Governo Rodrigues Alves

Revotla da Vacina: um dos levantes que marcou as contradições do governo Rodrigues Alves.

Em 1902, o fazendeiro paulista Rodrigues Alves chegou ao cargo presidencial graças ao bem articulado funcionamento dos mecanismos políticos das oligarquias que tomavam conta do poder. Apoiado pelos partidos de Minas e São Paulo, o novo presidente aproveitou o bom momento da economia nacional para empreender uma série de obras públicas que pretendiam modernizar os grandes centros urbanos e prédios públicos do país.

O principal alvo dessas mudanças foi a cidade do Rio de Janeiro, que na época representava o poder público federal. Na época, os bairros cariocas eram tomados por uma grande leva de trabalhadores estrangeiros e ex-escravos que se amontoavam em habitações insalubres. A falta de planejamento urbano gerava graves problemas de saúde pública com a propagação de epidemias como febre-amarela, varíola e peste bubônica.


Inspirado no projeto urbanístico das modernas “boulevards” parisienses, o presidente implantou um projeto de modernização que instalou a primeira crise de seu governo. A população pobre que ocupava cortiços e casebres foi expulsa de suas habitações por meio de um violento processo de desapropriação. O chamado “bota-abaixo” que marcou esse período é considerado um dos fatores explicativos primordiais para o processo de favelização do Rio de Janeiro.

Essa primeira tensão entre a população carioca e o governo se agravou com a deflagração da Revolta da Vacina, em 1904. Nessa época, o plano de combate a epidemias criado pelo médico Osvaldo Cruz tinha o respaldo da autoritária Lei da Vacina Obrigatória, que permitia o uso de forças policias para que os programas de vacinação fossem devidamente cumpridos. Com isso, várias revoltas populares tomaram as ruas da capital brasileira.

Enquanto essas questões internas agitavam o país, o governo Rodrigues Alves teve a difícil tarefa de negociar a anexação do Acre. Antes da incorporação ao território nacional, o estado era uma região controlada pela Bolívia. Contudo, a expressiva presença de imigrantes nordestinos na região estabeleceu o processo de anexação ao Estado brasileiro. Nesse período, um grande número de imigrantes nordestinos envolvidos na exploração da borracha vivia naquela localidade.

Por intermédio das negociações feitas pelo Barão de Rio Branco, o governo brasileiro ofereceu uma indenização de dois milhões de libras esterlinas e também se comprometeu a construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré para que os bolivianos possuíssem uma via de escoamento para o oceano Atlântico. Em termos históricos, o processo de anexação do Acre marcou um dos últimos acordos que definiram os atuais limites do território brasileiro.

Nesse mesmo governo, as oligarquias sentiam os primeiros sinais da crise cafeeira devido à baixa dos preços no mercado internacional. Na época, as elites agrárias do Rio de Janeiro, Minas Gerias e São Paulo propuseram um acordo onde o governo se comprometia a arcar com a compra da produção cafeeira do país. O chamado Convênio de Taubaté foi refutado pelo presidente alegando que a medida prejudicava o erário público. Contudo, a medida foi logo adotada no governo seguinte.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

Publicado por Rainer Gonçalves Sousa
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