

  • Banguê (1934)

  • O moleque Ricardo (1935)

  • Usina (1936)

  • Histórias da velha Totônia (1936)

  • Pureza (1937)

  • Pedra bonita (1938)

  • Riacho doce (1939)

  • Água-mãe (1941)

  • Gordos e magros (1942)

  • Fogo morto (1943)

  • Poesia e vida (1945)

  • Eurídice (1947)

  • Bota de sete léguas (1951)

  • Homens, seres e coisas (1952)

  • Cangaceiros (1953)

  • A casa e o homem (1954)

  • Roteiro de Israel (1955)

  • Meus verdes anos (1956)

  • Gregos e troianos (1957)

  • Presença do Nordeste na literatura brasileira (1957)

  • O vulcão e a fonte (1958)

  • Flamengo é puro amor (2002)

  • O cravo de Mozart é eterno (2004)

  • Ligeiros traços: escritos da juventude (2007)

Fogo morto

Fogo morto é um dos livros mais conhecidos de José Lins do Rego. Na primeira parte da obra, o narrador apresenta o mestre José Amaro, que vive no engenho de Santa Fé (o qual pertence a seu Lula), com sua esposa e filha. Ele vive insatisfeito com sua situação familiar, pois queria ter tido um filho a quem transmitir seus valores.

A segunda parte do livro tem como foco a decadência do engenho de Santa Fé. Inicialmente ele era de propriedade do capitão Tomás Cabral de Melo, mas sua filha, Amélia, casou-se com seu Lula (Luís César de Holanda Chacon), que passou a cuidar das terras após a morte do sogro.

Seu Lula é um homem autoritário e o responsável pela decadência do engenho, que acaba se transformando em “fogo morto”, uma vez que para de produzir. Já mestre José Amaro, um seleiro, ocupa um lugar social de submissão, mas não é um homem resignado, tem rompantes de revolta e é expulso de sua casa pelo dono da terra.

Já na terceira parte da obra, capitão Vitorino busca interceder junto a seu Lula em benefício de seu compadre José Amaro. Além disso, a esposa do seleiro o abandona, e sua filha é internada em um hospício. Por fim, ao mestre só lhe resta o capitão Antônio Silvino, um cangaceiro que invade Santa Fé.

Assim, o enredo é construído em torno de um opressor (seu Lula), um oprimido (mestre José Amaro) e um possível herói popular (o cangaceiro). Contudo, José Amaro, o injustiçado, acaba sendo preso por apoiar o capitão Antônio Silvino, e, sem conseguir fugir de seu destino, não vê outra solução além da morte.

Crédito da imagem

[1] Grupo Editorial Global (reprodução)

Publicado por Warley Souza

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