Dioxina
Na realidade, dioxina não corresponde a apenas uma substância, mas a um grupo de cerca de 75 compostos altamente persistentes no meio ambiente e que apresentam diferentes graus de toxidade.
A dioxina mais perigosa é a 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina, que é mais conhecida por TCDD. Sua fórmula está representada abaixo:
Estrutura da principal dioxina: TCDD
Ela é o derivado clorado mais tóxico que existe e é popularmente conhecida por “dioxina”. Mas as estruturas das dioxinas podem se apresentar de diferentes formas, com variação no número de átomos de cloro ligados aos anéis aromáticos.
A dioxina pode ser produzida como uma impureza durante a produção de alguns herbicidas seletivos, tais como o 2,4,5 T (ácido 2,4,5-triclorofenoacético). Em virtude disso, podem ser encontrados traços de dioxina em herbicidas, principalmente derivados de compostos orgânicos clorados.
Além disso, quando se incinera vários materiais, pode ocorrer a formação de dioxinas e furanos, que são compostos que possuem estruturas semelhantes às das dioxinas. Isso acontece especialmente com hidrocarbonetos clorados, o que ocasiona o lançamento na atmosfera desses gases poluentes.
Outros meios de formação das dioxinas ocorrem na produção de agente desfolhante, na poluição da indústria de papel que usa o cloro como alvejante e na produção de PVC (policloreto de vinila – um polímero de adição formado pela união sucessiva de vários monômeros do cloreto de vinila ou cloreto de etenila, que possui o cloro em sua constituição. O PVC é usado para confecção de dutos e tubos rígidos para encanamentos de água e esgoto, de calças plásticas para bebês, toalhas de mesa, cortinas, cabos elétricos, pisos, brinquedos, estofamento de automóveis e forração de móveis).
Por todos esses meios, a dioxina pode poluir o meio ambiente, e o pior é que ela tem um efeito acumulativo. Isso acontece como consequência de seu amplo espalhamento no meio ambiente e também porque apesar de essa substância não se dissolver em meios aquosos, ela tem a tendência de se dissolver em gorduras, sendo lipofílica. A eliminação de materiais lipossolúveis é mais lenta que a dos hidrossolúveis e, por isso, vai ocorrendo a sua acumulação nos organismos ao longo da cadeia alimentar.
Desse modo, mais de 90% da exposição do ser humano (que está no topo da cadeia alimentar) às dioxinas está na alimentação, já que elas podem aparecer em ovos de animais, na carne de boi, de porco, de peixes e de galinha, no leite e em seus derivados. Em junho de 2009, houve uma notícia na Europa de que a carne de frango e os ovos estavam contaminados com dioxina.
Os ovos podem ser contaminados por dioxinas
Um incidente que ocorreu em Seveso, Itália, no ano de 1976, mostra o perigo desse composto. Ocorreu um vazamento gasoso proveniente de uma explosão em uma indústria química e aproximadamente 37 mil pessoas foram pulverizadas com 450 g a 1800 g de dioxina. O resultado foi que muitas pessoas e animais morreram, o solo e as plantações ficaram contaminados e muitos tiveram lesões graves na pele. Essas pessoas expostas desenvolveram cloracne e certo esgotamento físico ao longo do tempo.
Algumas pesquisas afirmam também que a dioxina pode causar câncer. Por exemplo, um estudo com animais mostrou que uma dose diária de 1 nanograma de TCDD por quilograma de massa corpórea por dia tem sido suficiente para ocasionar o surgimento de câncer.