Zoroastrismo
Hoje em dia, muitos noticiários relatam diariamente os variados conflitos políticos e militares que se arrastam na região do Oriente Médio. Para muitos, a rivalidade entre as nações ali encontradas apresentam um mosaico cultural distinto e que, muitas vezes, parece justificar os contrastes que marcam aquele território. Contudo, esse tipo de constatação não corresponde ao grande número de influências e intercâmbios culturais desenvolvidos pelas populações que, na Antiguidade, ali viveram.
Um claro exemplo dessa questão pode ser destacado quando adentramos as práticas religiosas da civilização persa. No desenvolvimento de suas crenças, o povo persa elaborou uma religião concebida por meio das exortações pregadas pelo profeta Zoroastro (628 – 551 a.C.). Era dado início ao desenvolvimento do Zoroastrismo, religião de caráter dualista que orientava seu universo explicativo por meio da oposição entre os deuses Omuz-Mazda (Bem) e Arimã (Mal).
As doutrinas do zoroastrismo são encontradas em um livro sagrado conhecido como Zend Avesta. Entre outros pontos, essa obra ensina a negação de qualquer tipo de prática mágica, refutava a adoração de várias divindades e a realização de sacrifícios envolvendo o uso de sangue. Além disso, pregava que cada indivíduo poderia seguir um dos dois caminhos oferecidos por Mazda e Arimã. O compromisso com a verdade e o amor ao próximo garantiriam uma vida eterna no Paraíso.
Para aqueles que optavam por viver uma vida em corrupção aliada ao espírito do mal, era reservada uma vida de tormentos que seria sofrida em uma espécie de inferno. Na luta entre o bom e o mal, os persas seguidores desta religião acreditavam que um salvador chegaria à Terra com a missão de acabar com o mundo e salvar todos que seguiram fielmente os princípios do zoroastrismo. Nesse momento, todos os mortos ressuscitariam para também serem submetidos ao julgamento divino.
A expressão dessa religião persa não foi marcada pela construção de imagens, templos ou a realização de cultos que viessem a representar a supremacia de seu único deus. Para simbolizarem a figura de Mazda, os praticantes do zoroastrismo costumavam manter acesa a chama do “fogo eterno”. Na visão maniqueísta do zoroastrismo, o imperador da nação persa era considerado um representante do bem que deveria sempre buscar a vitória do bem sobre o mal.
Atravessando os séculos, o zoroastrismo ainda é praticado por algumas populações orientais do Irã e da Índia, onde são popularmente conhecidos como “parsis”. Em território iraniano, local onde originalmente a civilização persa se desenvolveu, os praticantes do zoroastrismo constituem uma minoria religiosa. Das quase 70 milhões de pessoas que vivem no Irã, mais de 99% da população se declaram adepta ao islamismo.
Segundo alguns teólogos e historiadores, as determinações desta crença persa parece visivelmente influenciar o judaísmo, que posteriormente sedimentou uma significativa parte dos ensinamentos cristãos. Dessa maneira, podemos apontar um forte indício das trocas culturais que se desenvolveram entre hebreus e persas durante a Antiguidade.
Por Rainer Sousa
Mestre em História