Modismos linguísticos e o empobrecimento vocabular

Expressões chatas e vazias de sentido: os modismos linguísticos são uma tendência na língua portuguesa, provocando assim o empobrecimento vocabular.
Os modismos linguísticos provam que a língua é um mecanismo em constante movimento, contudo, é preciso cautela para não cometer exageros

Você sabia que a linguagem também pode ser uma vítima da moda? Pois é, os modismos não estão restritos à maneira de se vestir e portar, eles podem afetar também nosso comportamento linguístico. E como toda moda está sujeita a sair de cena, os modismos da fala também passam.

A linguagem está sempre em movimento e, embora prescrita nas gramáticas, está viva no cotidiano dos falantes, que a transformam de acordo com suas necessidades. Os modismos linguísticos podem ser um fator que identificam determinada geração e, com o passar do tempo, assim como roupas usuais em uma determinada década, também correm o risco de se tornarem “cafonas”. Algumas expressões cristalizam-se de tal forma que acabam caindo nas graças dos falantes, outras são banidas ou evitadas do uso corrente e, quando alguém decide resgatá-las, logo é tachado como inadequado ou velho. Selecionamos para você algumas expressões que “estão na moda”, mas que, definitivamente, não deveriam estar e, para nossa sorte, em um futuro próximo, serão apenas passado. Algumas tornam nossa linguagem chata e pedante, outras são absolutamente inexpressivas e desnecessárias:

  • A nível de: Talvez seja a expressão mais desagradável de todas. A nível de não significa absolutamente nada e geralmente é utilizado para preencher vazios vocabulares. Há ainda quem utilize a famigerada expressão com a intenção de rebuscar a linguagem, passando assim a equivocada impressão de certo nível de erudição na fala.

  • Gerundismo: O campeão dos campeões quando o assunto é modismo linguístico. Quem nunca ligou para uma empresa para resolver um problema e recebeu como resposta um sonoro “estaremos resolvendo seu problema”? Brasileiros adoram essa forma verbal que desloca o gerúndio para um tempo futuro, mas que é admitido apenas na língua inglesa. Por que não apenas “resolveremos seu problema”, no lugar de “estaremos resolvendo seu problema”? Se não altera a produção de sentido, não tem razão de existir, não é verdade?

  • Junto a: Essa expressão, que antigamente nada mais era que um advérbio de lugar, de repente virou moda, especialmente entre os jornalistas. Dizer que “O Brasil ganhou credibilidade junto à comunidade internacional” ou “o funcionário compareceu junto a seus colegas na administração da empresa” tornou-se uma construção frequente, apesar de vazia de significação.

Não pretendemos com este artigo agir como vigilantes da língua portuguesa, definindo regras sobre o que é certo ou errado. Pretendemos, contudo, alertar sobre a necessidade da adequação da linguagem, evitando assim expressões desnecessárias que não apresentam nenhum acréscimo de sentido, configurando-se, portanto, como modismos linguísticos que apenas propagam um preocupante empobrecimento vocabular. 

Publicado por Luana Castro Alves Perez
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