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Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues é um famoso dramaturgo brasileiro. Ele também é romancista, cronista e contista. Um de seus textos dramáticos mais famosos é a peça “Vestido de noiva”.
Estátua em homenagem a Nelson Rodrigues, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Homenagem ao escritor Nelson Rodrigues em Copacabana, no Rio de Janeiro.[1]

Nelson Rodrigues é um famoso dramaturgo brasileiro. Ele nasceu em Recife, no estado de Pernambuco, em 23 de agosto de 1912. Mais tarde, no Rio de Janeiro, trabalhou para diversos jornais e ficou famoso ao se tornar dramaturgo. Além de peças teatrais, o autor também escreveu romances.

O escritor, que morreu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro, escreveu obras polêmicas por tratarem de comportamentos imorais. Assim, o dramaturgo faz crítica de costumes e expõe os desejos ocultos por trás do comportamento humano. Uma de suas obras mais famosas é a peça teatral Vestido de noiva.

Leia também: Ariano Suassuna — outro escritor brasileiro que produziu inúmeras obras teatrais

Resumo sobre Nelson Rodrigues

  • Nelson Rodrigues foi um dramaturgo pernambucano, que nasceu em 1912 e morreu em 1980.

  • Nelson Rodrigues também foi jornalista, cronista, romancista e contista.

  • Seus textos apresentam linguagem coloquial, crítica social e elementos do cotidiano.

  • Sua obra mais conhecida é a inovadora peça teatral Vestido de noiva.

Biografia de Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues nasceu em Recife, no estado de Pernambuco, no dia 23 de agosto de 1912. Era membro de uma família grande, teve 13 irmãos. Em 1916, sua família se mudou para a cidade do Rio de Janeiro. A vivência da cultura e a observação das tragédias cariocas cotidianas influenciariam suas obras.

Mário Rodrigues, pai do escritor, criou o jornal A Manhã. Com 13 anos de idade, Nelson passou a trabalhar com o pai. Em 1927, começou a escrever para as páginas policiais. Dois anos depois, o pai já não era mais dono desse periódico e fundou o jornal Crítica. Nesse jornal, Roberto Rodrigues, irmão de Nelson, foi assassinado.

Em 1929, a jornalista Sílvia Serafim (1902-1936), alvo de uma reportagem sobre seu desquite causado por adultério, foi ao jornal e atirou em Roberto, que morreu no lugar do pai. Esse fato levou Mário Rodrigues ao alcoolismo. Ele morreu no ano seguinte, infeliz com a perda do filho.

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No ano de 1930, o jornal foi fechado quando Getúlio Vargas (1882-1954) chegou ao poder. Sem essa fonte de sustento, a família do escritor passou por sérias dificuldades financeiras. Além disso, o dramaturgo adquiriu tuberculose e um de seus irmãos morreu por causa da mesma doença.

Em função da tuberculose, Nelson morou em Campos do Jordão por mais de um ano. Já em 1936, passou a escrever para a sessão de esportes do Jornal dos Sports, que tinha um dos irmãos do autor como sócio. Em 1940, Nelson se casou com Elza Bretanha. E, em 1941, ocorreu a estreia de sua primeira peça teatral A mulher sem pecado.

Mas o sucesso como dramaturgo só aconteceu em 1943, com a estreia da peça Vestido de noiva. No ano seguinte, Nelson Rodrigues utilizou o pseudônimo de Suzana Flag na publicação de seu primeiro romance. Em 1946, sua peça teatral Álbum de família foi censurada. No começo da década de 1950, no periódico Última Hora, iniciou a coluna A Vida como Ela É..., na qual publicava contos.

Nelson Rodrigues e outros artistas em protestos contra a Ditadura Militar.
Nelson Rodrigues e outros artistas brasileiros protestam contra a censura imposta pela Ditadura Militar.[2]

Em 1963, escreveu uma telenovela — A morta sem espelho —, exibida na TV Rio. Nesse ano, deixou a esposa para viver com Lúcia Cruz Lima. Já em 1966, teve mais uma obra censurada, agora seu romance O casamento. O filho do autor — Nelson Rodrigues Filho — foi preso em 1972, envolvido na luta armada contra a Ditadura Militar.

Anos depois, o dramaturgo adquiriu um aneurisma na aorta e foi operado três vezes antes de falecer em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro. Autor de várias crônicas sobre futebol, apaixonado por esse esporte e torcedor do Fluminense, Nelson Rodrigues foi enterrado com a bandeira do clube.

Veja também: Rubem Braga — cronista brasileiro filiado ao estilo modernista

Características literárias de Nelson Rodrigues

O escritor Nelson Rodrigues, apesar de ter escrito romances, contos e crônicas, é mais conhecido como dramaturgo. Assim, ele produziu peças psicológicas (salientam elementos psicológicos dos personagens), míticas (apresentam análise crítica da tradicional família burguesa) e tragédias cariocas (destacam os costumes do subúrbio do Rio de Janeiro).

De forma geral, seus dramas e narrativas apresentam estas características:

  • coloquialismo;

  • presença de gírias;

  • crítica de costumes;

  • ironia;

  • elementos grotescos;

  • temática do adultério;

  • crítica à hipocrisia;

  • realismo;

  • fluxo de consciência;

  • questões morais;

  • elementos do cotidiano.

Principais obras de Nelson Rodrigues

Peças teatrais

  • A mulher sem pecado (1941).

  • Vestido de noiva (1943).

  • Álbum de família (1946).

  • Anjo negro (1947).

  • Senhora dos afogados (1947).

  • Doroteia (1949).

  • Valsa no 6 (1951).

  • A falecida (1953).

  • Perdoa-me por me traíres (1957).

  • Viúva, porém honesta (1957).

  • Os sete gatinhos (1958).

  • Boca de ouro (1959).

  • O beijo no asfalto (1960).

  • Bonitinha, mas ordinária (1962).

  • Toda nudez será castigada (1965).

  • Anti-Nelson Rodrigues (1974).

  • A serpente (1978).

Contos

  • Cem contos escolhidos: a vida como ela é... (1972).

  • Elas gostam de apanhar (1974).

  • A vida como ela é...: o homem fiel e outros contos (1992).

  • A coroa de orquídeas (1992).

  • Pouco amor não é amor (2002).

Romances

  • Meu destino é pecar (1944).

  • Escravas do amor (1944).

  • Minha vida (1944).

  • Núpcias de fogo (1948).

  • A mulher que amou demais (1949).

  • A mentira (1953).

  • O homem proibido (1959).

  • Asfalto selvagem: Engraçadinha, seus pecados e seus amores (1959).

  • O casamento (1966).

  • Memórias: a menina sem estrela (1992).

Crônicas

  • O óbvio ululante: primeiras confissões (1968).

  • A cabra vadia (1970).

  • O reacionário: memórias e confissões (1977).

  • Fla-flu... e as multidões despertaram (1987).

  • O remador de Ben-Hur (1992).

  • A cabra vadia: novas confissões (1992).

  • À sombra das chuteiras imortais: crônicas de futebol (1992).

  • A mulher do próximo (1992).

  • O profeta tricolor (2002).

  • Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo (2002).

  • O berro impresso das manchetes (2007).

  • A pátria de chuteiras (2012).

  • Brasil em campo (2018).

Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues

Perna de uma mulher em capa do livro Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues.
Capa do livro Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, publicado pela editora Nova Fronteira.[3]

Vestido de noiva, o primeiro grande sucesso de Nelson Rodrigues, é um texto dramático, uma das peças psicológicas do autor. Nessa obra, o dramaturgo situa as ações em três planos distintos:

  • Alucinação: em um lupanar, Alaíde encontra um homem que tem o rosto de seu marido e revela, à falecida Madame Clessi, que lera seu diário.

  • Memória: lembranças do passado de Alaíde, de seu casamento, do fato de ter seduzido o homem que era a paixão de sua irmã Lúcia, do assassinato de madame Clessi, em cuja casa a família de Alaíde fora morar.

  • Realidade: um atropelamento; Alaíde é operada em um hospital, ficando em estado grave; ela é esposa do rico industrial Pedro Moreira; morre Alaíde, vítima do atropelamento; Pedro e Lúcia se casam.

Esses planos vão sendo apresentados e retomados, de forma a apresentarem a trama gradualmente, sem uma sequência cronológica. Assim, Nelson Rodrigues constrói uma inovadora tragédia em três atos, composta por três planos diferentes, o que atrai e confunde o público.

No primeiro ato, o dramaturgo coloca a seguinte rubrica: “Cenário — dividido em 3 planos: 1o plano: alucinação; 2o plano: memória; 3o plano: realidade. Quatro arcos no plano da memória; duas escadas laterais. Trevas”. Dessa forma, a ação é alternada entre os planos.

Saiba mais: Martins Pena — dramaturgo considerado o pai da comédia de costumes no Brasil

Frases de Nelson Rodrigues

Vamos ler, a seguir, algumas frases de Nelson Rodrigues, retiradas de suas obras À sombra das chuteiras imortais, A cabra vadia, O óbvio ululante e A vida como ela é...:

  • “O brasileiro gosta muito de ignorar as próprias virtudes e exaltar as próprias deficiências.”

  • “As unanimidades decidem por nós, sonham por nós, berram por nós.”

  • “A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.”

  • “Naturalmente, o jovem tem o defeito salubérrimo e simpaticíssimo da imaturidade.”

  • “Hoje, temos um preconceito cardíaco, não sei se justo ou iníquo, contra o barrigudo.”

  • “O brasileiro é um feriado.”

  • “O dinheiro compra até o amor verdadeiro.”

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Acervo Arquivo Nacional/ Wikimedia Commons

[3] Editora Nova Fronteira (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

BARBOSA, Enio Rodrigo. As muitas facetas do “anjo pornográfico”. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 64, n. 2, abr./ jun. 2012.

BRASIL MEMÓRIA DAS ARTES. Nelson Rodrigues. Disponível em: http://portais.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/nelson-rodrigues/biografia-de-nelson-rodrigues/.

DANTAS, Edna; MIGLIACCIO, Marcelo. Filhos querem exumar cadáver de Nelson. Folha de S. Paulo, São Paulo, 20 jan. 1994.

DRUMOND, Eugênio. O jogo irônico no romance O casamento, de Nelson Rodrigues. Revista do CESP, Belo Horizonte, v. 24, n. 33, jan./ dez. 2004.

FRANCO, Marcella; SANTOS, Valmir. Nelson Rodrigues foi mais do que um tarado e reacionário. Exame, São Paulo, 01 fev. 2012.

NELSON RODRIGUES. Frases. Disponível em: http://www.nelsonrodrigues.com.br/site/frases.php.

NELSON RODRIGUES. Linha do tempo. Disponível em: https://www.nelsonrodrigues.com.br/site/materia.php?t=n&c=3&i=14.

NELSON RODRIGUES. Sobre Nelson Rodrigues. Disponível em: https://www.nelsonrodrigues.com.br/site/materia.php?t=n&c=4&i=15.

PORTO, Marcelo Duarte. Da canalhice à redenção: Nelson Rodrigues e o Supereu brasileiro. 2008. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) – Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2008.

RODRIGUES, Nelson. Vestido de noiva. 14. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.

SOUSA, Luis Gabriel Venancio de; LEVISKI, Charlott Eloize. Míticas, psicológicas e tragédias cariocas: um RECORTE da DRAMATURGIA rodrigueana. Caderno PAIC, v. 14, n. 1, 2013.

VILARINO, Cleyton. A seletividade da censura no período militar: uma comparação entre Nelson Rodrigues e Oduvaldo Vianna Filho. Anagrama, São Paulo, v. 5, n. 2, 2011.     

Publicado por Warley Souza

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